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e o Mercurius, todos quatro navios da Companhia que desembarcaram perto de Punta del Rei a guarnição que se rendera no forte de Nazareth, o que foi um grande erro, porque se estivessem providos de embarcações poderiam facilmente apoderar-se da ilha de Curaçáu.

Esses navios faziam tanta agua que tiveram de ser examinados e calafetados. No principio de Outubro chegou novamente uma piroga, que levou alguns indios e deu occasião a espalharem os peores boatos de grandes preparativos do inimigo; de sorte que trabalharam com diligencia nas fortificações e foi traçado um reducto no monte junto ao quartel, para ter de montar menor guarnição.

No dia 5 voltou o navio Swol, o qual encontrara no dia 12 de Julho a esquadra hespanhola, contando 17 velas junto e em frente de Cartagena e como não visse alli o yacht Otter e não achasse vantagem para elle só navegar ao longo de Jamaica para Havana e não percebendo ali navio algum, partio no dia 2 de Agosto sahindo do estreito de Bahama e voltou no dia 29 a Nieves. Seguio dalli a 4 de Setembro ao longo de S. Martinho (onde não vio navio a'gum) para Porto Rico; cruzou junto a Zacheo, Mona e Saona até o dia 22 de Outubro sem encontrar cousa alguma e a sua gente, achando-se muito atacada de escorbuto, voltou a Curaçau. No dia 10 do mez voltou o barco Swaluwe.

Referio que no terceiro dia da sua partida chegara a Bonayre, onde não encontrou sal na salina nem navios no porto; tomou portanto o rumo dalli até a Ponta Tokoy e navegou para Oeste ao longo de Coro, mas como soprasse rijo o vento não ousou entrar na bahia, e dirigio-se directamente para Arruba, onde tambem não encontrou navios, e devido ao mau tempo deixou-se ficar alli duas noites. Visitaram a Monges, mas devido ao nevoeiro não poude descobrir a entrada de Maracaybo e deixou seguir para Hispaniola, na qual descahio no dia 4 de Outubro, a 12 leguas a Oeste de Cabo de Lobos; conservou-se ahi até o dia 8 e como visse que devido a forte correnteza não podia ganhar o Leste, resolveu navegar junto da costa Norte de Hispaniola. No dia 18 fundeou em frente aos tres rios atraz de Tortuya, e tomou provisão de agua e lenha e avançou tanto bordejando que no dia 1.° de Novembro chegou acima de Hispanhola e á vista de Mona, donde veio para Curação.

Em meado desse mez o Director da Equipagem foi mandado com o bote novo para explorar a pequena Curaçáu. Achou que só tinha uma legua de comprimento e cerca de tiro e meio de mosquete de largura; na ponta Sudoeste havia bom ancoradouro com 5, 7, 11 e 12 braças d'agua para 10 ou 12 navios; na costa é mais que no meio; ao redor tem algumas figueiras bravas e no meio tem uma terra arenosa onde cresce a salsa marinha. Entrava coberta de gaivotas e segundo parece as tartarugas mantêm-se tambem alli na estação propria; não viram abundancia de peixe.

Os cavalleiros acharam no lado Oeste de Curaçáu, longe por detraz de Ascension, uma canoa tendo mais de 28 pés de comprimento e seis de largura e junto um arco e algumas frechas. Esperaram algum tempo pelos tripulantes, mas não os vendo, incendiaram a canoa e foram dar a noticia ao Di

rector, o qual, vendo bem que havia inimigo na ilha, mandou segurar a dous indios, um dos quaes declarou ter ouvido de um indio Juan Mestiso no caminho de Hato que a canoa viera com oito indios para levar para fóra mais alguns habitantes e surprehender um dos nossos, e que estava alli a 14 dias. O indio velho Juan Mestiço chegou tambem ao amanhecer e declarou juntamente com o irmão querer ficar com os nossos; que elles em companhia de outros seis (entre os quaes estava o cacique Don Pedro e o velho piloto) partiram de Comarebo a mais de 14 dias e vieram alli para levar gado para o continente; mas sendo apertado no interrogatorio confessou que vieram para levar para fóra os moradores.

O Commandeur foi mandado para procurar aquella gente, mas não os poude apanhar.

