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de Bocage

Manuel Maria

Barbosa du

Bocage

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Esta precocidade, a que tantas vezes allude, mostra-nos que este dom começou a fazer que o cercassem de admirações muito cedo; era o que se chama o prodigiosinho, e como tal os gabos infatuaram-n'o, tornaram-n'o mais tarde escravo de quem o lisongeasse, levaram-n'o a sacrificar tudo á popularidade ainda a mais ôca. Foi esta necessidade que o fez abusar da improvisação, e as offensas que lhe vibraram as Satyras mais penetrantes eram simples remoques litterarios. D'estes pequenos accidentes deduz-se toda a fatalidade de um destino.

Seu irmão Gil seguiu o curso juridico da Universidade de Coimbra, e talvez d'este facto se deriva a tradição de Bocage em Coimbra; o poeta foi destinado á vida militar, e n'esta decisão não é sem mportancia a falta de sua mãe em 1775; no So

neto que se inscreve O Poeta luctando contra o infortunio, associa estes dois successos sob a mesma fatalidade:

Aos dous lustros a morte devorante
Me roubou, terna mãe, teu doce agrado;
Segui Marte, depois, e emfim meu fado
Dos irmãos e do pae me pôz distante. (1)

Faltando o fóco onde se concentrava o sentimento da familia, Bocage adquiriu muito cedo uma soltura que a perspectiva illusoria da vida militar vinha lisongear. Foi no periodo do fallecimento de sua mãe até que sentou praça no regimento de Infanteria 7, da guarnição de Setubal em 1779, que seu pae o submetteu á férula violenta da grammatica latina na aula regia do padre hespanhol Don João Medina. (2) Era tal a força da exclusiva educação humanista, que Bocage ficou sabendo traduzir latim, mas incapaz de poder apaixonar-se pelas novas disciplinas das sciencias naturaes introduzidas no ensino pelas reformas de Pombal, e nas fundações academicas de D. Maria I. O vicio da edu

(1) Soneto 148. Ed. da Actualidade.

(2) Tradição de Couto, seu primeiro biographo.

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