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43. Ainda nos mais apertados lances deve o homem es-
forçar-se por não quebrantar as leis, nem faltar
aos impulsos da magnanimidade...

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A Nobreza. Condemnação do orgulho

Pessoas a quem o Poder nobilitou, sem n'ellas haver
merecimento, nem motivos de justificada recom-
mendação...

169

171

179

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48. Palavras dobradas tem menos força do que a verdade

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51.

He vil a paixão do interesse; o homem deve obede

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55. Hediondez da ingratidão dos Reis para com os sub

ditos....

217

56. Os que mandão, mais devem ser brandos compa-
nheiros, do que juizes severos

225

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57. A verdadeira victoria consiste em vencer as paixões proprias, e em saber guardar inteira justiça.... 229 Fealdade da hypocrisia.

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58.

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59.

233

Os Reis fazem-se queridos, alegrando os povos com a sua presença, e mostrando-lhes prasenteiro rosto 235 60. Escolhão os Reis para seus Conselheiros os mais

experimentados

237

ESTUDO MORAL E POLITICO SOBRE OS LUSIADAS.

I.

Vereis amor da patria, não movido
De premio vil, mas alto e quasi eterno:
Que não he premio vil ser conhecido
Por um pregão do ninho meu paterno.

C 1.° E. 10.*

ESTES versos fazem parte da Dedicatoria a El-Rei D. Sebastião, a qual começa na Est. 6. e termina em a 18. do Canto 1.o dos Lusiadas.

He admiravel a nobre independencia com que o Poeta caracterisa o desinteresse que preside ao seu canto sublime! Não embocou a túba por obedecer a sordidas inspirações de recompensas vis, mas sim por illustrar o seu nome, levando-o á mais remota posteridade, por meio de bem merecida fama entre os seus compatriotas, a cuja gloria alçava um monumento eterno.

Muito embora Virgilio, Horacio, e Lucano queimem o incenso da adulação aos Cesares; muito embora o Ariosto e o Tasso se humilhem nos palacios de mesquinhos Principes, cujos nomes não viverião já na memoria dos homens, a não serem os versos immortaes dos cantores de Orlando e de Clorinda!..... o nosso Epico tem mais elevados brios, a sua alma só nutre sentimentos nobres, a sua ambição só he de engrandecer a sua

patria, de exaltar a virtude, de castigar o vicio; o galardão a que unicamente aspira he o do louvor dos seus conterraneos, he a gloria de ser conhecido

Por um pregão do ninho seu paterno.

O immortal cantor das nossas glorias seguia litteralmente o preceito: Te justum gratis esse opportet: Deves fazer o bem sem a mira na recompensa. E por isso teve a coragem de pôrse do lado da virtude, da razão, da justiça, e de erguer-se como censor dos grandes, quando não via nelles o merecimento. DeuThe Deos um talento poetico incomparavel, fadou-o com o genio, e o grande homem fez o uso mais generoso d'esses dons celestes, consagrando-os aos louvores da terra que o viu nascer, pondo unicamente o fito em grangear renome entre os seus patricios, e despresando altivo e sobranceiro as riquezas e as honras, que a adulação dos Principes e dos grandes da terra poderia grangear-lhe.

Camões não he cortesão dos Reis, não he adulador dos grandes, não transige com o vicio, não sacrifica ao interesse. Leião-se as seguintes estancias, tão ricas de inspirações virtuosas, e conhecer-se-ha que os mais severos principios de elevada moral guiárão o nosso Homero na composição do seu poema immortal:

que eu tenho já jurado

Que não no empregue, em quem o não mereça;
Nem por lisonja louve algum subido,

Sob pena de não ser agradecido:

Nem creaes Ninfas, não, que fama désse
A quem ao bem commum, e do seu Rei
Antepuzer seu proprio interesse,
Imigo da Divina e Humana Lei.
Nenhum ambicioso, que quizesse
Subir a grandes cargos, cantarei,
Só por poder com torpes exercicios
Usar mais largamente de seus vicios.

Nenhum, que use de seu poder bastante
Para servir a seu desejo feio;

E que por comprazer ao vulgo errante,
Se muda em mais figuras, que Proteio

Nem quem acha, que he justo, e que he direito
Guardar-se a lei do Rei severamente;

E não acha que he justo, e bom respeito,
Que se pague o suor da servil gente:
Nem quem sempre com pouco experto peito
Razões aprende, e cuida que he prudente
Para tratar com mão rapace, e escassa
Os trabalhos alheios, que não passa.

Aquelles só direi, que aventurárão
Por seu Deos, por seu Rei a amada vida;
Onde, perdendo-a, em fama a dilátarão,
Tão bem de suas obras merecida.

C. 7. E. 85.* A 87.*

Estes sós versos são uma eloquente lição de moral politica, que oxalá estivesse de continuo presente ao espirito dos que exercem os cargos da republica! O poeta vai stigmatisando inexoravel os que antepõem o seu proprio interesse ao bem commum,-os ambiciosos insaciaveis de poder, que lhes der largas para satisfazerem todo o genero de paixões e vicios,―os que mudão a cada instante, novos Protheus,-os ministros que pendem para o rigor, e os que são avaros na remuneração dos trabalhos do pobre povo.

He pois com sobeja razão que os eruditos editores das Obras de Camões (Edição de Hamburgo) dizem do nosso immortal Epico: «<.... não ha poeta que mais severamente reprehenda o vicio, que mais accenda nos animos o amor da patria e da virtude, nem que mais altamente os incite a emprehender grandes cousas. Nenhum descreveu melhor as partes que deve ter um bom Rei, um bom Capitão, conselheiro, ecclesiastico, ou magistrado: nenhum mostrou mais inteireza e independencia d'alma, pois, vivendo no centro da miseria, nunca, por agradar a quem` quer que fosse, atraiçoou a verdade; nem se propoz outro fim, que o de ser util aos homens e agradar a si mesmo.»

Os quatro versos- Vereis amor da patria etc.-que particularmente nos occupão neste S, encerrão, afóra o que temos dito, o formoso preceito da affeição á terra que nos vio nascer, do amor da patria.

N'essa doce affeição à terra natal, n'esse amor delicioso do ninho paterno, muito se distinguia o coração de Camões, sempre abrasado naquelle sentimento profundo e apaixonado. No

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