No dia 23 dirigiram-se o yacht Swaluwe e o bote com o Director de Equipagem e juntamente o Tenente com 30 fusileiros á costa do continente para espiar se estavam fundeados alguns navios no porto Coro. O Director mandou uma outra expedição para procurar os taes indios e foram encontradas umas pegadas, mas não foi possivel apanhal-os.

No dia 28 chegou o yacht de Brack o qual se fez novamente a vela no dia 5 de Dezembro com o Swol.

Nos dias 7, 8, 9 e 10 tiveram um vento constante do Oeste, o que nunca lhes acontecera antes, podendo ir d'alli com vento em popa para as ilhas Caraibas. No dia 13 voltou o Swaluwe, não tendo visto navio algum na bahia de Coro. Encontrou uma barca no Cabo de S. Roman, aonde não podendo ir com o yacht mandou até lá o bote com todos os soldados, que julgaram poder tomal-a por abordagem, mas foram recebidos por 70 ou 80 soldados que estavam lá, tendo de se retirar com a perda de dous mortos.

Em Aruba capturara uma barquinha, fazendo nella nove prisioneiros, pelos quaes souberam o seguinte sobre a expedição do inimigo contra a ilha: que em Agosto passado esperaram em Caracas seis galleões, aos quaes juntariam 300 soldados (que tinham ido para lá) para se apoderarem desta ilha; mas não chegando os galleões, daquella gente desertaram depois mais de 100 soldados; e que a dous mezes passados trataram de collocal-os em Bonayre, para que obtivessem alli meios de subsistencia, pois a escassez de viveres em toda a provincia de Venezuela era extraordinaria pela grande secca de tres annos consecutivos.

Esse barco não tivera durante aquelles quatro dias o vento de Oeste, mas sim do Norte, o que prova que aquelle vento não se estendera muito longe No dia 22 o Swaluwe foi mandado novamente para visitar um porto, chamado Puerto Cabello, situado mesmo a Leste do Golfo Triste. O fortim no monte estando prmpto, o quartel foi arrazado e o excedente da gente foi trans portado para o Ponto.

Tendo acompanhado os successos que se deram na ilha de Curaçáu e na sua visinhança até o fim do anno, vamos agora ver alguns feitos no mar e em primeiro logar a viagem do valente capitão Cornelis Cornelisz. Jol. aliás o Perna de páu, nascido em Schevelinghen,

Partio de Texel no dia 25 de Dezembro do anno passado e depois de estar na ilha de Barbados no dia 28 de Janeiro deste anno, veio ao longo da ilha Branca e Bonayre chegando a Curaçáu no dia 22, onde achou o yacht de Bracke. No dia 3 de Março partio de Curaçáu com o yacht de Brack, chegando e fundeando junto com elle no dia 6 por detraz da ilha de Vaca, onde refrescara alguns dias; deixando essa ilha no dia 11, passaram pelo cabo Tiburon e ahi encontraram o navio Domburgh com as suas tres velas. Proseguindo na expedição entrou com o Brack no porto de Santiago de Cuba; a guarda vendo que vinham tão ousadamente e cada um com uma bandeira burgonhesa hasteada julgou que fossem navios hespanhóes e mostrou-lhes o caminho. Achandose um pouco para dentro veio a bordo uma canoa com cassari, na qual se achavam dous Portuguezes, aos quaes aprisionou e navegou avante para a villa, junto á qual havia um fortim com cinco canhões; fundearam alli a distancia de um tiro de mosquete do fortim. O capitão hespanhol vinha para bordo n'uma barquinha com dous ou tres mosqueteiros, mas chegando mais perto e notando que eram hollandezes, remou para traz, mas o bote do Brack cortou-lhe a retirada e como não se quizessem render, deram-lhes do Brack cinco ou seis tiros com mosquetes e attingiram ao capitão, o qual morreu immediatamente e os outros se entregaram prisioneiros.

Dispararam uns tiros de canhão contra o fortim e remaram com os botes para sete fragatas que estavam junto ao mesmo, mas encontraram-nas vasias e encalhadas e obtiveram apenas algum tabaco e poucas vasilhas com mel. Os do fortim tambem atiraram, mas não causaram damno algum e os nossos pararam com os tiros porque tambem não produziam mal algum; á tarde mandaram perguntar ao Covernador se queria resgatar os prisioneiros, mas aquelle se recusou.

