Matou-a a walsa? Quem sabe ! Antes que a festa se acabe, Talvez que uma flor desabe Do tronco... murcha talvez !
E dura a festa! E na festa Todos lhe chamam rainha. E o calor das salas cresta Alva rosa que definha!
E a dura festa! E da balça Alegre rouxinol canta; E a virgem, doida, na walsa Inda move a leve planta!
E dura a festa! E os lumes Accesos brilham nas salas, Que de invejosos ciumes Transluzem por entre galas!
E' findo o baile. Sepulchral silencio Reina nas salas, onde ha pouca a dança Do bosque os eccos accordava ao longe! E' finda o baile. Que de murchas flores O chão alastram dos salões doirados, Onde inda ha pouca vecejavam bellas E vivas de mil côres! Que de rosas N'um frenetico baile se não murcham!
Que enganosas esp'ranças não acabam Ao acabar um baile, onde o delirio
Viva luz da razão tolhe aos sentidos! E Ella!... Aonde esta? Que é feito d'Ella? Quem do baile á saída emfim aguarda ?
Que nas trevas da noite se alevanta, Como termo final aos sonhos vagos Que a donzella sonhou no baile ardente, Entre os aromas que recende o lyrio, E os protestos d'amor que o peito escaldam! E' findo o baile. Sepulchral silencio Reina nas salas, onde ha pouca a dança Do bosque os eccos accordava o longae,
Depois ja morta desbotada e fria, Li-lhe nas faces um palor funereo : A walsa doida que seus passos guia Conduz d'um baile para o cemiterio !
Alli, á sombra de copado arbusto Dorme a donzella, que na walsa expira, Como um som triste, mas solemne e augusto, D'um canto ameno que expirou na lyra!
Alli não podem festivais clamores Jamais da campa desperta-la á vida, Nem tristes eccos de fieis amores Ouvi-la em troca soluçar sentida !
Vi-a n'um baile pela vez primeira. Alvas roupagens a donzella veste; Pallida fronte, que sorri fagueira, Cinge zeloso sepulchral cypreste !
No pó das salas, coitada, Achei a rosa perdida, A bella rosa incarnada Que aos salões fôra trasida: Alli, no chão esquecida, A pobre rosa singella Só lastimava o despreso Da descuidada donzella, Que pelo brilho das salas Trocára os perfumes della! Tive dó da flor mimosa, Quiz-lhe dar alento e vida, Mas a pobre flor perdida Não voltou mais à ser rosa. Pois cerquei-a de cuidados; Tratei-a com mil amores; Mas, ou eu não entendia De como se tratam flores, Ou se cuida-las sabia, Não pude salvar aquella Que aos salões fôra trasida, Para, por mãos de donzella, Nas salas ficar perdida.
Já sêcca, já desbotada, A' rosa chamei-lhe minha. Se por momentos rainha Brilhára no peito d'Ella, Quiz, depois de abandonada, Dar á pobre flor mimosa Os conselhos que eu daria Nas salas a toda a rosa. << Donzella que inspira amores, Deve ter toda a cautella Em não os deixar perdidos Como deixa as outras flores; Porque amores esquecidos Pela donzella orgulhosa, Ninguem procura salva-los Como eu quiz salvar a rosa, Que aos salões fôra trasida, Para, por mãos de donzella, Nas salas ficar perdida ! »
A EXCELLENTISSIMA SENHORA CONDESSA
La felicidad no exist, La gloria es una mentira, Mas solo la gloria inspira Hazanãs de gran valor. La dicha es la incertidumbra En que estriba la esperanza, Y porque nunca se alcanza Damos tras ella en correr.
Que saudades tão fundas se arreigam Aqui dentro do peito ao soldado, Quando á voz do tambor deixa a terra Onde a vida passou descuidado!
Que saudades! Dize-las soubera O soldado, correndo á batalha, Quando em vez dos carinhos maternos, Vê a vida trocada em mortalha !
Mas a morte soffrêra-a gostoso, Se não fosse no peito a saudade, Que lhe diz, que na terra que é sua Para sempre deixou a amisade.
« VorigeDoorgaan » |