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"A fragata Ingleza Hypericon, está ao ponto de dar á véla, sem levar dinheiro; porque aqui o nao ha, nem o haverá por longo tempo. A escassez da prata he tal como nunca dantes se vio.

O commercio, e o lavor das minas; o trabalho da agricultura, tudo está suspendido. As communicaçoens estao todas interceptadas, as povoaçoens e os thesouros saqueados; de facto tudo he confusao e desordem. Varias familias tem ja feito preparativos para emigrarem, e todas o fariam se tivessem meios para isso. A insurrecçao no centro do reyno continûa, como sempre com a unica differença, que os insurgentes ja naõ saõ derrotados como éram d'antes; e as provincias de Puebla, e Oaxaca, tem ja começado a produzir numerosas partidas. Toda a costa do sul está em completa insurrei çao, debaixo da direcçaõ de Moleros; de maneira que o navio, que veio de Manilla, naõ pôde entrar em Acapulco.-Esperam-se anxiosamente as tropas de Hespanha, mas na minha opiniao ellas so servirao de augmentar a carnagem, que tem ja destruido 20.000 entes humanos."

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Ao ler isto nao póde deixar de convir-se, que as nossas conjecturas, a respeito da sorte futura destas colonias, éram bem fundadas. Quando no centro de uma naçao se levanta um corpo de amotinadores e de rebeldes, capitaneados por alguns malvados, ou ambiciosos; a conducta que tem de seguir o Governo, he marchar contra elles em força armada, destruir os cabeças, e cortar assim as fontes da desordem. Mas quando a insurrecçao he tao geral, como em toda a America, quando se alegam, em partes taõ distantes umas das outras, como o sao Buenos-Ayres, Peru, Caracas, Mexico, os mesmos motivos de queixa que pode fazer um Governo com mandar contra os revoltosos um corpo de tropas ? Dirá alguem, que a Hespanha está em estado de mandar á America, um exercito capaz de a reduzir toda ella á sugeiçaõ pela força d'Armas? Aquelles que disculpam este modo de proceder chamando á revoluçaõ da America obrá de um pequeno partido de revoltosos, enganam-se a si mesmos, e sáo victimas desse engano. O fermento da revoluçao da America nao pode ser mais geral, Haverá sem duvida muitas pessoas, que desejem continuar na antiga illimitada sugeiçaõ á Hespanha; mas a proporçaõ destes he infinitamente pequena, como vao provando os resultados. He este, portanto, um dos pontos, em que nos parece, que as cortes deveriam intervir com o executivo; e adoptar de uma vez um plano geral, que sirva pelo menos de tirar partido de um mal, que nao está no.poder da Hespanha o evitar.

O outro ponto interessantissimo, que ha a determinar na Hespanha, e que depende inteiramente do Executivo, he a conducta da guerra. O exercito Hespanhol juncto a Valencia foi derrotado, general Blake recolheo-se á cidade, a qual geralmente se pensa, que nao resistirá muitos dias a Suchet. Nós nao desejamos imputar ésta desgraça, nem á Regencia de Hespanka, nem ao general, que foi mal succedido, e muito menos ao valor das tropas Hespanholas; porque o que fazem as guerrilhas por toda a parte; pôem a galhardia dos Hespanhoes alem de toda a duvida; porém quando observamos uma continuada serie de desastres ; a perca de tantas cidades, e fortalezas de importancia, e que nunca se retomam aos Franceze praças de que elles uma vez se apoderam; temos o direito de concluir; que o plano, que se vai seguindo na guerra de Hespanha, he errado porque seguramente se continuar assim nao he difficil de predizer resultado final.

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As Cortes tem declarado, que a ley Salica nao ha de observar-se na Hespanha ; ésta resoluçao parece, que abre a porta á successad da Senhora Princeza do Brazil; e seus filhos; nesse caso, apparece a probabilidade, de se unirem outra vez em uma mesma pessoa as coroas de Hespanha e Portugal.

INGLATERRA.

Haviamos, no nosso No. passado, dado conta dos progressos das armas Inglesas, ua conquista de Java, agóra apresentamos aos nossos leitores a noticia official, do rendimento do resto das forças Francezas, que existiam naquella ilha.

"Downing-street, 19 de Janeiro 1812. "My Lonn-Tenho a satisfacçaõ de vos informar, que recebi ésta tarde officios do Governador Farquhar, datados de Port Louis, nas Mauricias, 22 de Outubro, incluindo-me copias de cartas do MuitoHonrado Lord Minto, e Tenente General Sir Samuel Achmuty, em que se contem a informaçaõ de que, em consequencia de ulteriores operaçoens das tropas Britannicas, sob o Tenente-General; o Génerai Jansen, e o resto das forças Francezas na ilha de Java, tinha capitulado aos 17 de Septembro; e que por um tractado assignad VOL. VIII. No. 44.

no mesmo dia, todo o paiz a leste de Samarang (até entaỡ naõ sugeito ás armas Britannicas) se tinha rendido a S. M.

"Tenho a honra de ser, &c.

(Assignado)

"Ao Muito Honrado Lord Mayor, &c."

"LIVERPOOL."

