O mar tambem é casado, O mar tambem tem mulher; É casado com a terra, Dá-lhe beijos quando quer.
Não ha nome de que eu goste Como o nome de Maria: Quem te pôs tão lindo nome Já meu segredo sabia.
Oh meu amor, quem te vira Trinta dias cada mês,
Sete dias, na semana,
Quem me dera ser ditoso Como o linho que fiaes!
Quem me dera esses beijinhos. no linho daes!
O anel que tu me deste, Era de vidro, quebrou-se: O amor que tu me tinhas, Era pouco e acabou-se,
Os peixes viver não podem Separados da agua fria:
Eu tambem viver não posso Sem a tua companhia.
Deixa-te estar, oh rosa, Que lá te procurarão !
Anoiteceu-me na serra, Das estrelas fiz abrigo: Abracei-me a uma penha, Pensando que era comtigo,
Tu es sol, e eu sou sombra; Qual de nós será mais firme? Tu como o sol a luzires, Eu como sombra a seguir-te?
Os tres-reis foram guiados Por uma estrela do ceo: Tambem teus olhos guiaram Meu coração para o teu.
Fazem o ceo bem composto: Assim são as bexiguinhas,
Menina, nesse teu rosto.
Tambem a folha da couve Tem a sua picardia : Guarda a gota de orvalho Para beber com de dia.
Semeei um cravo branco, Nasceu-me um cravo encarnado : Fui procurar-te innocente, Cahi comtigo em pecado.
Quem tem filhinhos pequenos Sempre lhes ha de cantar. Quantas vezes as mães cantam Com vontade de chorar!
Fui-me confessar ao Carmo, Confessei que andava amando: Deram-me por penitencia....... Que fosse continuando.
Chamaste-me trigueirinha, Eu não me escandalizei: Trigueirinha é a pimenta E vae á mesa do rei!
Coitadinho do que nasce No mundo para ser mulher Se é bonita, tem seu erro, Se é feia, ninguem a quer.
Quando eu era solteirinha, Trazia fitas e laços: Agora que sou casada
Trago os meus filhos nos braços.
Oliveira pequenina,
Que azeitonas póde dar? A filha de um homem pobre,
Que amores pode tomar ?
Ninguem descubra o seu peito Por grande que seja a dôr;
Quem o seu peito descobre. É a si mesmo traidor.
Altas torres tem teu peito, Nas mais altas já me eu vi. Não se me dá que outrem suba Escadas que eu já desci.
Candeia de quatro bicos Alumia aos quatro cantos: Mal empregada a menina Que é amada por tantos !
Eu amava-te, menina, Se não fôra um senão: Seres pia de agua benta Onde todos põe a mão.
Das lagrimas faço contas Para rezar ás escuras. Oh morte que tanto tardas! Oh vida que tanto duras!
Por te amar deixei a Deus ; Vê lá que gloria perdi : Agora vejo-me só,
Sem Deus, sem gloria, sem ti.
Já pedi a morte a Deus, Ele disse que m'a não dava, Que pedisse a salvação, Que a morte certa estava.
Embora o que Deus nos deu Caiba numa mão fechada, O pouco com Deus é muito,
O muito sem Deus é nada.
Oh vida da minha vida, Quanto tenho, tudo é teu ; Só a minha alminha não, Hei de dá-la a quem m'a deu.
No ventre da virgem-mãe. Encarnou divina graça : Entrou e saiu por ella Como o sol pela vidraça.
Tu chamas-me tua vida, Tua alma quero eu ser, Que a vida morre com o corpo E a alma eterna ha de ser!
REMANDO vão remadores Barca de grande alegria; O patrão que a guiava Filho de Deus se dizia; Anjos eram os remeiros
Que remavam á porfia ;
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