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Depois disto vão repousar o Gas ma, e o Çamori, que sonhou 24. oi. tavas, desde a 72 ate ao fim do Canto. Vio pois o Camori entre viva luz erguer-se do extremo Occidente huma divinal Matrona, que sobre huma nuvem voou para o Oriente, e, pousando na India , desterrou della as sombras ; tudo se lhe humilhava , e por ella crão a rrazados os Templos, e Pa. godes da Idolatria : vio abrir-se o Inferno, e abysmar todas aquellas ruim nas: vio levada a remotas partes, pelos Lusos, a Ley divina, e com ella o Mundo melhorado : vio o veneran. do Signal da Cruz, e os effeitos do immortal Baptismo na oit. 84; e na 85,

A Matrona em fim vio Mãe carinbosa
Que os Povos di Asia ternamente abraça;
E em fraterna união santa , e dilosa
Os Homens todos como Irmãos enlaça ;
Mandando soccorrer com mão piedosa
Aos que genem na fome , e na desgraça ;
Fazendo-os crer que a vida be crua guerra,
Os Ceos Patria , e degredo a Terra.

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atequi podia duvidar-se, se a divinal Matrona era Maria Santissima , porem esta oitava mostra que he a Religião: no 1.o Canto do Affonso Africano de Quebedo, he tambem a Religião que apparece em sonhos ao nosso Rei D. Affonso 5.°; mas elle não vê os seus prodigios , e o Çamori vê-os, e vê a Ressurreição, oit. 86!.. Isto ja he tanto ver , que horroriza

! ser visto por hum Idólatra; mas inda não he tudo: o Çamori na oit. 88

Sente levat-se em extase , em transporte

Pelos umbraes da sempiterna Corte.
e nas oitavas 89, e 90 vê os sagra-
dos Exercitos de hum Deos Oninipo-
tente , escuta as hymnos bem-aventu-
rados , vê os Santos; e na oit. 91,

A Matrona observou , quse accatamento
Dos Choros eternaes recebe ovante ;
D'estrellas se coroa , o Inferno insala

Entre esplendores immortaes se occulta.
o supremo adorno d'estrellas não per-
tence á Religião; d'estrellas somente

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se corôa Maria Santissima , c esta Corôa he seu particular distinctivo : R.do Epico tudo altera , e parece que lhe são estranhos todos os assumptos de que trata ! Nem contente de fa. zer ver ao Çamori o que elle não devia , nem podia ver, accrescenta na

oit. 9%,

Tal a mão do Immortal mostrava outrora
Do futuro rasgando o véo profundo
De bum Vale à vista a dominadora
Fundando Imperio universal no Mundo :
Nelle estandarte trinnfal arvora ,
E o trono abate do Peccado immundo
Quando dos. Ceos Jerusalem descia ,

E aos Ceos os muros d'alabastro erguia. e ainda mais na oit. 93 ,

Qual o Vale ficom, fica o Monarcha &c; Isto he tudo sem dúvida hum horror para o Christianismo! A hum Idóla, tra Malabar ao Çamori patenteada a Visão Beacifica, como se fosse hum dos mais escolhidos de Deos ! Hum Idólatra Malabar comparado com hum Santo Propheta , e com o maior dos

Evangelistas !... (*). Mas o horror Cresce : o Çamori vio ultimamente os Portuguezes propagando o Christianis. mo no Malabar, e na oit. 95, ulii. ma deste Canto,

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A noite ao termo occidental recia;
Abre os olhos , a scena encantadora
Se lhe produz na mente , e perpetúa ;
E da Matrona o angelico semblante

E o nova Imperio se lhe põe diante. de maneira que o Idolatra Camori não somente vio por sonhos, senão que ainda accordado vio , e se lhe perpefuarão na mente os mysterios que Deos tem patenteado a tão poucos de seus melhores Servos ! Eis aqui huma das vezes em que a Poesia tem sido criminosa ! Só a metro-manja ( que estraga todos os talentos mediocres) podia abysmar o R.d. Epico em tão irreligiosos desconcertos de phrase! E

(*) O Prophera Ezechiel na visão das Rodas, e Animaes ; e S. João Evangelista na da Nova Jerusalem.

só a magia metrica (ainda que neste Poema tão mingoada ) podia distrabic Leitores atilados do prompto conhe. cimento dos absurdos deste sonho anti-Christão.

Do Canto 11.

Durante a arenga do Gama , o grão

Diabo envia a Inveja , e a Calumnia a inemizar os Indianos com os Portu. guezes ; os Mouros excitão esta inimizade, e os Bramenes resolvem perdellos: o Camori manda consultar o Oráculo , a que o Diabo responde com hum bocadinho d'Historia Portugueza na India; e com o tal Oráculo Infernal consumio o R.40 Epice ate á oit.

o 36 ; imitando Lucano na descripção do bosque de Marselha, como se vê da .oit. 18,

Junto a Panane bavia hum denso, escuro
Antigo bosque d'arvores copadas;

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