Pagina-afbeeldingen
PDF
ePub
[ocr errors]

4545. raw ãi: & raci böai, mi pôi vuaxõwa rabô piiônōnã, raç'ka wa, hawỡ pôi vuaxõ, kui dômö tönöni inã.

4546. pia, nami kax'kötā pia, piki, döbôa, dakako.

4547. ranūkai, rawa pôi bönörä, rawa txái itxakawa, dakak 4548. kui dômö tönönirä uxadaböa, ici tönöi, bux'ka ici, dakako. 4549. rawỡ ăină piti bawaxūna, ana piama, dakakỡ.

4550. maböx' waxuã, maböx böç'ti nôxôa, dakako.

4551. uxadacia, ici tönöi, ana piama, paxipaköi, imanapix'tatā,

mawanikiaki.

4552. kui dômö tönönirã, raw txai itxakawarā, kui dômö tönöni mawa, maiwa.

4553. ranūkãi rawỡ nabôrã ratõ möç'tê hiwöa, rani daki bônibô

kiaki.

4554. kui dômö tönöni mawakönā rawỡ nabôrā hani daki bônibôkiaki: ratêxūki kui dômö tönöni.

4545.

4546.

a sua mulher eu mutum trouxe, teu irmão cosinha para !
aquelle comer vir para, assim fez, sua irmã cosinhou,
k. d. t. deu.

a

comeu, de carn um pedacinho tirou, come, comeu, acabou,

deitado está.

4547. agora, de sua irmã o marido, seu cunhado, judiou-o (envenenou-o), deitado está.

4548. k. d. t. dormiu duas noites, dores aguenta, a cabeça doe, deitado está.

4549.

suas

mulheres comida cosinharam para elle, outra vez comeu não, deitado está.

4550. mingau fizeram para elle, mingau só bebeu, deitado está. 4551. dormiu muitas noites, dores aguenta, outra vez comeu não, amarellou lentamente, magrinho ficou, morreu. 4552. k. d. t., seu cunhado judiou-o, k. d. t. morreu, enterra

ram-no.

4553. agora suas gentes aquellas sós moram, para onde, sei-não, foram.

4554. de fumo tabaco aguentou quando morreu, suas gentes para onde sei-não foram até aqui fumaça de tabaco

aguentou.

:

Antes de poder reconstituil-a em sua lingua, T. narrou a historia do Valente da seguinte maneira :

Era um homem muito valente, que casou com uma moça. Todo dia fazia frecha, arco e cacete. A mulher todos os dias ia arrancar macaxeira. Tinha um namorado que todos os dias matava um macaco para ella, punha debaixo na cesta e por cima botava macaxeira para ninguem ver.

A mulher quando chegava em casa, botava a cesta no chão e ia dormir para sonhar. Quando acordava, chamava a mãi. Mamãi, dizia, sonhei que tinha um macaco dentro da cesta. Todo dia era assim.

Foi buscar agua, tocou flauta, para o namorado ir para o rio. O namorado sahiu, ella foi atraz. O marido ficom com raiva. De noite quando o marido ia se deitar, ella começava a gemer e dizia que estava doente.

No outro dia foi buscar agua, tocou flauta. O namorado sahiu atraz. O marido ficou com raiva, pegou um cacete e sahiu para matal-a. Foi escondido e lá adiante encontrou a mulher e o namorado, sentados ao lado um do outro. Devagarinho chegou por traz, soltou o cacete na cabeça do homem, o namorado cahiu morto.

Atirou frecha no namorado, que passou o corpo e pregou no chão. Atirou na mulher, a frecha passou o corpo e pregou no chão. Pozeram-se ambos a gritar; acabou de matal-os a cacete.

Chegou a casa, arrumou-se para ir para a terra dos irmãos. Tinha cinco irmãos. Chegou a casa, arrumou-se. Disse na despedida: Titia, não sei porque casei com sua filha. Quando eu ia para a rede, punha-se a gemer que estava doente, só queria namorar com outro homem, está estrepada lá no rio.

Sahiu. A sogra gritou para os outros homens: acudam, o valente matou minha filha. Os homens vieram gritando. O valente se escondeu no caminho para matal-os quando viessem. Ninguem veiu; sahiu, foi embora.

