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nos serviços domesticos, para copeiros, etc.; os do Cabo Verde são os melhores e os mais robustos de todos e são os que custam mais caro aqui. Os productos do paiz que servem para o commercio e exportação são principalmente o assucar e a madeira de tinturaria, depois o tabaco, couros, algodão, etc. Não exporemos como é cultivada a canna e fabricado o assucar, isso viria aqui fóra de proposito. Diremos apenas que ha na Capitania 18 engenhos, dos quaes, uns são movidos a agua e outros a boi e todos estão situados no rio Parahyba, a saber ao Sul do rio: o primeiro, junto á cidade Frederika, pertencendo a Portugal, é chamado das Barreiras e tem partido que pertence propriamente ao engenho e o resto das cannas é fornecido pelos frades de S. Bento; este engenho foi confiscado pela Companhia, mas está todo desarranjado e sem poder moer.

E para que se possa comprehender bem a situação, é preciso distinguir entre os Senhores de engenho e os lavradores de cannas: um partido é um cannavial e os lavradores entregam as cannas ao engenho; do assucar que se extrahia dellas (retirado o dizimo do rei) separavam-se tres quintas partes para o senhor de engenho e o resto ficava para o lavrador. O segundo engenho é tambem movido a agua; o proprietario fugio com Albuquerque e por isso foi confiscado, mas não pode moer porque esconderam os tachos e os negros fugiram. O terceiro chama-se Sto. André, está tambem confis cado, todavia o Factor continúa moendo, devido as pretensões que tem sobre elle.

O quarto chamado Tibery, pertencendo a Jorge Homem Pinto, é tambem movido a agua e móe ainda.

O quinto é um engenho d'agua pertencendo a Portugal, e por esse motivo confiscado, mas não está moendo.

O sexto tambem um engenho d'agua pertencendo a Francisco Camelo de Valcasar, ainda móe. O setimo um engenho d'agua e está moendo, pertence a Manoel Pires Correia. O oitavo é movido a boi e pertence á viuva de Rocha e seus filhos.

O nono situado muito para o interior é movido a boi e pertencente a Antonio Valadares. Esses tres ultimos estão moendo. Ao Norte do rio ha igualmente nove engenhos: o primeiro, chamado Gargou, movido a agua, pertencendo a Jorge Lopes Brandão, fugido, e por isso confiscado; não móe porque está em parte parte arruinado. O segundo chaamdo do Meso, pertencendo a Portugal e confiscado; não móe porque está em parte arruinado. O segundo chamado Meso, pertencendo a Portugal e confiscado está um tanto desarranjado.

O terceiro, chamado Inhobi, movido a agua, pertencendo a Luiz Brandão, fugido; esse está sendo moido pelos nossos. O quarto Engenho Velho de Duarte Gomes da Silveira, engenho d'agua que móe muito; junto a um novo, mas não está promppto.

esse ha

O quinto de Antonio Pinto de Mendonça, é movido a boi. O sexto de João de Araujo de Freitas é movido a boi. O setimo de Fernando Alvares Romão é movido a boi. O oitavo de João de Souto é movido a agua.

O nono, Espirito Santo, pertencia a Manuel Pires Correia, fugido e por

isso confiscado; está fazendo-o trabalhar o conselheiro politico Ippo Eyssens. O assucar estando fabricado e encaixotado é conduzido para certos passos ou armazens situados á margem do rio Parahyba, para poder ser facilmente embarcado; ha presentemente dous, um pertencendo a Paulo de Almeida ao lado Norte do rio e o outro, que é o principal, a Manuel de Almeida. Esses passos têm privilegio, ninguem podendo ter outro perto delles. Cada caixa que é trazida alli, paga por todo o tempo que permanecer um schilling, se a marcarem, mais um e se quizerem pesar mais dous; o Senhor do passo é mestre balança juramentado. Todo o assucar qué é levado alli toma o competente registo n'um livro, assim como quando sahe de lá. Alguem levando lá algum assucar, tem um recibo do Senhor do passo, o qual elle apresenta juntamente com uma amostra aos que quizerem comprar, e tendo vendido, entrega a nota ao comprador que retira por meio della o

seu assucar.

E' quanto temos a dizer sobre este genero.

