Tu, ser minha eternamente O céo ouviu nossos votos, Logo o relogio da torre Mas esta virgem quem era? Alta noite!...ella sósinha !....... Onde existe esse mosteiro, De um lado montanhas ermas! Homens, deixai meu segredo; Basta saber que eu sou d'ella, Seja onde fôr seu retiro, Seja quem fôr esta bella. Mulheres, este phantasma O meu amor e os meus cantos. ANTONIO AUGUSTO SOARES PASSO 81. O firmamento GLORIA a Deus! Eis aberto o livro immenso, Onde em mil letras de fulgor intenso Eis do seu tabernaculo corrida Estrellas, que brilhaes nessas moradas, Pullulando do seio omnipotente, E cada qual de vós um astro encerra, Um sol que apenas vejo, Monarcha d'outros mundos como a terra Esses mundos contar a que daes vida, Mas vós perto brilhaes, no fundo accesas Quem vos ha-de seguir nas profundezas E quem ha-de contar-vos nessas plagas E tudo outr’ora na mudez jazia, Nos véos do frio nada; : Reinava a noite escura; a luz do dia Elle fallou! e as sombras num momento E tudo despertou, e tudo gira Immerso em seus fulgores; E cada mundo é sonorosa lyra Cantando os seus louvores. Cantae, oh mundos que o seu braço impelle, Harpas da creação, fachos do dia, Cantae louvor universal Áquelle, Que vos sustenta e nos espaços guia ! Terra, globo que geras nas entranhas Que és tu, com teus vulcões, tuas montanhas, Tu és um grão d'areia, arrebatado E tu, homem, que és tu, ente mesquinho Buscando sem cessar abrir caminho Que és tu com teus imperios e colossos? Mas ah! tu pensas, e o girar dos orbes Tu pensas, e inspirado em Deus te absorves Alegra-te, immortal, que esse alto lume Caminha, oh rei da terra! se inda és pobre E de seculo em seculo mais nobre Eleva a Deus teu hymno; E tu, oh terra, nos floridos mantos Que a Deus se elevam de milhões d'espheras! Dizem que ja sem forças, moribunda, Oh! não, de tanto sol que te circumda Tu és joven ainda: a cada passo Mas ai! tu findarás! além scintilla Amanhã ei-lo treme, ei-lo vacilla Quem foi ? quem o apagou? foi seu alento Um dia, quem o sabe? um dia ao peso Tu cahirás nesse vulcão acceso Que teu sol denominas ; E teus irmãos tambem, esses planetas Então, oh sol, então nesse aureo throno Monarcha solitario, e em abandono, Com tua gloria finda? Tu findarás tambem, a fria morte |