Os melhores sonetos da lingua portuguêsa desde Sá de Miranda

Voorkant
Gomes de Carvalho, 1907 - 89 pagina's

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Pagina 76 - Num sonho todo feito de incerteza, De nocturna e indizível ansiedade, É que eu vi teu olhar de piedade E (mais que piedade) de tristeza... Não era o vulgar brilho da beleza, Nem o ardor banal da mocidade... Era outra luz, era outra suavidade, Que até nem sei se as há na natureza. Um místico sofrer... uma ventura Feita só do perdão, só da ternura E da paz da nossa hora derradeira... Ó visão, visão triste e piedosa! Fita-me assim calada, assim chorosa...
Pagina 32 - Alma minha gentil, que te partiste Tão cedo desta vida, descontente, Repousa lá no Céu eternamente E viva eu cá na terra sempre triste. Se lá no assento etéreo, onde subiste, Memória desta vida se consente, Não te esqueças daquele amor ardente Que já nos olhos meus tão puro viste.
Pagina 29 - Que inda a longa memória que me alcança, Me não deixa de vós fazer mudança, Mas quanto mais me alongo mais me achego. Bem poderá...
Pagina 15 - O tempo cobre o chão de verde manto. Que já coberto foi de neve fria, E em mim converte em choro o doce canto. E afora este mudar-se cada dia. Outra mudança faz de mor espanto. Que não se muda já como soía.
Pagina 69 - A vida é o dia de hoje, A vida é ai que mal soa, A vida é sombra que foge, A vida é nuvem que voa; A vida é sonho tão leve Que se desfaz como a neve E como o fumo se esvai...
Pagina 48 - À cova escura Meu estro vai parar desfeito em vento... Eu aos céus ultrajei! O meu tormento Leve me torne sempre a terra dura. Conheço agora já quão vã figura Em prosa e verso fez meu louco intento. Musa! tivera algum merecimento Se um raio da Razão seguisse pura! Eu me arrependo; a língua quase fria Brade em alto pregão à mocidade, Que atrás do som fantástico corria: Outro Aretino fui...
Pagina 47 - Os membros quase nus, o aspecto honrado Por vil boca, e vil mão roto, e cuspido, Sem ver um só mortal compadecido De seu funesto, rigoroso estado: O penetrante, o...
Pagina 76 - E, mais que piedade, de tristeza... Não era o vulgar brilho da beleza, Nem o ardor banal da mocidade, Era outra luz, era outra suavidade Que até nem sei se as há na natureza. . . Um místico sofrer. . . uma ventura Feita só do perdão, só da ternura E da paz da nossa hora derradeira... O visão, visão triste e piedosa ! Fita-me assim calada, assim chorosa.
Pagina 85 - Foi-se-me pouco a pouco amortecendo A luz que nesta vida me guiava, Olhos fitos na qual até contava Ir os degraus do túmulo descendo.
Pagina 48 - Já Bocage não sou ! . . . À cova escura Meu estro vai parar desfeito em vento. . . Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento Leve me torne sempre a terra dura. Conheço agora já quão vã figura Em prosa e verso fez meu louco intento. Musa! tivera algum merecimento Se um raio da Razão seguisse pura! Eu me arrependo; a língua...

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