Chegou á casa de um irmão.

O irmão disse: meu tio, nesta terra tem um bicho que mata gente. Tem dois tocos de lenha ali; quando a gente vai tirar lenha, o bicho sai do buraco, faz tö, tö, tö, e mata a gente. O valente respondeu não faz mal, não tenha medo, eu mato o bicho.

:

Ahi o irmão e a mulher pegaram a chorar. Elle pegou o machado, sahiu e poz-se a cortar lenha. A gente toda sahiu para o terreiro, para ver o bicho. Partiu uma lasca de lenha bem comprida e botou junto. O irmão, a mulher, a gente toda espiavam chorando.

Quando estava partindo lenha, o bicho sahiu do buraco. Quando sahiu, fez tö, tuk, tuk. O bicho tinha um facão, passava no pescoço dos homens, matava. Junto do valente armou o facão, o valente saltou de banda, agarrou a lasca de lenha, matou o bicho.

O povo ficou alegre, e foram todos para lá ver o bicho morto.

Dormiu dois dias, o valente foi para a casa de outro irmão. Quando chegou perguntou o que ha de novo por aqui, meu irmão?

Ah! meu irmão, aqui mora um homem que só come figado, mata a gente para comer. Vai matar capivaras, manda a mulher cosinhar, depois convida a gente para comer capivara. A gente vai, elle manda a mulher pôr a mesa, convida para o banho. Leva um machado. Na beira do rio tem um buraco, elle manda meter a mão no buraco, a gente mete, elle corta a cabeça com o machado.

No outro dia veio o homem, convidou elle para comer capivara. O valente foi, levou um filho do irmão já rapaz. O irmão e a mulher ficaram chorando, passaram o dia chorando.

Chegaram á casa do homem que disse: preparem a mesa, vamos tomar banho, já venho.

Quando sahiram, disse: levo este machado para tirar uns pausinhos de

lenha.

Sahiram, quando chegaram á beira do rio, o homem pediu ao valente que metesse a mão no buraco. O valente meteu, olhando de banda; quando vio

levantar o machado, pulou de banda, matou o homem com o cacete. Gritou. A mulher do morto ficou alegre: Bello! vou comer figado. Quando chegaram a casa, matou tambem a mulher.

Sahiram. O rapazinho foi avisar ao pai que o tio tinha matado o homem. Quando chegou, encontrou todos chorando; pensavam que o homem tinha matado o valente.

Passados dois dias, o valente sahiu para casa do outro irmão.

Que ha de novo por aqui, meu irmão?

Meu irmão, tem um gavião grande, com um ninho naquelle pau, ás 5 horas da tarde quando os meninos estão no terreiro, pega um para levar para os filhos.

Não faz mal, eu mato elle.

No terreiro tinha um toco. O valente pintou, fez cabello, os olhos, as ventas, a boca. A's 5 horas da tarde veio o gavião; do ninho estava espiando para ver se via menino. Viu o toco, pensou que era menino, atirou-se em cima, pegou para levar. O valente soltou a frecha, matou o gavião.

Os gaviões eram dois, macho e femea. Chegou o outro gavião, sentou no tôco, pensando que era menino. O valente atirou com a frecha, matou. Depois queimou os gaviões. O valente subiu no pau, matou os filhotes, queimou tambem.

Passado dois dias, o valente foi para a casa de outro irmão.
Chegou, perguntou que ha de novo aqui?

Meu irmão, aqui naquelle pau tem um ninho de pinicapaus. Quando são quatro horas vêm pinicar os meninos no terreiro.

O valente respondeu : não faz mal, eu mato elles.

A's 4 horas o pinicapau assentou-se no pau. O sobrinho ficou debaixo, com um folha secca na mão para espantar o passarinho, que se voltou para a banda do valente. O valente matou-o. Chegou depois outro pinicapau, o menino bateu com a palha secca, elle voltou-se, o valente matou-o. No outro dia casou com uma moça muito bonita.

Depois sahiu com a mulher para a casa do, outro irmão.

Que ha de novo por aqui, meu irmão?

Ah! meu irmão, tem um macaco coatá que vem dormir aqui. Chega ás 5 horas da tarde, só sai ás 6 da manhã. Quando a gente vai atraz delle, o coatá faz a gente se perder no mato.