O pau brazil é incontestavelmente o segundo producto, que só dá o trabalho de procural-o e cortal-o na matta. O tabaco é pouco cultivado na capitania e assim como o algodão apenas plantam o necessario para o consumo.'

E' quanto em resumo julgamos dever dizer sobre a situação e forma da capitania da Parahyba.

Antes de proseguirmos a narração do que succedeu alli, vamos referir em poucas palavras os acontecimentos no principio deste anno de 1635 cerca do Cabo de Sto. Agostinho para não interrompermos a outra narração.

Em Janeiro os capitães Langley e Gilbert sahiram para ir buscar algumas telhas e subiram o rio em tres botes para trazel-as; tendo-as embarcado a tropa poz-se em marcha. Quando os botes desceram o rio, e passaram n'um ponto saliente, o inimigo que se postara em emboscada deu-lhes uma descarga matando a um marinheiro e ferindo alguns e pretendeu depois se apoderar dos botes. Wedda, porta insignia do capitão Gilbert, que guiava um contingente de soldados, ouvindo a descarga, correu para lá com a sua gente e atacou o inimigo, que lhe ferio cinco homens; os outros nesse interim foram em seu auxilio e o inimigo foi posto em fuga e os botes seguiram livremente. Depois disso ainda foram atacados uma vez pelo inimigo numa ponte, impedindo-lhes o transito, mas foram soccorridos pelo mesmo porta insignia que se postara de emboscada com uma pequena força no matto, e chegaram finalmente ao porto; e posto que o inimigo perseguisse por todo o caminho, não causou no entanto maior damno. No principio de Fevereiro o capitão Langley partio novamente com cerca de 120 homens uma distancia consideravel para o interior a buscar refrescos, os quaes obtiveram em abundancia. Na volta o inimigo poz-se de emboscada no caminho, por onde os nossos deviam passar, e cahio-lhe de improviso, travando-se ahi renhido combate, mas o capitão collocando a sua gente em ordem de batalha desbaratou o inimigo, morrendo dos tiros um capitão e alguns soldados. Isso é o que se passou até esse tempo no cabo de Sto. Agostinho.

Voltemos agora á Parahyba. depois que aquella cidade e os fortes adja

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centes foram tomados da maneira porque foi descripto no livro anterior e o Major Picard foi mandado com oito companhias para desalojar o governador Antonio de Albuquerque da casa de Valladares e se fosse possivel aprisional-o.

No dia 3 de Janeiro deste anno de 1635 os soldados hespanhóes que se renderam por capitulação nos fortes foram embarcados em tres navios para serem transportados para as Indias Occidentaes, a saber: no navio Elburgh (destinado a desembarcar toda a gente) 250 homens e no Katte e Phenix 50; os capitães tiveram ordem que quando passassem a ilha de Barbados e avistassem a de S. Vicente passassem todos os soldados para o Elburgh para que os desembarcasse. No dia seguinte voltou o Major Picard com as suas tropas á Parahyba: Don Antonio de Albuquerque escapara de ser aprisionado, retirando-se em tempo com a sua gente. Tomaram a Bento do Rego (tal foi a queixa que elle deu) umas sete arrobas de prata, assim como Duarte Gomes e alguns padres que procuraram a nossa amizade reclamaram alguns objectos e alfaias e ornamentos de igrejas. Restituiram a Duarte Gomes um cavallo e algumas bagatellas, mas es padres e Bento do Rego não foram attendidos. Ao voltar o Major para a Parahyba, seguiram-no immediatamente todos os indios que estiveram com Antonio de Albuquerque; veio com elles o padre Emanuel de Moraes, da ordem dos Jesuitas, o qual exercia a maior autoridade sobre todos os selvagens daquella região e passou voluntariamente para OS nossos. Os indios que vieram com as mulheres e crianças velhas e jovens á capitania da Parahyba eram 1.600 almas.

Como havemos de frequentemente fazer menção delles, é conveniente que digamos alguma cousa sobre as suas habitações, como foi referido pelo padre Manuel de Moraes e registrado curiosamente pelo Coronel Artichau; e como esses povoados estão espalhados pelas quatro capitanias do Norte, referimos particularmente que povoados (os quaes são chamados pelos Portuguezes aldeias) elles tinham em cada uma dellas daquelle tempo.