Dirigiram-se outra vez ás fragatas para atear-lhes fogo, mas atiraram tão furiosamente de terra com os mosquetes que não puderam chegar lá e se fizeram a vela para sahir.

A entrada desse porto tem a largura de dous comprimentos de navio, tres braças e meia de profundidade, fundo de firme tença, e junto ao fortim a largura é de um tiro de canhão; ha um engenho logo alem do fortim.

No dia 16 de Março chegando fóra do porto avistaram uma vela a barlavento, para a qual se dirigiram e como se escapasse n'uma enseada, mandaram o bote para lá; viram que era um barco para apanhar tartaruga e que a gente fugira, e portanto a incendiaram. No dia seguinte tomaram o rumo de Havana.

No dia 24 começaram a cruzar em frente a Havana e alguns dias depois tomaram um naviosinho com tartarugas, o qual puzeram a pique. Acharam depois disso que a corrente seguia com tanta força para Leste e o vento tão fraco que corriam o grande risco de serem levados para fóra do canal de Bahama, por cujo motivo fundearam junto ás Caios de S. Pedro, n'uma ilhota.

No dia 6 de Abril á tarde avistaram uma vela que entrou n'uma bahia entre as ilhas para a qual avançaram com o bote e vendo que era uma caça tartaruga, deixaram-na seguir. No dia seguinte navegaram tão perto em frente de Havana que podiam ver o forte, e passaram no dia 9 pelo Porto de Cavannes.

Fizeram o possivel, navegando ao longo do Cabo Sto. Antonio para ganhar o Leste, de sorte que no dia 8 de Maio chegaram cerca de Ponto Negrillo na ilha de Jamaica, onde fundearam n'uma bahia e indo á terra encontraram agua doce, laranjas e limões. No dia 13 foram novamente á terra e viram alguns Hespanhóes, que sahiram do matto e deram alguns tiros de mosquetes contra os nossos, mas o bote voltando com a gente armada, não encontrou pessoa alguma.

No dia 15 fizeram-se á vela e no dia 17 avistaram as Vivoras, que são tres ilhotas; navegaram por entre as duas orientaes e fundearam a um terço de legua de uma dellas. No dia 22 começaram a cruzar em frente e cerca de Cartagena; encontraram lá Pieter Jansz. Domburgh com o seu navio e yacht.

No dia 28 o Capitão Jol capturou uma barca carregada de milho, vinda de Tolú, encontrando nella uma caixa de assucar e passou tão perto de Cartagena que vio perfeitamente bem a cidade. Nos dias seguintes não tiveram encontro algum nem viram navios até o dia 14 de Junho, quando deram caça a dous navios, um dos quaes se escapou entrando no porto e o outro desappareceu. No dia seguinte viram quatro velas que vinham de Cartagena e se dirigiam para o seu lado; elle fo: buscar Domburgh com o seu navio e yacht na ilha Zamba, o qual levantou ferro e conservaram-se juntos toda a noite a capa. de legua

No dia 16 viram novamente os taes navios a distancia de cerca e meia; os nossos mantiveram-se ao largo, mas, como reinasse calmaria, os Hespanhóes foram se approximando del'es e ao meio dia estavam todos quatro muito perto, de sorte que os nossos abordaram a vice almiranta e puzeram-lhe abaixo o mastro do traquete e o gurupés e deixaram-no ficar assim. Nesse entretanto a almiranta tambem chegou perto, mas tendo recebido a descarga da bateria de um bordo, fugio com as duas fragatas e como escurecia detiveramse de perseguil-as.

A vice-almiranta vendo isso, haste ou uma bandeira branca, de sorte que os nossos remaram para lá, encontrando nella 150 homens, a maior parte soldados, e tiveram 12 ou 13 mortos e uns 14 feridos; levavam apenas 6 canhões. Navegaram com ella para Zamba, onde fundearam no dia seguinte e como soubessem por um Neerlandez, que estava entre os prisioneiros que em Cartagena se achavam alguns prisioneiros hollandezes, mandaram o padre ao Governador de Cartagena, pedindo que os soltasse, como elle fazia com os seus. Tirou depois os canhões e o que podia servir do navio, desembarcou toda a gente e deixou-a ir em liberdade, excepto o vice almirante Juan Moncoy Bilbao e um sargento, e depois incendiou o navio. No dia 20 á tarde voltou o padre, trazendo dous prisioneiros e juntamente alguns refrescos, gallinhas e laranjas. Fizeram-se á vela no dia seguinte e navegaram abaixo de Cartagena para ver o que havia que fazer no Golpho de Darien.

