BIBLIOGRAPHICO PORTUGUEZ པ་ 5 AGUIAR DE AZEVEDO (Guilherme), n. de Lisboa, aonde foi escrivão dos aggravos da Casa da Supplicação. - Estado das almas do Purgatorio, e do modo com que podem e devem ser ajudadas a sahir das suas penas... traduzido do seu original, composto pelo P. Martin da Roa, com outras obras proprias do traductor. Lisboa, na Officina de Miguel Manescal. 1701. 8.° E' livro pouco vulgar. ALÃO (Martinho Lopes de Moraes). Vid. Lopes de Moraes Alão (Martinho). ALARCÃO VESLASQUES SARMENTO (D. José), n. de Penella, no bispado de Coimbra, tendo nascido em 1728. - Collecção de genealogias reaes, em que el-rei D. João I, decimo de Portugal, se vê por cento e uma linhas genealogicas ascendente de el-rei D. José I. Lisboa, na officina de Miguel Menescal da Costa. 1751. fol. E' livro curioso e estimado para a collecção das Chronicas dos reis de Portugal. Vend. por 1$900, no leil. de Souza Guimarães; e por 2$100 no de Castro. Vid. tambem D. Antonio Caetano de Souza.` ALBUQUERQUE (Affonso de), n. de Almada, e filho natural do grande Affonso de Albuquerque; fallecido em Lisboa em 1580. -(c) Commentarios de Affonso de Albuquerque, Capitão & Governador da India, colligidos das proprias cartas que elle escrevia ao muito poderoso Rey do Manoel, & &. Lisboa, por João de Barreira, 1557. fol. 1 vol. D'esta edição, que é rara e estimada, foi mandado um exemplar á exposição de Paris, de 1867. - Segunda edição: ibi, pelo mesmo impressor, 1576. fol. peq. de IV-578 pag. - Nova edição: ibi, na Regia Officina Typographica, 1774. 8.o 4 vol. E' edição mui nitida. Das tres edições apontadas é mais estimada a segunda. D'ella se venderam dois exemplares: um no leilão de Gubian, por 65900, e outro no de Souza Guimarães, por 10,000 reis, Os da terceira edição venderam-se por 18500, Gubian, 1$750, Figueira, e 23300 Souza Guimarães. A ultima edição de 1774 ainda hoje se encontra á venda nos depositos da Imprensa Nacional, e custam os exemplares em papel a 1$200, segundo o Catalogo da mesma imprensa de 1868. ALCALÁ E HERRERA (Affonso de), nascido em Portugal, mas oriundo de Castella; f. em Lisboa, em Novembro de 1682. *Jardim anagramatico de divinas flores lusitanas, hespanholas e latinas. Lisboa, na officina Craesbeekiana, 1654. 4.o com o frontispicio gravado. E' livro pouco vulgar. Vend. por 200 reis, Souza Guimarães. -A sagrada imagem da Virgem do Pilar; impresso em 1678 4. Novo modo, curioso tratado e artificio de escrever com uma vogal sómente. Parte 1.a e 2.3. Lisboa, 1679. 8.° -Varios affectos de amor em cinco novellas exemplares. Lisboa, 1641. 8.° peq. Este ultimo é escripto em castelhano. Todos estes tratados são hoje pouco vulgares, e não sei se de merecimento. ALCIPE. Vid. Almeida Portugal Lorena e Lencastre (D. Leonor de). ALCOBAÇA (Fr. Bernardo de), natural da terra do seu appellido e Monge Cisterciense; f. cm 1748. Traduziu : *(c) Vita Christi, traduzida do latim de Lodolpho de Saxonia, em portuguez, impressa em Lisboa em 1495, por Nicolão de Saxonia e Valentim de Moravia, por mandado d'el-rei D. João II, e da rainha D. Leonor, sua mulher; tendo sido mandada traduzir pelo Abbade de Alcobaça D. Estevão de Aguiar, a instancia da Infanta D. Izabel, Duqueza de Coimbra, e senhora de Monte-Mór, e revista pelos padres de S. Francisco de Enxabregas. E' dividida em quatro partes, cada uma das quaes em volume separado, no formato de in-fol. maximo, com uma estampa de Christo crucificado, logo no principio de cada volume. Eis como esta obra veneranda e monumental se acha descripta em o 8. vol. das Memorias de Litteratura Portugueza, publicadas pela Acad. R. das Sciencias de Lisboa, que por achar esta descripção mui fiel e conforme com o exemplar existente na Bibliotheca Publica do Porto, a transcrevo na integra «Demos particular informação d'esta obra por ser