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do interesse internacional e da simpatia universal a presença do Corpo Diplomático, a que tenho a honra de presidir, e do qual, com o maior desvanecimer.to, sou aqui o intér

prete.

Mensageiros das mais poderosas Nações do mundo, sentimo-nos felizes em tomar parte nas vossas alegrias e em nos associarmos ao vosso legitimo orgulho.

Mas, como Representante do Pontifice Romano, desejo transportar à sua origem o ideal que animou Vasco da Gama e que Portugal sempre conservou.

¿Não foi sempre êsse ideal como uma Epifània, uma manifestação de Cristo às nações da terra?

O vosso poeta Camões, a quem a Espanha fêz últimamente uma comemoração tão espontânea e tão solene, que bem. se poderia crer que ela era feita a um filho seu -Camões é grande como a Musa que desafia os séculos, e aparece belo como poucos entre a lira e a Cspada; mas bem maior é Vasco da Gama, que inflamou o ideal do Poeta e por ele mereceu ser canrado.

E bem maior é ainda o povo de Camões e de Vasco da Gama, porque é o povo que guarda no seu coração imperecível ideal que produziu os grandes poetas e OS grandes navegadores.

Quando considero OS limites da vossa Nação e quando penso nos

seus imensos descobrimentos, tenho a profunda convicção de que Portugal recebeu de Deus a missão dos antigos Patriarcas, para ser chefe de povos e de nações mais numerosas do que as areias do mar.

Não receio enganar-me, dizendo que os olhos dos meus ilustres colegas reflectem o desejo entusiasta das Nações que representam, de proclamar neste centenário as dívidas de reconhecimento e admiração do mundo inteiro para com Portugal.

Ler a vossa história é ler a história do Mundo: e em tôdas as épocas gloriosas é preciso reconhecer que o género humano vos deve as vantagens que excitam ao máximo as cubiças da Humanidade, descobrimentos de continentes desconhecidos, reunião de povos. cujo número é incalculável, riqueza e bem-estar material que excedem tôda a imaginação.

Mas a vossa glória, oh ilustre povo Português, é mais alta ainda, porque não é somente uma glória material, mas sobretudo uma glória espiritual e moral.

Nas suas numerosas expedições espalharam os Portugueses os principios da civilização e da fé. Edificando o Império do Novo Mundo sôbre os alicerces da religião e da cultura, fizeram O que Deus fêz

o primeiro homem, e o homem com os seus filhos: sêres semelhantes a Êle.

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Se êste Ano Jubilário é celebrado por tantos milhões de cristãos, devêmo-lo em grande parte à emprêsa realizada por Vasco da Gama.

Se a Exposição Missionária pôde obter um tão grande êxito e com espanto e admiração dos visitantes lhes pode apresentar os troféus ganhos na imensidade do Oriente por êsses pioneiros de Cristo que seguiram Vasco da Gama e os Portugueses, devêmo-lo também, em grande parte, àquele de quem agora se celebra o centenário.

¿Não é digno dos maiores elogios, Eminentissimo Senhor, ter mostrado o Desconhecido àqueles que nem sequer sonhavam a sua existência e que assim foram tocados pela graça de Deus C esclarecidos pela sua

luz?

A Nação Portuguesa ouviu a voz de Nosso Senhor: «lde!» E abriu O caminho aos propagandistas do Evangelho. Ouviu também outra voz: Ensinai! E então espalhou no seu caminho a verdade da vida.

Assim, muitos povos, conquistados com sacrificios generosos, foram adicionados aos rebanhos do Redentor.

Tesouro mais valioso que o ouro e a prata, porque foi por êles que Cristo tudo vendeu, quere dizer, deu todo o seu sangue.

Na alma de Vasco da Gama, encarnação da raça Portuguesa, que pode o que podem os fortes, que vè o que vêem os génios, ressoou, mais forte do que nunca, a palavra de Cristo. E ao mesmo tempo que repetia as acções do povo de Roma, repetia também aquelas outras, mais gloriosas e fecundas, dos Apóstolos, previstas e ordenadas por Jesus Cristo, quando pronunciou as palavras que se referem, pela pri

meira vez, aos povos descobertos

por Vasco da Gama: «Omnes gentes! »>>

Foram estas recordações e estas glórias que vim aqui solenizar convosco, Eminentíssimo Senhor, com o sentimento unanimemente partilhado pelos Chefes de Estado e pelas Potências, que põem assim em relêvo, neste dia do centenário, a sincera admiração dos povos.

