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FLORILEGIO.

Como lá foge ao vêl-o nas Tabocas
O bátavo medroso !

Como sem côr, sem vida, espavorido,
De susto cheio, no Afogado foge!
Como tresúa, navegando os mortos,
Na feia barca o sórdido Charonte !

Guararapes! abaixa o nobre cume;
O illustre Scipião lá vai subindo,
Que nunca visto lume
Da fulgurante espada vem saíndo!
Relincha o nitridor atropellado,
Sangue e fogo no freio mastigando;
Lá sôa!... lá começa
Dos peloiros o estrondo repetido.

Qual do cavallo vôa,
Qual sem cabeça corpo vai rolando,
Qual decepado braço,
Inda tremendo aperta a quente espada,
Qual sem dono ginete
Pisa e repisa galopando o campo...
Lá dá costas o belga, lá procura...
Nas densas maltas o mesquinho abrigo.

Musa!... porém já basta, descancemos
Um pouco a lyra d'oiro;
E entretanto conheça o mundo todo,
Que entre o remoto povo brazileiro
Tambem se criam peitos mais que humanos,
Que não invejam gregos, nem romanos.

Ao Me de P.

Brazilein

Que os 1

Filhas d

Á lyra

De Reb

Acceso L Como u

Eu vejo

Que aos

Tu já te No cant

Ao Mestre de Campo Francisco Rebello, natural de Pernambuco, e seu restaurador em 1654.

Brazileiros!... de novo afino a lyra,
E o numen de Patara,
Que os lisongeiros vates não inspira,
A minha mente inflamma.
Tecei-me nova corôa,
Filhas do céu, razão, ingenuidade;
Pois agora acordando
Á lyra brazileira os sons argivos,
Vou estampar o nome
De Rebello immortal na eternidade.

Já da apollinea chamma
Acceso turbilhão me desce ao peito!
Como um tropel de idéas magestosas
A mente me confunde!

Eu vejo, eu não me engano, o Delio Numen,
Que aos ouvidos me entôa altivos hymnos:
Ó Pindaro! esmorece !

Tu já tens um rival no amor da patria,
No canto, que aos heroes dá nome e vida.

FLORILEGIO.

Longe de mim o vulgo boquiaberta, Que não pode escutar os sons cadentes, Que o vate desencerra ; Longe de mim a turma aborrecida, Que á lyrica não sóbe, e que derrama Versos sem alma, e só no nome versos; Longe, socios de Mevio, e não de Elpino, Não de Filinto, Coridon e Alfeno: Meiga pompa ululante Não segue os vôos da ave do tonante.

Vem, Aonio, a meu lado ouvir meus hymnos;
Vem a prestar-me a lyra,
Que hoje tem de troar com sons divinos,
Quaes Diniz, que nos guia,
Outr'ora modulára;

Vem comigo cantar, deixa de parle
A arrufadiça Ulina.

Se devemos á patria a nossa vida,
Dêmos-lhe a nossa fama,

Dêmos vida aos heroes, que á patria a deram.

Óvós, sombras divinas,

Manes de Henrique, manes de Negreiros, As campas sacudi, erguei a frente,

Pâra escutar o cisne,

Que roubou vosso pome ás mãos do Lethes.
Exultai! novo heroe vai hombrear-vos

Sobre as azas da fama.
Teve parle comvosco nos perigos,
Vai ter comvosco seu quinhão na glória.

NATIVIDADE SALDANHA.

Qual de Roma o guerreiro, que inda joven, Emulando de Marte a valentia,

Venceu Numancia fera, Carthago derrotou, deu leis ao mundo, Foi doce á patria, horrivel ao imigo: Qual Condé, cujo nome portentoso Faz de Alcides lembrar os nobres feitos, E que, quando voava ao marcio campo, Levava no seu braço

O augurio não falivel da victória.

Rebello assim desfeito em chamma, em íra,
A toda a parte voa,

E onde assoma valor, audacia inspira.
Treme de ouvir-lhe o brado
O belga esmorecido.

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Tu, Santo Amaro, o viste, quando inerme, Provocando o inimigo,

Co'a espada trovejou raios de mortes,
E, Hercules imitando,

Rouba a vida a um Antheu co'os rijos braços.

Foge o belga medroso,

Foge á vista do heroe; porém aonde Póde escapar ao raio? O heroe o segue, Assoberbando tudo.

Nada lhe embarga os passos, nada o prende;
Chameja, espuma, brama, e os campos ta'a,
Desmorona os redutos;

E de sangue, e de glória, e pó coberto,
Entre impios ossos caros ossos piza.

BB

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Qual de Roma o guerreiro, que inda joven,
Emulando de Marte a valentia,

Venceu Numancia fera,

Carthago derrotou, deu leis ao mundo,
Foi doce á patria, horrivel ao imigo:
Qual Condé, cujo nome portentoso
Faz de Alcides lembrar os nobres feitos,
E que, quando voava ao marcio campo,
Levava no seu braço

O augurio não falivel da victória.

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Rebello assim desfeito em chamma, em íra,
A toda a parte voa,

E onde assoma valor, audacia inspira.
Treme de ouvir-lhe o brado
O belga esmorecido.

Tu, Santo Amaro, o viste, quando inerme,
Provocando o inimigo,

Co'a espada trovejou raios de mortes,
E, Hercules imitando,

Rouba a vida a um Antheu co'os rijos braços.

Foge o belga medroso,

Foge á vista do heroe; porém aonde

Póde escapar ao raio? O heroe o segue,、
Assoberbando tudo.

Nada lhe embarga os passos, nada o prende;
Chameja, espuma, brama, e os campos tala,
Desmorona os redutos;

E de sangue, e de glória, e pó coberto,
Entre impios ossos caros ossos piza.

BB

Mazurépe! já voa em teu soccorro,
Dos olhos scintillando fogo ardente,
Sedento do inimigo,

O heroe, a cuja fama é pouco o mundo.
Já!... Que horror! entre fogo, entre alarido,
Chove o bronze mortifera granada;
Cruzam lanças, a hoste se derrama..
Exulta, ó Mazurépe! O belga cede,
Ante o brazilio raio
Tudo é pó, tudo é cinza, tudo é nada

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Novo campo de glória se offerece
Ao brazileiro tigre:

Sigismundo a vingar-se lhe apparece.
Ó belga desgraçado!
Porto Calvo famoso

Por tres vezes te viu deixar-lhe o campo,
Quando Rebello forte,

Á dextra o raio, o terrorismo á frente,
Impavido assomando,

Tudo era pouco a saciar-lhe a furia.

Assim o antigo persa,
No esquadrão numeroso confiando,
Aos da Grecia guerreiros se apresenta ;
Assim Flaminio bravo
Á glória de Carthago, ao fero Annibal,
Tal em Nemêa os bravos sicilianos
A Pericles se offerecem ;
Assim nas margens ferteis do Garona
A aguia soberba foi lançada em terra.

J

C

E

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