não só rara, mas uma das mais famosas, que produzio a Typografia Portugueza n'aquella idade. Foi este Livro escrito originalmente em Latim pelo Mestre Ludolfo de Saxonia, Prior do Mosteiro de Argentina, da Ordem da Cartuxa, com o titulo de Meditações da Vida de Christo, e foi traduzida em Linguagem por Fr. Bernardo de Alcobaça, douto e pio Monge Cisteriense, Abbade do Mosteiro de S. Paulo em 1445 (a). Elle entrou n'este Santo (a) Do proprio original, que se conservava no Mosteiro de Alcobaça, consta que Fr. Bernardo fôra o Traductor, porque diz no fim: Aqueste Libro mandou tresladar á honra de Jhesu Christo ao mui indigno e pobre de virtudes Fr. Bernardo Monge do Mosteiro de S. Paulo <anno de 1445. O Abbade D. Estevão de Aguiar, que mo mandou fazer se finou: no anno do Senhor 1446. Idibus Eebruari en dia de Septuagesima. trabalho por mandado do Abbade de Alcobaça D. Estevão de Aguiar, e á instancia da Senhora Infanta D. Isabel, Duqueza de Coimbra, e Senhora de Montemór, que muito desejava vêr esta obra trasladada de Latim a Portuguez, havendo por ella a mesma affeição, que teve Fernando, e Isabel, para a mandarem traduzir em Castelhano por Fr. Ambrosio Montesino. Contém a vida de Christo segundo a ordem da Historia Evangelica, em que se expõe, c illustra o Sagrado texto, com a explicação doutrinal é nos lugares, que d'ella necessitam, tirada dos Santos Doutores, rematando cada Capitulo com uma devota Oração, ou jaculatoria. Passados cincoenta annos imprimiu-se esta traducção em quatro grandes tomos de folha. O primeiro tomo tem no alto do frontispicio as armas reaes de uma parte, è da outra as da rainha D. Leonor, e por baixo o titulo seguinte: A primeira parte do livro de Vita Christi No reverso vem uma estampa com a Imagem de Christo Crucificado,e com as da Santa Virgem, e de S. João Evangelista, e por baixo uma tarja com varias figuras de joelhos, e assim vem nos outros tomos. Consta esta primeira parte de 61 Capitulos, nos quaes se contem a Historia de Jesu Christo, desde a sua geração, e nascimento, até o anno 31 da sua vida, e tem 186 folhas. Traz no principio huma Epistola Proemial, dirigida pelos Imprimidores ao Senhor Rei D. João 1, e depois o Proemio, ou Prologo feito sobre todo o Livro por Ludolfo Carthusiano: segue-se a obra que principia por esta rubrica geral : Começase o livro da vida de Jhesu Christo nom aquelle que se No fim do volume vem duas tarjas, uma que contém a divisa do Senhor Rei D. João 1, que he um Pelicano ferindo o peito para alimentar seus filhos, com a letra pola Ley e pola grey; e outra com divisa, que não podemos decifrar ao certo. Segue-se a subscripção seguinte: Acabase o primeyro liuro intitulado de vida de Christo em lin- do e da muy esclarecida Raynha dona Lyanor sua molher. A Consta de 61 Capitulos. Segue-se o segundo tomo, que tem no alto do rosto as mesmas armas que o primeiro, e este titulo: A segunda parte do liuro de Vita Christi Foi impresso no mesmo anno, reinando ainda o Senhor Rei D. João n; principia d'esta maneira : Começase o Liuro segundo intitulado de Vida de Christo em Consta de 31 capitulos, e tem 88 folhas, e termina quasi com a mesma subscripção, que a primeira parte, datando a impressão dos 14 dias de Agosto do mesmo anno. Tem depois a taboada das rubricas dos Capitulos, e no fim d'ella as duas tarjas, que o primeiro tomo traz antes da sub scripção: Segue-se o terceiro tomo d'esta obra, que se intitula : A terceira parte do Liuro de Vita Christi A qual principia por esta Rubrica geral: Aqui se começa o liuro terceyro intitullado vida de Christo se. Consta de 50 Capitulos, e tem 124 folhas e vem no fim do Livro a taboa das Rubricas de todos elles. Seguem-se depois as duas Tarjas de que já fizemos menção, e depois d'ellas a subscripção, que é quasi a mesma, que a dos dois primeiros