Na capitania do Rio Grande contava elle seis povoados ou aldeias. A primelra chamava-se Mopebi e a outra Parawassu, mas estavam reunidas numa só, apezar de que cada uma tribu tinha o seu capitão; o capitão de Mopebi chamado Antonic de Atayde não veio nesse tempo á Parahyba, mas mandou em seu logar Bastian Caripyra, e o capitão de Parawassu chamava-se Fran cisco Vaibitary. Essas duas aldeias estavam situadas entre Rio Grande e Cunhaú. A terceira aldeia chamava-se Igapera e o capitão Feliciano, em cujo logar se apresentou Antonio Acaivova; esse estava situado no outro lado do Rio Grande cerca de sete leguas ao Norte do forte. A quarta aldeia Pirari e o capitão Andreas Caruware, o qual se apresentou n'aquella occasião; esta está situada a duas leguas de Cunhaú. A quinta Vajana ou Goacana e o capitão Francisco Jakuima, está situada a cinco leguas de Cunhaú na direcção do Rio Grande. A sexta Itaipi e o capitão Itaischama, situada a sete leguas do forte do Rio Grande para o Oeste; nesta mora o capitão Francisco (de quem ja se fez menção algumas vezes), o qual desde algum tempo está ao nosso serviço. Na capitania da Parahyba contava seis aldeias: a primeira Juara-guaçu ou Equararaca e o seu capitão Francisco Araduy, (o qual se apresentou) é

A. B. 41-42

situado apenas a tres leguas da cidade da Parahyba, indo-se por um caminho directo, mas como se tinha de ir pelo rio, distava umas sete leguas. A segunda Jacuigh e o seu capitão João Javaraty, o qual se apresentou, estava situada a uma legua adiante da precedente. A terceira Yapoan ou Igapuan e um portugu€ z Pontal, cujo capitão Francisco Caavaraya tambem veio, está situada cerca de cinco leguas do forte do Norte da Parahyba. A quarta Tapoa ou Vrekutuwa e o capitão Francisco Goopeka, então presente, está situada a umas 10 leguas da cidade, nas cabeceiras do rio Parahyba; e é o logar onde Antonio de Val adadares tinha a sua residencia e engenho, e do qual o Major Picard expellio o Governador Don Antonio de Albuquerque. A quinta Jaocoça, a quatro leguas da cidade no caminho de Goyanna e o capitão era Diego Botelho, o qual não se apresentou porque não estivera com Antorio de Albuquerque ou porque se achasse desavindo com elle, mas mandou um seu enviado e collocou-se e a sua tribu ás nossas ordens. A sexta Pindauna e o capitão Manibassu, o qual não se apresentou: está situada a seis leguas da cidade no caminho de Goyana.

Tenho uma outra relação do mesmo Moraes, na qual apenas conta quatro aldeias na Parahyba: Pindauna, Eguararaca, Jacuigh e Igapuan. Sommandose as aldeias de ambas essas capitanias, não se obtinha mais, segundo affirmou, de 3.000 almas e não se podia contar mais de 800 guerreiros, ficando diminuido o seu numero, pela guerra com os Tapuias e com os nossos, de sorte que os de Itamaracá e Pernambuco tinham numero superior, pois podiam levantar mais de mil guerreiros.

Na capitania de Itamaracá (assim chamada pela quantidade de cascaveis que os indigenas usam trazer comsigo) contava tres aldeias : a primeira, S. João de Carrese, situada cerca de 11 leguas de Itamaracá e a duas de Goyana e o seu capitão chamava-se Gualtasar de Souza, tendo sob o seu governo cerca de 600 almas, das quaes 200 guerreiros. A segunda, Sto. André de Itapeterica, situada a oito ou nove leguas da villa de Itamaracá e a duas de Goyana; neste havia dous capitães, Joressy e Melchor Tayasicca, tendo sob o seu commando mais de 1.200 ou 1.300 almas, contando-se entre essas mais de 500 guerreiros. A terceira Tabuçurama ou Nossa Senhora da Assumpção cerca de sete leguas de Itamaracá e a cinco de Goyana; e o capitão era marco ou Maru Kuyasana, tendo sob o seu governo 600 almas e entre ellas cerca de 180 guerreiros. Essas tribus não vieram á Parahyba, mas se sujeitaram aos nossos e prometteram obediencia, quando o Coronel Artichau e o conselheiro politico Stachouwer chegassem a Goyana, como será narrado mais tarde.

