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crever) o Estreito de Suez, de que Meca he pouco distante, e o tráfego do porto de Gidá com o Malabar: isso não imita o R. Epico, porque Deos o livre de se metter em debu xos; porem diz na oit. 38,

Mas a Celeste Guarda, que vigia
-Defende, escuda os fortes Luzitanos,
Dos Ceos baixando prompta lhe annuncia
O mal que instava, os imminentes damnos:
Fiel Ismaelita observa, espia

Os intentados, perfidos enganos;

Quanto infernal calumnia, e inveja trama
Declara ingenuo ao vigilante Gama.

diz Camões na oit. 5.o do 9.° C. da Lusiada

Mas o Governador dos Ceos, e gentes
Que para quanto tem determinado
De longe os meios dá convenientes
Por onde vem à effeito o fim fadado:
Influio piodosos accidentes

De affeição em Monçaide &c.

na 6,a

Com piedade considera

O damno, e sem-rasão que se lhe ordena
Pela maligna gente Sarracena.

e na 7.3.

Informa o canto Gama das Armadas
Que da Arábica Meca veni cad'anno &c.

Ora se isto não he 'ser plagiario, o que o será?. Vendo o Gama ique o Çamori estava seduzido pelos Bramenes, e Mouros, e convidando-o a monção favoravel, dispoé-se volta para Portugal; mas eis na oit. 44

Já fluctuantes torreões entravão Na foz da extensa, concava enseada na 45,

Era o feroz Timoja, que assustava Potente Rei de Onor o pego undioso. e na 46,

Alterosos baixeis conduz possantes
Em combate naval &c.

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o Gama

vendo-se em perigo, pede

soccorro a Deos, e na oit. 50

·Sem nuvens vê cabir do ethereo assento
Orvalho como aljofares formado;
Cobre os Lusos Heroes, e as Ndos somente
De luminosas peròlas ra sénchente.

Ora eis aqui apresentou R. Epico a Armada do Gamá como o Vello de Gedeão coberto de orvalho celeste, em quanto estava secco o campo deredor! Porem da-se batalha , e o Gama na oit. 68

Todo fogo, e vingança a vista estende
Onde be mais erúa a guerra, e mais accesa.
Como a Tancredo se offerece Argante
Assim Timoja se the põe diante.

Isto he que se chama entender de cores! Isto he que he conhecer carac teres! Aqui foi R.de Epico buscar exemplo nos Heroes da Jerusalem do Tasso, e quem achou para comparar ao Gama foi Tancredo; como se a primeira virtude do Gama devesse ser o ardor guerreiro! Se queria exemplo -do Tasso, comparasse o Gama com Goffredo; porque o Gama não devia ser arrojado como Tancredo, ou Achilles; mas sim prudente, cauto, e cons-. tante como Goffredo, ou Ulysses, por serem estas as virtudes que podião venturosamente levallo ao fim de sua em

preza, que era hum descobrimento
e não huma conquista. Na oitava 69
descreve o R.de Epico as gentilezas do
Timoja, e na 70

Qual Massilio Leão, que vem ferido
Do Mouro Caçador co‘a lança dura,
Que a cauda bate, e grenha, e enfurecido
Entre milhares o aggressor procura &c.

agora Camões na oit. 34, continuando na, 35 do 4.° Canto da Lusiada

Qual pelos outeiros

De Ceuta está o fortissimo Leão
Que cercado se vê dos Cavalleiros
Que os campos vão correr de Tetuão;
Perseguem-no co'as lanças, e elle iroso
Turbado hu pouco está,mas não medroso&c.

Tomára que me tirassem da duvida, se o R.de Epico imitou, ou acanhou esta bella imagem? Mas finalmente o Gama na oit. 71,

Aprende, o fero a conhecer a espada,
Lhe diz, parando &c.

e na 72,

Disse, e de ponta o fêre, e elle turvado Expira blasfemando aos pés do Gama. Ora isto necessariamente faz rir a quem souber o successo historico! No scu primeiro Poema Gama ja o R.do Epico deo este lindo Episodio quasi pelo mesmo theor, e foi advertido; mas não tomou a lição: pois olhe, tome agora sentido. Timoja era Pirata, e não Rei de Onor, pequena Cidade distan te de Goa 16 ou 18 legoas: quando o Gama estava espalmando a Armada em Anchediva, appareceo elle com 8 de seus pequenos Paráos, e com o intento de prear algum de nossos Navios; porem Vasco da Gama, sem largar seu posto, mandou Paulo seu Irmão, e Nicoláo Coelho varejar com a artilheria os Paráos, que se dispersárão, sendo aprezado hum delles; e este mesmo Timoja nos veio a ser de muito proveito, havendo assenta. do pazes com o nosso illustre, e infeliz Vice-Rei D. Francisco d'Almeida. Isto não obstante, da pequena re

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