Livros, e d'ella consta que foi impressa no mesmo anno de 1495, a 20 dias de Novembro, reinando já o Senhor Rei D. Manoel; no fim de tudo vem a tarja do remate, como se acha na primeira e segunda parte; depois uma tarja com um menino no meio, e logo a taboada das rubricas dos Capitulos. Segue-se o quarto tomo, que tem por titulo : A quarta parte do Liuro de Vita Christi Cuja rubrica geral é a seguinte: Aqui se começão os Capitollos daquesta postumeira parte do Consta de 39 Capitulos, e tem 185 folhas, e traz no fim a taboada das suas rubricas, seguem-se as duas tarjas, e depois a subscripção, que é quasi a mesma que as outras, e d'ella se vê, que esta quarta parte se acabou de imprimir no mesmo anno de 1495, a 14 dias de Maio, e por conseguinte antes de se concluir a impressão da terceira; vem depois a tarja, que arremata o Livro á maneira dos outros. »> Desta grande e rara preciosidade, tem um bellissimo exemplar, em perfeito estado de conservação, a Bibliotheca publica d'esta cidade do Porto. Consta das Mem. de Litt. da Acad. R. das Sciencias de Lisboa, tom. 8. Parte 1., impresso em 1812 que da Vita Christi em portuguez, existiam então (em 1812) os seguintes exemplares:-O da Real Bibliotheca da Côrte, que foi da livraria dos Clerigos Regulares da Divina Providencia; o da Bibliotheca do Convento de S. Francisco da Cidade; o do Real Mosteiro de S. Vicente de Fóra; o do Marquez d'Alorna; o da Bibliotheca do bispo de Beja; o do Convento das freiras d'Arouca; o das de Lorvão, e o do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, que só tinha a 1.a 2. e 4. parte em 3 volumes. O original da traducção existia na Bibliotheca d'Alcobaça, em pergaminho dividido em quatro partes, o qual é escripto, parte pelo mesmo Fr. Bernardo de Alcobaça, e parte por Fr. Nicolao Vieira. O Livro da Vita Christi em portuguez, conforme, fica descripto, é muito estimado, e os exemplares completos, rarissimos. É como que o monumento inaugural e veneravel do estabelecimento da Typographia em Portugal. O exemplar mandado de Lisboa á Exposição de Paris, de 1867, foi ahi devidamente apreciado, pelos entendedores, e amadores das raridades paleotipicas. Não me consta da venda de algum exemplar completo; mas dizem os entendedores de raridades bibliographicas que poderão valer os 4 vol., quando bem tractados, de 400 3000 a 8003000 reis. Bibliothecas ha, e livrarias particulares, abundantissimas e ricas em preciosidades bibliographicas, que não possuem a Vita Christi completa nem troncada; e é para lamentar que se não tenha reimpresso ao menos ama yez, conforme à primeira edição. É verdade que algures encontrei escripto que, d'esta obra em portuguez se fizera segunda edição, em 1554, no formato de 4.0 gr., mas não consta aonde exista algum exemplar de tal edição. Se é certo pois que se reimprimiu, os exemplares são então ainda mais raros do que os da primeira edição de 1495. A Vita Christi de Ludolpho de Saxonia, foi tambem traduzida em francez, e em castelhano, as quaes versões sahiram impressas muito proximo á epocha da nossa edição de 1495. A versão hespanhola é de Fr. Ambrosio Montesino, da Ordem dos Menores, como fica dito acima. Desta traducção castelhana tem a Bibliotheca Publica do Porto um exemplar; é dividida em quatro partes ou volumes no formato de in 4.° gr. letra goth. impressa em Sevilha, em casa de João Cromberger, em 1551. Esta è já a segunda edição. Conjecturo que é esta edição em castelhano a julgada segunda portugueza de que acima se fallou. A respeito de Fr. Bernardo d'Alcobaça e da sua traducção de Vita Christi, e mais obras, vid. Hist. Chronologica e Critica de Alcobaça a pag. 77, por Fr. Fortunato de S. Boaventura. No tomo 1.o de ineditos portuguezes dos seculos 14.° e 15.°, traduzidos por Monges Cistercienses, e dados á luz por Fr. Fortunato de S. |