Na capitania de Pernambuco contava egualmente tres aldeias: a primeira Mocuigh, chamada pelos Portuguezes S. Miguel, situada umas sete leguas da cidade de Olinda, tendo dous capitães, um da tribu dos Petiguares, chamado Antonio Philippe Camarão, intrepido guerreiro, o outro da tribu dos Tabajares, chamado Stevam ou em tupy Tebu, tendo os dous sob o seu commando 600 almas e 170 guerreiros, todos bons mosqueteiros; esses ficaram fieis aos Hespanhóes e sendo incendiada a sua aldeia (como diremos depois) fugiram com o inimigo para Serinhaem. A segunda, Caheté ou Nossa Senhora de Ipojuca, situada cerca de 12 leguas de Olinda, tem dous capitães, um cha

em o outro Topinambouto ou tupy mado Jeronymo, ou em tupy Jerona, Serénibe; tinham sob o seu commando 1.100 almas, das quaes uns 400 guerreiros. A terceira S. Miguel de Iguna, situada cerca de 20 leguas de Olinda na costa em direcção ao rio S. Francisco, tendo dous capitães, um em portuguez Manuel, em tupy Mandu da tribu dos Petiguares, o outro da tribu dos Tabaxares, chamado em portuguez João e em tupi Janni; tem sob commando cerca de 700 almas, das quaes cerca de 200 guerreiros.

O seu

Essas tres aldeias não se apresentaram, pois não precisavam dos nossos em quanto o Real e o forte junto ao Cabo de Sto. Agostinho não estivessem conquistados. Não havia mais aldeias de indios sujeitas aos Portuguezes desde o Rio Grande até o Rio S. Francisco, exceptuando umas poucas e perelação dessas alquenas, que não merecem menção. Terminamos aqui a deias, segundo a informação de Manuel de Moraes.

o yacht Gysselingh, força fora umas

Em 5 de Janeiro chegou da Barra Grande ao Recife trazendo a noticia que estava tudo tranquillo por lá; uma oito leguas pelo interior, mas nada tinha conseguido a não ser na casa do capitão Rabellinho um lasto de farinha de mandioca, a qual destruio.

Depois que os Conselheiros despacharam no dia 6 de Janeiro o yacht Windt-hondt para a Republica, para communicar a conquista da Parahyba e dos fortes adjacentes e informar sobre toda a situação do Brazil, occuparam-se chamar os habitantes na Parahyba alguns dias, como já foi referido, para que haviam fugido a virem ficar sob o nosso dominio e voltarem ás suas habitações e terras. No dia 26 de Dezembro do anno passado elles publicaram uma circular que resava o seguinte: Condições que os Senhores do Governo por parte das Nobres e Altas Potencias os Senhores Estados Geraes dos Paizes Baixos Unidos e da S. A. Serenissima o Principe de Orange e da Companhia das Indias Occidentaes offerecem a todos os habitantes da Parahyba de qualquer nação ou condição que sejam.

Em primeiro logar vos deixaremos livres o exercicio de consciencia do mesmo modo como tendes usado antes, frequentando as igrejas e praticando os sacrificios divinos, conforme os seus ritos e preceitos; não roubaremos as vossas igrejas nem deixaremos roubar, nem offenderemos as imagens nem os padres nos actos religiosos ou fora delles.

defenderemos 2. Nós vos manteremos em paz e com toda a justiça e vos em tempo de guerra contra quem vos quizer atacar ou molestar, de qualquer nação ou condição que sejam.

3. Nós vos deixaremos viver em vossas casas, terras e propriedades sem 0 dizimo, incommodo algum, devendo apenas pagar aos Surs. Governadores modo isto é, 10 por cento dos fructos e productos que recolherdes, do mesmo como pagais ao rei Philippe, e das mercadorias que embarcarem na Hollanda, pagareis os impostos e direitos que estais habituados a pagar até agora, sem que jamais lancemos sobre o povo novos tributos ou pensões nem aqui nem na Hollanda sobre as fazendas que possuis ou embarqueis, nem sobre as vossas pessoas ou familias.

4. Nós vos deixaremos conservar e possuir os citados bens, bois, cavallos

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