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SESSÃO MAGNA ANNIVERSARIA

DO

Instituto Historico e Geographico Brazileiro

NO DIA 15 DE DEZEMBRO DE 1897

Presidencia do Sr. Conselheiro Manoel Francisco Correia

A 15 de Dezembro de 1897, 59° anniversario da fundação do Instituto Historico e Geographico Brazileiro, na sala das sessões do mesmo Instituto e de conformidade com os Estatutos foi celebrada a sessão magna anniversaria.

A's 8 horas da noite achando-se presentes os Srs. Conselheiros Manoel Francisco Correia, e Marquez de Paranaguá, Henri Raffard, Dr. Alfredo Nascimento, Conselheiro Tristão de Alencar Araripe, Dr. Evaristo Nunes Pires, Dr. Amaro Cavalcanti, Barão de Loreto, Dr. Liberato de Castro Carreira, Barão Homem de Mello, Dr. Augusto Victorino Alves Sacramento Blake, André Paulino de Lacerda Werneck, Commendador José Luiz Alves e Francisco Baptista Marques Pinheiro, 2° Secretario ; faltando por motivo de incommodo de saude o Dr. Presidente Conselheiro Olegario Herculano de Aquino e Castro, assumio a presidencia o Sr. Vice-Presidente Conselheiro Manoel Francisco Correia que declarou aberta a sessão e designou os Srs. Marquez de Paranaguá, 3° Vice-Presidente, Henri Raffard, 1° Secretario, F. B. Marques Pinheiro, 2° secretario e Conselheiro Tristão de Alencar Araripe, thesoureiro, para introduzirem no recinto os Exms. Revms. Srs. D. Jeronymo Thomé da Silva, Arcebispo da Bahia e D. Francisco do Rego Maia, Bispo de Petropolis, que se achavam na ante-sala.

Recebidos com as formalidades do estylo os dous distinctos prelados tomaram assento e posse das suas cadeiras de socios honorarios.

Em seguida o Sr. Conselheiro Manoel Francisco Correia, proferio o discurso de abertura da sessão e deu a palavra ao Sr. Henri Raffard, 1o Secretario, que proce deu a leitura do relatorio dos trabalhos do anno e depois ao Sr. Dr. Alfredo Nascimento, orador, que fez o elogio historico dos nove consocios fallecidos durante o anno de 1897.

Concluidas as leituras, o Sr. Conselheiro Correia le vantou a sessão ás 10 1/2 horas da noite. E eu 2° Secre tario fiz lavrar a presente acta que assigno. - Francisco Baptista Marques Pinheiro.

DISCURSO

PROFERIDO NA

Sessão anniversaria de 15 de Dezembro de 1897

NO

INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAPHICO BRAZILEIRO

PELO VICE-PRESIDENTE

Conselheiro Manoel Francisco Correia

<< Senhores. A sciencia é cosmopolita, como se faz mister para que ella possa preencher sua missão, saliente nos destinos humanos.

Nem os continentes, nem os oceanos; nem as altitudes, nem os valles; nem o equador, nem os polos, têm que oppôr entraves ás suas conquistas: antes é sobre o conjuncto das cousas creadas que ella exerce, melhormente, a sua acção civilisadora.

Incompleto fôra o esforço scientifico, e por determinação da natureza, se houvesse de detel-o a circumstancia do frio ou do calor, da juventude ou da velhice; mas, ao contrario, o homem, instrumento e propulsor da sciencia, em todas as temperaturas se accommoda, e a idade, maior ou menor, não entorpece seus labores.

Entretanto, se a natureza alargou dest'arte o ambito concedido á sciencia, o homem, por erro ou por teimosia sectaria, procura estreital-o, limitando-o a phenomenos que direi de ordem externa; quando tão positiva é a sciencia adquirida por este methodo, como a que aprofunda as leis do pensamento e da sensibilidade mediante processo differente.

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TOMO LX, P. II.

Em duas grandes categorias o saber humano se divide.

Se na primeira, que seja dominada de sciencias physicas, como a segunda, por contraposição, de sciencias moraes, resplendem, e são glorias da humanidade. Thales de Mileto, Pythagoras, Euclides, Copernico, Tycho-Brahe, Kepler, Newton, Laplace, Arago, Leverrier, Orfila, Dumas, Claude Bernard e Brown Sequard; não menos honrosamente se celebrisaram por investigações attinentes á segunda Aristoteles, Socrates, Platão, Bacon, Descartes, Malebranche, Locke, Kant, Victor Cousin e Jules Simon, sem fallar nos padres da igreja que chegaram até á subtileza sorprendente na dissecação dos actos peccaminosos, campo onde, permitta-se-me a afouteza, pouco haverá ainda que respigar.

Mutila, portanto, a sciencia, que é um todo harmonico, quem por um unico de seus aspectos a considera. Se as especialidades são necessarias para levar ao apuro qualquer ramo do saber, e a vida é curta para estender a vista por mui largos horisontes; a verdade superior, dominadora, escopo da sciencia, resulta da combinação acurada e perfeita das verdades parciaes: é o conhecimento da verdade o objectivo da sciencia, disse J. J. Rousseau.

Se nem as estações, nem este ou aquelle ponto temeroso do globo são obices, na ordem physica, para o alargamento da sciencia, affrontando o homem nesse intuito distancias e perigos; menos, na ordem politica, são-lhe empecilho as fórmas de governo como nos templos sagrados, todas as opiniões politicas se agasalham nos asylos tranquillos, onde á porfia se labuta para accrescentamento do thesouro intellectual do mundo, patrimonio não desta ou daquella raça, deste ou daquelle povo, mas do genero humano.

Assim é que tanto floresce a sciencia sob o sceptro imperial na Allemanha e na Austria; sob o sceptro real na Inglaterra e na Italia, como sob as abobadas do Vaticano, ou sob a bandeira republicana na França e nos Estados Unidos.

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