DE LITTERATURA PORTUGUEZA, PUBLICADAS PELA ACADEMIA REAL DAS SCIENCIAS DE LISBOA. Nifi utile eft quod facimus, ftulta eft gloria. Com licença da Real Meza da Commiffao Geral fobre o Exame, ENSAIO (*) Sobre a Filologia Portugueza por meio do Exame e Comparaçao da locuçao e estilo dos noffes mais inSignes Poetas, que florecerao no feculo XVI. POR ANTONIO DAS NEVES PEREIRA. Docemente fufpira, doce canta A Portugueza Mufa, filha, herdeira Da Grega e da Latina, que affi espanta. Ferr. Cart. liv. 2. cart. 10. PRIMEIRA PARTE Da Poefia a refpeito do exercicio das linguas. ARTICULO I Como as linguas fe augmentaō e se aperfeiçoao por meio N da Poefia. Ao ha naçao alguma tao barbara, que mais ou menos nao tenha cultivado a Poefia; e bem fabido he, que no principio entre os Gregos a unica, que fe empregava nos difcurfos públicos, e toda a vez, que fe fallava com intimativa, era a linguagem poetica; porque fóra defta a linguagem familiar, como languida e inculta, nao fe julgava affás oportuna para affumptos graves e difcurfos feguidos, e por iffo tudo o que havia de homens capazes de merecer attençao dos póvos por talento e erudiçao erao ao mesmo tempo Filofofos, Oradores, Hiftoriadores, e Poetas, ifto he, ho ་ (*) Premiado na Seffaó Pública de 12 de Maio de 1792. mens |