Obras completas de Luiz de Camões, Volume 2

Voorkant
Parceria A.M. Pereira, 1912

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Pagina 114 - Me faz gráo para a virtude; E faz que este natural Amor, que tanto se preza, Suba da sombra ao real, Da particular beleza Para a beleza geral.
Pagina 108 - Como homem que, por exemplo dos transes em que se achou, despois que a guerra deixou, pelas paredes do templo suas armas pendurou: Assi...
Pagina 170 - Aquela cativa, Que me tem cativo, Porque nela vivo Já não quer' que viva. Eu nunca vi rosa Em suaves molhos, Que para meus olhos Fosse mais formosa.
Pagina 241 - Leva na cabeça o pote, O testo nas mãos de prata, Cinta de fina escarlata, Sainho de chamalote; Traz a vasquinha de cote, Mais branca que a neve pura. Vai formosa, e não segura.
Pagina 108 - Vi aquilo que mais vai, que então se entende milhor quanto mais perdido for; vi o bem suceder mal, eo mal, muito pior. E vi com muito trabalho comprar arrependimento; vi nenhum contentamento, e vejo-me a mim, que espalho / tristes palavras ao vento.
Pagina 116 - Que já a carne na alma fez. E beato quem tomar Seus pensamentos recentes E em nascendo os afogar, Por não virem a parar Em vícios graves e urgentes; Quem com eles logo der Na pedra do furor santo E, batendo, os desfizer Na Pedra, que veio a ser Enfim cabeça do Canto.
Pagina 15 - Nesta florida terra, Leda, fresca e serena, Ledo e contente para mi vivia: Em paz com minha guerra, Glorioso coa( ! ) pena Que de tão belos olhos procedia.
Pagina 117 - Quem do vil contentamento cá deste mundo visível, quanto ao homem for possível, passar logo o entendimento para o mundo inteligível: ali achará alegria em tudo perfeita e cheia, de tão suave harmonia que nem, por pouca, recreia, nem, por sobeja, enfastia.
Pagina 16 - Mas a mor alegria que daqui levar posso, com a qual defender-me triste espero, é que nunca sentia no tempo que fui vosso quererdes-me vós quanto vos eu quero; porque o tormento fero de vosso apartamento não vos dará tal pena como a que me condena: que mais sentirei vosso sentimento, que o que a minha alma sente.
Pagina 31 - Ali a vida cansada, que melhora, toma novos espritos, com que vença a Fortuna e Trabalho, só por tornar a ver-vos, só por ir a servir-vos e querer-vos. Diz-me o Tempo que a tudo dará talho; mas o Desejo ardente, que detença nunca sofreu, sem tento me abre as chagas de novo ao sofrimento. Assi vivo; e se alguém te perguntasse, Canção, como não mouro, podes-lhe responder que porque mouro.

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