Fundearam no dia 28 junto á ilha de S. Bernardo e mandaram o bote pelas ilhotas para ver se estavam lá alguns navios. O bote voltou no dia seguinte e trouxe uma barca que transportava milho; o capitão Jol vendo que era boa, montou-lhe duas peças e guarneceu-a com 16 homens e mandou-a dar busca por entre as ilhas. Capturaram e trouxeram no dia seguinte uma

outra barca de milho e como achassem que essa fosse mais veleira do que a primeira, guardaram-na, equiparam-na e abandonaram a outra.

No dia 1.o de Julho levantaram ferro o yacht Otter e a barca tripulada. Os do yacht viram pouco depois duas velas que vinham para elle; nesse interim deu caça a uma pequena vela e capturando-a vio que era uma caça tartaruga e deixou-a seguir e percebeu á luz da lua que as outras duas eram a Almiranta de Cartagena com o seu yacht que pararam alli. No dia seguinte pela manhã chegou tão perto delles que os saudou com os canhões, mas como a Almiranta não procurasse os nossos e fosse mais veleira, poz-se fóra do alcance dos tiros, mas os nossos alcançaram-no outra vez ao meio dia e deramThe alguns tiros abaixo do nivel d'agua, de sorte que fugio com o seu yacht; á tarde voltou a barca tripulada, dera caça perto da costa a uma barca carregada com madeira, retirara a gente, e a puzera a pique. No dia 4 estando fundeado junto a Zamba avistou a esquadra hespanhola, com 17 velas, e com rumo a Cartagena, e como era mais que tempo de querenar o yacht Otter, fez o possivel para ir a Curação; chegou no dia 12 á Bahia Honda, mas o vento e a correnteza lhe eram tão contrarios que pouco avançou, e resolveu tomar o rumo de Hispaniola.

Partio da costa do continente no dia 18, descahio no dia 20 em Hispaniola, cerca da ilhota Alto Velo e vendo bem que era quasi impossivel ir mais longe para Leste, resolveu ir para traz da ilha de Vaca, onde fundeou no dia seguinte e navegou no rio salgado. Achou lá um sitio muito commodo para querenar o yacht, pois podiam encostal-o tanto á margem que se podia saltar de bordo para terra, e ahi o querenaram commodamente. Foram depois a Vlaninghs-Baye, abastecer-se d'agua e caçar na grande Hispaniola onde passaram o mez de Julho.

No dia 1. de Agosto navegaram para a ilha de Vaca, enterrando alli a canoa e fizeram-se a vela.

No dia 6 voltaram novamente á costa do continente e capturaram alli uma fragata vinda de Maicaire, carregada de cacáu, na qual havia alguns passageiros; obtiveram nessa, mais sete ou oito libras de prata e algumas pelles de Hespanha e deixaram-na seguir.

Tendo chegado no dia 8 cerca de 9 horas da manhã á Ponta de Canoa perto de Cartagena, encontraram o yacht do rei vindo da ilha Margarida, montado com 19 canhões de bronze e uns 200 homens; deram-lhe combate até o meio dia quando passando-lhes o barlavento para estibordo, o yacht foi muito damnificado e ficaram feridos tres homens. Emquanto estavam occupados em ver se havia fogo a bordo, o yacht do rei escapou-se; mas um navio menor, que estava com elle não sendo tão veleiro foi capturado pelos nossos. Perderam os nossos neste combate dous mortos e seis ou sete feridos; esse naviosinho tinha uns 60 homens, entre os quaes 10 soldados do rei e estava carregado com 1.800 couros, 4.300 libras de salsaparrilha e 4.800 de tabaco. Navegaram com elle e desembarcaram no dia 13 OS na ilha de Jamaica a Leste de Ponto Negrillo. No dia junto ao Cabo Tiburon e passaram para o yacht a carga o qual incendiaram no principio de Setembro e fizeram-se á

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do

prisioneiros

fundearam

naviosinho,

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