Ante os muros de Troia fumegantes, Pêla morte do amigo bellicoso Que o pégo marulhoso revolvendo, Brava procella Augura cheio de glória Em seus brios a victória Por cem boccas de fogo devorante, Vomita o bronze atroador e forte, O vibrado corisco, tripartido Ou subita estalando occulta mina, Que leva enfurecido ao marcio jogo Prova, ó tyranno, De heroes thesoiro, Será preciso, ó musa, que sigamos Que ao Rio Grande vamos e á Bahia, Descancemos do claro Paraíba Onde brinca favonio susurrante ; Patria feliz do impavido Negreiros, Porém em tanto Que do heroe cantando a glória, A D. Antonio Filippe Camarão, patural de Pernambuco, e seu restaurador em 1654. Dulcisono instrumento, Que de claros heroes levaste o nome Quando o cantor do Ismeno O plectro audaz vibrava; Eleva agora ao templo da memória De sacro enthusiasmo arrebatado Além da humana esfera, O argivo cisne, em metro não ouvido, Que o bravo corredor domou valente; No Pegaso, correndo o vasto campo Flores em toda a parte, E tecer-lhe depois em Dirce bella, D'entre larga espessura, Ouvindo a voz da patria, a quem opprime A tyrannia dura, Sái Viriato forte, E, clamando vingança e liberdade, Qual da Sicilia o monte pavoroso, Entre nuvens de fumo tudo abrasa; Que, aberta a porta ao carcere profundo, Vai as altas montanhas abalando. Tal Viriato, a patria defendendo, Fere, atassalha e mata. O imperio quirinal ao vêl-o geme, O Camarão potente, O bátavo em Goianna; E um dia inteiro em horrida batalha, Tanto valor não tem, constancia tanta, Quando, montado no veloz ginete, Troveja mortes, damnos mil troveja ; Patrocolo denodado, que atrevido E o bravo heroe, inda apesar dos annos, O Scipião famoso, O belga em Santo Amaro derrotando, Seu aspeito annuncia De um lado a outro qual peloiro vôa, Mais velozes não foram na Sicilia Que avassallou innumeras cidades, Nem do heroe, que de glória encheu Carthago, |