A's 6 horas da manhã o macaco sahiu, o valente foi atraz. O macaco foi longe, andou duzentas e cincoenta leguas, passou muitos rios, o valente sempre atraz. O irmão passou todo o dia chorando, pensando que elle se perdesse.

A's 5 horas da tarde, o macaco chegou á dormida no pau grande. O valente atirou a frecha, pegou na barriga do coatá. O macaco gritou, arrancou a frecha. O valente não fez mais nada; ás 3 horas da madrugada o macaco coatá cahiu morto. De manhã viram o macaco morto, queimaram. Passado dois dias foi para a casa de outro irmão.

Que ha de novo por aqui, meu irmão?

Ah! meu irmão, aqui tem um bicho que engole gente viva. Mora em cima de um pau grande: por baixo tem uma casinha; quando a gente está dormindo, elle desce, engele a gente. O bicho chama-se nibu, lacraia (lacrau). Tem cada braço! pega a gente para engolir.

Não faz mal; arranje um candieiro, que eu vou matar elle. Pegaram um candieiro levaram uma panela para tapar, chegaram na casinha de baixo do pau grande, accenderam o candieiro, taparam.

O marido disse á mulher: quando vier o bicho, eu cutuco você e você descubra logo a panela para allumiar.

O bicho desceu, o valente cutucou, a mulher tirou a panela mais que depressa, ficou tudo claro. O valente atirou com a frecha no peito, o bicho subiu o pau grande. Chegou em cima pegou a gemer e a vomitar, morreu.

Quando morreu um bando de lacraias novas começaram a gritar: morreu nosso pai, materam nosso pai. Quando a lacraia grande cahiu, ficou claro, tudo de die.

O valente e a mulher vieram embora. Ficaram todos alegres.

Os outros disseram : este homem é muito valente, precisamos matar elle, é damnado, mata todo o bicho feroz. Vamos matar urubú, dizemos que é mutum, elle come, fica amarello, morre.

Um foi caçar urubú, matou, cosinhou, chamou o valente para comer.
Quando chegou perguntou: o que é isto?

- E' mutum.

E' bom.

Comeu, no fim de tres dias estava amarello, pegou a ficar doente, amarello, magro, morreu.

XIV

FEITICEIROS E ESPIRITOS: T: 4555/4605, o feiticeiro e a sucury; B: 4606/4627. o feiticeiro e os porcos; T: 4628/4662, a alma e o filho perdidos; T: 4466/4676, a alma cantando como jia; T: 4677/4762, o caxinauá que bebeu huni; B: 4763/4800, os diabos: B: 4801/4850. o menino levado ao ceu pela andorinha; B: 4851/4905, o presidente; B: 4906/4927, o relampago.

4555. & miyôiai mi könönūnā.

4556. π naburā öç'kaniki, bakawái bôabôrã, raribi oxái bôabôrã. 4557. öç'kanibôki, pôikamã buxo, axa buxo, hunu buxo, hönö köxa hunibô itxai, köyôxõ.

4558. xôbô aki, köyôxō, namā bönawaxō, karô bi tāxō, tiköti

waxo.

4559. raç'ka waki, köyôxũ, iôinibôki.

4560. xana ibo ratô iôiniki: a nabo, moxô kiri nũ bakawái, matõ axa möx'tö tākawỡ.

4561. raç'ka waki, köyôtā, bari kaya, kakā ki nanöki, möxôaya, uxái köyô, maniabõ.

4555. eu conto uma historia, tu escreveres para. 4556. minhas gentes assim fizeram, pescar foram, ali mesmo dormir foram (porque a pescaria devia durar mais de um dia).

4557. assim fizeram, timbó-folha levaram, timbó-cipó levaram, timbó-fructa levaram, do rio á beira os varões ajuntaram-se, acabaram.

4558. casa fazem, acabaram, em baixo alimparam, lenha tirar foram, fogo accenderam.

4559. assim fizeram, acabaram, falaram.

4560.

o tuxáua áquelles disse: minhas gentes, amanhã nós pescamos, vosso timbó-cipó cortar ide!

4561. assim fez, acabou, sol indo está, cestas com despejaram, está escurecendo, dormiram todos, se deitaram.

« VorigeDoorgaan »