Talvez alguem julgasse, que os numerosos corpos de tropas, que a Inglatera tem mandado para fóra, tivessem diminuido a populaçaō. Para mostrar-mos a influencia das leys Inglezas em promover a populaçao, com a efficaz protecçaõ das propriedades, e pessoas dos cidadaõs, damos aqui a seguinte conta.

Estado comparativo da populaçaõ da Gram Bretanha, nos annos de 1801, e 1811; mandado imprimir pela Casa dos Communs aos 17 de Janeiro de 1812:

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Por varias vezes temos referido os auxilios, que da Inglaterra se tem mandado para a Peninsula; e naõ julgamos desnecessario, o inserir aqui a seguinte conta, que se publicou em Londres, ha poucos dias.

O armamento, e muniçoens, que se tem embarcado do arsenal da Torre, em Londres, para a Hespanha e Portugal, até o dia 31 de Dezembro, he o seguinte.

Para Hespanha, 337.000 espignardas: 4.600 carabinas: 8.600 pistolas: 101,000 armamentos de infanteria: 50.000.000 de cartuchos: 8.500.000 ballas de chumbo: 35,900 barris de polvora:

Para Portugal, 434.000 espingardas: 600 carabinas: 21.200 espingardas de caçadores (rifles): 6.900 pistolas: 50.000 armamentos: 18.607.000 cartuchos com baia: 60.000 balas de chumbo: 3.000 barris de polvora.

PORTUGAL.

Administraçao da Justiça.

A p. 73 publicamos a sentença que se proferio em Lisboa contra o Marquez de Loulé, e Conde de S. Miguel, que se acham militando com os Francezes. Mandou-se imprimir essa sentença em Lisboa ; e portanto nos julgamos tambem authorizados a augmentar-lhe a circulaçao inserindo-a no nosso periodico. Mas nao podemos achar a razao por que as sentenças em que foram absolvidos outros nobres, que se processáram em Lisboa, pelo mesmo crime de servir com os Francezes, nao fossem tambem publicas.

Uns dos que seguem o partido Francez, contra a casa reynante em Portugal, fazem-no de sua propria vontade, e por seu gosto; outros violentados, e inteiramente levados da força superior o inimigo, a que he inutil resistir. Admittida ésta distincçaõ nada deve admirar, que d'entre os que andam fazendo a guerra com os Francezes uns sêjam julgados traidores ao Soberano, e á Patria, e como taes lhes tirem as honras, eos bens que nella gozávam; e outros sejam declarados inocentes, e até dignos de commiseraçao pelos incommodos que sofferam, sendo obrigados a servir de instrumento de iniquidade a um inimigo que detestam. A diversidade das sentenças portanto, nestes casos, naõ he inconsequencia; mas parecenos que a igualdade, que requer a administraçao da justiça, pede a publicaçao tanto das sentenças condemnatorias, como das absolu

torias. He justo, e necessario, que se exponham aos olhos de todos, as provas porque os criminosos foram convencidos, e os castigos que se impuzéram em consequencia de seus crimes; mas he igualmente justo que as pessoas, cuja reputaçao se acha manchada; porque lhe succedeo a infelicidade de se acharem em circumstancias de parecerem criminosas, mas que por uma sentença legal fôram declaradas inocentes, sejam proclamadas taes por uma igual publicaçao de suas sentenças,

Um processo feito em segredo, e sentenciado occultamente, nad tem a força de convencer o povo de sua justiça, ainda mesmo em um Governo acustumado a obrar legalmente; e muito menos a terá em um Governo famoso por suas Septembrizaidas. Quando este modo occulto de proceder, na administraçao da justiça, naõ causasse outros effeitos máos, bastava o dar occasiao a suspeitar-se ; que os absolvidos o fôram somente por ter empenhos, e os condemnados soffreram as penas, por inimizades individuaes.

Nós nao julgamos assim, neste caso; por que basta dizer que nao temos dados para ajuizar; mas seguramente he este um modo de proceder, que indica parcialidade, ainda que a naõ haja.

Os homens ignorantes, quando se vem collocados á frente d'um Governo, julgam que tem vencido todas as difficuldades concentrando todo o poder em suas maos, aproximando-se cada vez mais e mais ao despotismo: mas o Governo que assim obra he o mesmo que trabalha por sua propria ruina.

Nunca se pode dizer, que está fundado em bazes solidas, um Governo com um Ministro despotico á frente, e um Inquisidor ao rabo, para o auxiliar em tudo quanto he iniquo, debaixo da sagrada capa de Religiao. Poderá isto tender a reformas; mas he somente a reformas violentas.

Quando as reformas na administraçaõ se fazem por escolha, e naõ por necessidade, sao feitas com mais deliberaçao, e saõ mais uteis em seus fins, assim como mais dilatadas em sua duraçao.

Negocios Militares.

Esta repartiçao continua no melhor estado, que se podîa desejar. Os Francezes conservados fóra do Reyno. O marechal Conde de Trancoso, elevando as tropas Portuguezas a um ponto de perfeiçaõ em disciplina, que he igual a sua coragem natural. Lord Wellingbon comportando-se de maneira na direcçaõ da campanha, que tem

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