REVISTA TRIMENSAL DO INSTITUTO HISTORICO Geographico e Ethnographico do Brasil FUNDADO NO RIO DE JANEIRO DEBAIXO DA IMMEDIATA PROTECÇÃO DE S. M. I. 0 Sr. D. Pedro II TOMO XXXIII Parte primeira Hoc facit, ut longos durent bene gesta per annos REVISTA TRIMENSAL DO INSTITUTO HISTORICO GEOGRAPHICO E ETHNOGRAPHICO DO BRASIL 10 TRIMESTRE DE 1870 NOBILIARCHIA PAULISTANA GENEALOGIA DAS PRINCIPAES FAMILIAS DE S. PAULO Colligidas pelas infatigaveis diligencias do distincto paulista PEDRO TAQUES DE ALMEIDA PAES LEME (Continuado da pag. 261, 2o trimestre do lomo xxx parte primeira) CAPITULO III 1-3. Lourenço Castanho Taques, casou com D. Maria de Lara, filha de D.Diogo de Lara,e de sua mulher D. Magdalena Fernandes de Moraes Feijó (em titulo de Laras § 4o) na matriz de S.Paulo a 24 de Novembro de 1631. Este paulista se conservou sempre na patria, sem que o infeliz successo de seu irmão Pedro Taques, morto a falsa fé por Fernando de Camargo (cap. I), o abrigasse a seguir a mudança, que fizeram outros irmãos, porque o seu grande respeito, e força de armas o promptificava para pôr em cerco aos inimigos do partido contrario. Teve assento na mesma fazenda da Ribeira do Ypiranga, que tinha sido de seu pai Pedro Taques. Não lhe foi adversa a fortuna nos cabedaes, com que se fez opulento para conservar o respeito e o tratamento de pessoa potentada. Nas occasiões do real serviço sempre deu acreditadas mostras de honrado vassallo com liberal despeza da propria fazenda. Assim o praticou quando Salvador Corrêa de Sá e Benavides passou a S. Paulo feito administrador geral das minas de ouro e prata no anno de 1659 com o governo das tres capitanias do Espirito-Santo, Rio de Janeiro e S. Vicente e S. Paulo (camara de S. Paulo liv. n. 4o, titulo 1658 a fls. 62 a 64), por ordem de el-rei D. João IV, datada em Lisboa a 7 de Junho de 1644 (archivo da camara de S. Paulo liv. de registros capa de couro de veado, n. 2, titulo 1642 a fl. 60 e seg.) e, se dilatou pela capitania do Espirito-Santo, para onde passou primeiro a tratar do descobrimento das esmeraldas, tendo Lourenço Castanho a incomparavel honra de receber uma carta do monarcha firmada do seu real pulso, em que The recommendava désse ajuda e favor ao administrador e governador Salvador Corrêa de Sá e Benavides para ter effeito a diligencia, a que era enviado (1). Assim o fez; e conservando-se em S. Paulo até 1661 o dito governador e administrador geral dando execução ás diligencias, de que fôra encarregado, obraram os officiaes da camara do Rio de Janeiro e povo d'aquella cidade em 1660 um attentado contra as pessoas de Thomé Corrêa de Alvarenga, governador da praça, do sargento-mór Martim Corrêa Vasques, do provedor da fazenda real, Pedro de Sousa Pereira, prendendo a todos em uma fortaleza, e os depuzeram do governo, negando tambem inteiramente a obediencia ao governadorgeral Salvador Corrêa de Sá. Este em S. Paulo se achava quando chegaram as noticias do insulto; e muito mais quando os mesmos officiaes da camara escreveram aos da de S. Paulo uma carta, de que abaixo daremos uma fiel cópia para instrucção d'este attentado. Logo se dispôz o go (1) Secretaria do conselho ultramarino, no livro das cartas de el-rei D. João IV. |