de Messina; essa era a derrota de Eneas, mas não a de Jason: foi nos cackópos de Cyane, por outro nome Symplégades, no Bosphoro Thracio, ou, se o quer mais claro, são na entrada do Canal de Constantinopla. Agora eis-aqui o que diz Valerio Flac co, L. 4. T. 680 Cum super adsunt (tur Cyanec: premit umbra ratem, scopulique serunComminas: bic Funo, præcepsque ex æthere Pallas Insiliunt pariter scopulos; hunc nata coercet Hunc conjux Jovis &c. Veja-se pois, se a repressão que fazem Juno e Pallas, cada huma de seu cachôpo, tem similhança com as bellas oit. 18 ate 28 do 2.° C. da Lusiada, a que se refere a accusação do R.de Epico? Onde estão aqui nem som bras da oit. 20? Abrem caminho as ondas encurvadas da 21 ? Nos hombros de lum Tritão có gesto acceso Não sente quem a leva o doce peso De soberbo com carga tão formoza. nem da 24? Torna para detráz a Náo forçada A pezar dos que leva, que gritando Mareão velas, terve a gente irada Oleme a hum bordo e outro meneando. Pois em Apollonio não há mais parecença do que em Valerio Flacco. Mas , quem apresenta Jason na Italia, pode dizer o que quizer. do Seguem-se os rogos de Venus oit. 33 ate, 55, Episodio que tambem pertence ao Maravilhoso, e diz o R.de. Epico a pag. 63, e 64" Virgilio faz que Venus vá fallar a Jupiter pelo risco que corrião os Troyanos ; Camões faz que Venus vå fallar ao mèsmo Jupiter pelo perigo em que estavão os Portuguezes. So ba huma differença, em Virgilio vai Venus como huma Deosa, em Camões vai Ve nus como buma Prostituta, em dous Versos que nas mãos de hum Censor delicado supprimirião as Lusiadas: De modo que dalli, se só se achara Outro novo Cupido se gerára. Rindo-me da boa vontade que o R.de Epico mostra de supprimir a Lusiada, notarei que Virgilio, começando este Episodio no L. 1. da Eneida V. 232, diz somente Atque illum tales jactantem pectores curas Tristior, et lacrymis oculos suffusa nitentes Alloquitur Venus &c. De maneira que as oit. 34 ate 38, em que Camões retrata Venus, são perfeitamente originaes, e tão bellas, que per si bastarião para fazerem admirar este Episodio por todos os entendedores. Quem fez nunca huma oit. mais bella do que a 36? Os crespos fios d'ouro se espargião E finalmente, em todo este bellissimo Episodio os unicos Versos que Camões imitou de Virgilio são estes, no intervallo da falla de Venus á respos. ta de Jupiter: Olli subriden: Hominum sator, atque Deorum paraphraseados na oit. 42, E destas brandas mostras commovido, Sobre a enviatura de Mercurio, diz o R.do Epico a pag. 62 e 63 "No Con celho de Camões segue Marte o parecer de Venus, e pede a Jupiter que mande Mercurio a dispor a hospedagem dos Lusos em Melinde. Já este mesmo requerimento tinha feito Pallas na Odyssea, pedindo a Jupiter mande Mercurio a Ogygia dispor a bospedagem de Ulysses,, Ora porque fatalidade quasi nunca o R.de Epico porá as cousas no seu lugar? Porque não dirá as cousas como ellas são? A Ilha Ogygia era a propria onde Ulysses es I. tava não somente mui bem hospedado, porem muito affagado, e querido de Calypso: Minerva, e não Pallas (que, posto seja identicamente a mesma, são diversas as suas funcções segundo a Mythologia) Minerva no 1. C. da Odyssea pede a Jupiter que envie Mercurio a Ogygia, não para dispor a hospedagem, mas para ordenar a Calypso que deixe partir Ulysses; e com effeito, não no 1.° porem no 5.° C. Jupiter envia Mercurio, e, em consequencia de sua embaixada, he a propria Calypso quem ordena os apprestos para a partida de Ulysses. Então que similhança tem o Mercurio da Odyssea com o da Lusiada? Tambem o R.do Epico, a pag. 64, accusa Camões de imitar de Virgilio a enviatura de Mercurio: ja fica mostrado que Camões ás Potestades da nossa Theologia deo, por mais Poeticos, os nomes da Theologia Pagan; e consequentemente, sendo Mercurio o Mensageiro dos Deoses do Paganismo, Camões para sustentar (como sustenta sem que |