Pagina-afbeeldingen
PDF
ePub
[graphic][merged small][graphic][merged small]

OS LUSIADAS

CANTO DECIMO

I

Mas já o claro amador da Larissea
Adultera inclinava os animaes
Lá para o grande lago, que rodea
Temistitão, nos fins Occidentaes:
O grande ardor do Sol Favonio enfrea
Co'o sôpro, que nos tanques naturaes
Encrespa a agua serena, e despertava
Os lirios e jasmins, que a calma aggrava:

II

Quando as formosas nymphas, co'os amantes
Pela mão, já conformes e contentes,
Subiam para os passos radiantes,
E de metaes ornados reluzentes,
Mandados da Rainha, que abundantes
Mesas d'altos manjares excellentes,
Lhes tinha apparelhadas, que a fraqueza
Restaurem da cansada natureza.

III

Ali em cadeiras ricas, crystallinas,
Se assentam dous e dous, amante e dama;
N'outras, á cabeceira, d'ouro finas,

Está co'a bella deosa o claro Gama.
De iguarias suaves e divinas,

A quem não chega a Egypcia antigua fama,
Se accumulam os pratos de fulvo ouro,
Trazidos lá do Atlantico thesouro.

IV

Os vinhos odoriferos, que acima
Estão, não só do Italico Falerno,
Mas da Ambrósia, que Jove tanto estima,
Com todo o ajuntamento sempiterno,
Nos vasos, onde em vão trabalha a lima,
Crespas escumas erguem, que no interno
Coração movem subita alegria,
Saltando co'a mistura d'agua fria.

V

Mil praticas alegres se tocavam,

Risos doces, subtís e argutos ditos,

Que entre hum e outro manjar se alevantavam,

Despertando os alegres appetitos:

Musicos instrumentos não faltavam,

(Quaes no profundo reino os nús esp'ritos

Fizeram descansar da eterna pena)

C'huma voz d'huma angelica Sirena.

« VorigeDoorgaan »