A presença do elemento diplomático estrangeiro prova e proclama que as glórias de Portugal são as

glórias do Mundo, e que os beneficios resultantes da obra de Vasco da Gama se reflectiram em benefícios e glórias para o mundo inteiro. Mas a presença do representante do Papa, como embaixador extraordinário, acrescentando a tantas provas de alta consideração o prestígio de um trono tão antigo como a Fé de Vasco da Gama, traz a esta solenidade a autoridade moral dada por quem nunca se inclinou diante de uma obra que não merecesse a homenagem de tôda a

humanidade, e eleva a Deus uma prece fervorosa para que, assim como Vasco da Gama e o seu nome são gloriosos no Céu e na Terra, a Påtria Portuguesa receba, em recompensa, tôda a prosperidade que merece, e para que o grande ideal, sonhado pelos seus heroicos navegadores, tenha um pleno êxito para bem da Humanidade, quere dizer: no amor e no progresso, filho da fraternidade e da justiça, e de efeitos imutáveis na Paz de Cristo e no Reino do Senhor ».

SOMMAIRE DU NUMÉRO

CAMONIEN (5 e 6)

UNE LETTRE INÉDITE DE CAMÕES, présentée par le Dr. J. M. RODRIGUES, Professeur à l'Université de Lisbonne.

L

A copie, que rien n'invite à suspecter, s'intitule: «Lettre de Louis de Camões à un ami, où il lui donne des nouvelles de Lisbonne». Précieux document pour la biographie d'un auteur dout la vie est si mal connue. A la requête du Directeur de la Bibliothèque Nationale de Lisbonne, qui a fait l'acquisition du manuscrit, l'éminent professeur d'études Camoniennes de l'Université de Lisbonne dégage la signification de ce texte. I le rapporte sans hésiter à cette période ignominieuse qui suivit, pour le poète, son retour de Ceuta. C'est d'un monde fort interlope qu'il donnait des nouvelles à son ami, monde de rufians et de << dames de louage », périlleux pour sa vie et pour son honneur. Une vie de désordres forcenés va le conduire en prison (Juin 1552) et il n'en sortira que pour aller servir aux Indes. Le sonnet Erros meus, longtemps après, traduira l'amertume laissée en lui par ces années de

folie.

PEDRO, INÈS EI LA FONTAINE DES AMOURS, par Madame CAROLINA MICHAËLIS DE VASCONCELLOS, Professeur à l'Université de Coimbra.

L

AUTEUR a réuni des notes critiques éparses dans ses travaux précédents et qui touchent à la mort tragique d'Inès de Castro. C'est donc l'un des plus beaux épisodes des Lusiades (III, 118-135) dont le sujet se trouve mis en meilleure lumière. Et par suite la légende de cette Fontaine des Amours qui reste, à Coimbre, un lieu de pélerinage sentimental.

Inès a-t-elle été décapitée ou tuée à coups d'épée? exécutée ou as

sassinée ? Les chroniqueurs sont peu explicites. Pourtant un parchemin de Santa Cruz de Coimbra dit « decolata fuit». Et, s'il est vrai que la rosace du tombeau de D. Pedro, à Alcobaça, nous raconte la vie et la mort d'Inės, c'est bien par une scène de décollation que le sculpteur a représenté le drame. Sans doute, contre l'interprétation historique de la rosace a été proposée récemment une interprétation purement allégorique (Cf. LVSITANIA, fasc. 1). Mais ce n'est qu'une hypothèse. D'ailleurs c'est seulement chez Garcia de Resende qu'apparait la version de l'assassinat d'Inès, dont les ministres du roi auraient traversé la poitrine de leurs épées. Version qu'adopteront les poètes du seizième siècle, et Camões lui-même, bien que dans la stance 132 du Ch. III des Lusiades, M.e Michaëlis discerne un parti pris de concilier les deux traditions. La version de l'assassinat donnait à Inès une mort encore plus tragique, et à coup sûr plus noble. D'autre part, la tradition de la décollation était difficile à concilier avec la saisissante légende, tant exploitée par la littérature, du couronnement du cadavre d'Inès.

me

Quel fut le théâtre du drame, M. Michaëlis n'hésite pas à dire : « de la décollation»? Faria e Sousa répondait: près de la Fontaine des Amours. Mais l'érudition moderne confirme le témoignage des Chroniqueurs, qui placent la scène à l'intérieur du palais de Santa Clara. Et telle devait être la tradition vivante encore en 1527 si l'on en croit la Comedia de Gil Vicente Sobre a Devisa da Cidade de Coimbra.

L'histoire et la légende de la Fontaine des Amours commencent à se dissocier pour nous. C'est Camões qui a lié à la poétique fontaine toute la légende d'Inès de Castro, en précisant peut-être une tradition plus ancienne où se mêlaient souvenirs et symboles, mais qui n'entre dans la littérature et dans l'immortalité qu'avec les Lusiades.

POS.

CAMÕES ANNOTÉ PAR CASTILHO, par AGOSTINHO DE CAM

C

ES notes inédites ont été relevées sur un exemplaire des œuvres de Camões qui appartint à António Feliciano de Castilho et furent écrites sous sa dictée par sa fille, qui lui servait de sécrétaire. Elles se rapportent à Cent quinze sonnets de Camões. La désinvolte irrévérence avec laquelle ce délicat taille et tranche dans l'œuvre du grand créateur, pour l'accommoder aux besoins de sa Bibliothèque Classique, confère à ces notes une saveur assez piquante.

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