LIBERMA DO POEMA. SEPTEMBER 1928 17636 José Carlos de Lara, Deão da Igreja d'Elvas, querendo obsequiar seu Bispo, o Exmo e Revmo D. Lourenço de Lancastre, vinha offerecer-lhe o Hyssope, á porta da Casa-do-Cabido, todas as vezes que este Prelado ia exercitar suas funcções na Sé. Depois, esfriando esta amizade por motivos, que nos são occul. tos, mudou o dicto Deão de systema; o que o Bispo sentiu em extremo, como uma grande affronta feita á sua illma pessoa e para o constranger a continuar no mesmo obsequio, machinou com alguns seus parciaes do Cabido, que este lavrasse um Accordão, pelo qual o Deão fosse obrigado, debaixo de certas mulctas, a não o esbulhar da pretendida posse, em que se achava. D'este terribil Accordão appellou o Deão para a Metropoli, onde teve sentença contra si. Esta é a acção do Poema. Passado pouco, tempo depois da referida sentença, morreu o Deão, e lhe succedeu no Deado um sobrinho seu, chamado Ignacio Joaquim Alberto de Matos; o qual, recusando sujeitar-se, como seu tio, ao sobredicto encargo, foi pelo Bispo asperamente reprehendido, e ameaçado. Então interpoz o mesmo um recurso á Coroa, cujo Tribunal mandando ao Bispo dar razão de seu procedimento, este, cheio d'um terror panico, desistindo da imaginada posse, negou haver tal Accordão, e o mais que tinha obrado a esse respeito. Tudo isto dá materia ao vaticinio d'Abracadabro, que é um dos episodios de que se reveste o presente Poema. 00000000 0000 60000080 00066006000000000000 O Hyssope. E. CANTO PRIMEIRO. canto o Bispo, e a espantosa guerra, Que o Hyssope excitou na igreja d'Elvas. Musa, tu, que nas margens apraziveis Que o Sena bordam de arvores viçosas, Do famoso Boileau (1) a fertil mente Inflammaste benigna, tu m' inflamma; Tu me lembra o motivo; tu, as causas Por que a tanto furor, a tanta raiva Chegaram o Prelado, e o seu Cabido. Nos vastos Intermundios d' Epicuro (2) De jogos, de banquetes, de palavras ; Que os claustros inundou; e que abraçaramı Do denso Povo, que o paiz povôa, Despendem satisfeitos. Outros passam, |