cterisar todos os estylos. Dous ou mais escriptores escrevem, por exemplo, em estylo simples e conciso, e todavia não deixa cada um d'elles de ter um estylo tão individual como a sua physionomia. Serão simples e concisos; mas um será obscuro, outro claro; um profundo outro superficial; um original, outro vulgar, etc. Assim designar o estylo de cada um delles pelas qualificações de simples e conciso não é caracterisar-lhes o estylo; porque não é indicar a feição caracteristica, que distingue esse escriptor d'outro tambem simples e conciso.»> 12-Os estylos litterarios são pois muitos; mas no portuguez podemos perfeitamente distinguir tres categorias que bem espelham as transições. 1o. O estylo classico, creado no sec. XVI artificialmente pela cultura latina. 2o.- O estylo gongorico, caracterisado pelas turgidas metaphoras, empolado da phrase, antitheses desvairadas, hyperboles disparatadas, pelo fraldoso arrastar da phrase, etc... « Não o nascer se não o nascer sabiamente, é o que faz viver para todos: a sabedoria do nascimento dá universalidade á vida, bem é universal o que é sciente, que as sciencias tratão de universaes, e quem nasce entre sabios, por isso mesmo nasce sabiamente. »> « Affonso e Beatriz gerão em Pedro sua imagem, e semelhança, Pedro o é de seus pais; este foi ditoso em que teve pais, de que mereceu ser filho, aquelles em ter um filho. de que mereceram ser pais de um, e outro é a felicidade, e a sorte, dos pais, porque se representam em tão bom filho, do filho, porque é imagem de seus pais. >> (Fr. H. de Noronha Exemplar Poetico) 1623. Donde começarei? Briareu eburno De cem braços de plectros, de um custodio F. J. da Costa (O Imencu dos 3.- O estylo contemporaneo, que influenciado pela escola romantica, afastou-se do classico no arrevesado da phrase, nos periodos estirados, nas inversões à latina, etc. Esta escola foi iniciada em Portugal por A. Herculano, Garrett, Castilhos, Rebello da Silva, Latino Coelho, Mendes Leal, Castello Branco,... e tem produzido em prosa e verso uma serie de escriptores de mui subido merito. Entre nós são escriptores correctissimos J. M. Velho da Silva, Carlos de Laet, Aureliano Pimentel, B. de Paranapiacaba, Machado de Assis, Luiz de Castro, Muniz Barreto, José Banifacio, Bellegarde,... 13. A estylistica teve pois a sua evolução. No fim do Sec. XIV é que apparece pela primeira vez um exemplo concreto, na rude descripção da batalha do Salado; no XVI Sá de Miranda influencia no meio objectivo pela cópia de seus dizeres populares, ao passo que, ao envez, o objectivo influe em A.Ferreira pela tradição da autoridade classica. No declinar desse seculo começa a prosa abstracta ; mas o estylo affectado e campanudo dos seiscentistas afeia os escriptos. No Sec. XVII nota-se a influencia hespanhola, do que nos dá prova sobeja o estylo de Rod. Lobo, sem individualidade, todo de convenção. D. Francisco M. de Mello subordina a sua individualidade ao que elle chama resuscitar o grave estylo de nossos antepassados; Fr. Luiz de Souza e Freire de Andrade escrevem adstrictos a uma rhetorica convencional: Bocage dá ao estylo mais harmonia pela continuidade dos epithetos regularmente repetidos- diz o Sr. Th. Braga—; Filinto Elysio-é o grande artista das riquezas da construcção portugueza. a velha querela de purismo « e peregrinismo phraseologico deixa de ter razão de ser e se resolve numa verdadeira logomachia, que só apraz intelligencias ociosas e vasias de doutrina. « Que um escriptor original'contemporaneo, influenciado « por um meio physico social particular, deva vasar seus < pensamentos e suas emoções conforme os modelos de um ⚫ convencionalismo classico e de certa bitola academica « (sempre apoiada na rotina da imitação, e procurando « mais o figurativo do que o expressivo), isto, affirmamol-o, ⚫ é uma exigencia que só póde partir de uma critica erronea ou apaixonada. « Neste caso estão os frequentes reparos que os criticos « de Portugal fazem de certas differenciações do fallar e << escrever brazileiro, onde o que mais se lamenta é a << nossa indocilidade para com a tyrannia de Lobato». Mas é claro que, por exemplo, José de Alencar não « poderia, sem maximo ridiculo, escrever a sua bellissima • Iracema na feição pesada e grossa do quinhentismo clasa sico, que tão de perto trescala ao fragmento da Cava e « á canção de Guesto Ansures. « As pequenas modificações synthaxicas (que outras não são), com que variamos e originalisamos a lingua de ⚫ nossos maiores, tem em seu favor, além das causas naturaes que a sciencia descobre e aponta, a vantagem de « uma suavidade maior em varios sentidos. » E' pelo estylo- diz Taine que se julga um autor: o estylo representa o que no homem ha de verdadeiro e predominante. 1 L. de Andrade - These de concurso. 1 INDICE 1a lição. — Observações geraes sobre o que se entende por Objecto da grammatica portugueza e divisão do seu estudo. Phonologia: os sons e as lettras; classificação dos sons e das lettras; vogaes; grupos vocalicos; consoantes; grupos consonan- taes ; syllaba ; grupos syllabicos; vocabulo ; notações lexicas... 3a lição. Origem das lettras portuguezas ; leis que pre- sidem á permuta das lettras; importancia destas transformações -- 5a lição. Dos systemas de ortographia e das causas de - 6a lição. Morphologia: estructura da palavra : raiz; ... 7a lição.— Da classificação das palavras. Do substantivo e 8 lição. Da classificação das palavras. Do adjectivo e - 9a lição. Classificação das palavras. Do pronome e suas 10a lição. Classificação das palavras. Do verbo e suas |