Que ainda alguns tempos virão, «Por cobrares a fazenda «Geitos em cousas pequenas, «De todo o que te hei contado Todo quasi aconteceu ; Que o que ainda não é passado Um gram cão que Franco trazia, De grande faro, entre-mentes Deu com a frauta onde jazia E trouxe-a então entre os dentes. Vendo-a Franco alvoroçou-se E foi correndo ao cão Que nos pés alevantou-se E deu-lhe a frauta na mão, E após aquillo espojou-se. Escontra Jano tornou Então Franco, assim dizendo: Não se lembra d'al em o vendo. dar; A quem a eu não posso «De cousa que muito queiras Disse Jano. «São primeiras » Lhe tornou Franco a dizer. «Canta, Franco, alguma cousa! Disse Franco: «Certamente «Quero-te cantar aquella «Lá depois da noite meia (Não sei se me enganava eu) CANTIGA «« Perdido e desterrado, «« Desconsolado de mim, E reparo do meu gado! Mas oh malaventurado ««Que conta darei eu agora Que muito ha que estou sem vida ! ««E ponham nella d'esta arte A alma está em outra parte, «Se aprouver aos longos annos «Jano esta é a cantiga, 21. E por sair de fadiga Confesso-te que o quisera. Mas se a alma e o entendimento Não morrem com o corpo, a magoa Que é tempo d'o gado ir á agua! Cantar romance POLA ribeira de um rio Tudo se fazia triste |