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BREVE DISCURSO

SOBRE A PRÉGAÇÃO, PROPAGAÇÃO

E ESTADO DA RELIGIÃO CHRISTÃA NAS HESPANHAS

ATÉ AO SECULO XII

Serra de Ossa, 15 de Março de 1829.

BREVE DISCURSO

SOBRE A PRÉGAÇÃO, PROPAGAÇÃO E ESTADO
DA RELIGIÃO CHRISTAA NAS HESPANHAS
ATÉ AO SECULO XII

A critica mais severa e escrupulosa não póde prudentemente negar o seu assenso aos multiplicados testemunhos da antiguidade ecclesiastica, que nos instruem da prégação do Evangelho nas Hespanhas, logo no primeiro seculo da Igreja.

S. Paulo por duas vezes inculca na sua Epistola aos Romanos (1) a intenção que tinha de vir a estas regiões; e como não conste motivo ou obstaculo algum, que o desviasse do cumprimento do seu proposito, e por outra parte muitos dos Santos Padres dos mais antigos tempos fallem constante e expressamente da effectiva vinda do Apostolo ás Hespanhas (2), seria grande e insensata teme

(1) Ad Roman., cap. xv, vv. 24 e 28.

(2) S. Clem., Ep. ad Corinth. « Postquam in Oriente et Occidente praedicavit (Paulus), et totum mundum justitiam docuit, tandem ad extrema Occidentis veniens, sub Rectoribus martyrium sustinuit ». (Vej. sobre este lugar Fleury, Hist. Eccl.) Santo Athanas., Ep. ad Dracontium: a Praedicandi ardor eum usque ad Illyricum deduxit; non gravatur in Romam et in Hispaniam proficisci, ut merces ejus cum labore crescat». Outro tanto dizem S. Cyrillo de Jerusalem, Santo Epiphanio, S. João Chrysostomo, S. Jeronymo, &c., &c.

ridade duvidal-a. Assim alguns escriptores ecclesiasticos modernos, que se poderião notar de menos affeiçoados a nossas cousas, não ousárão pôr em duvida hum facto tão bem fundamentado e tão glorioso a toda a nação (3).

Não parece menos digna de firme e respeitoso assenso a tradição das Igrejas de Hespanha acerca da vinda e prégação do Apostolo S. Thiago, a qual, sobre ter a seu favor testemunhos mui antigos e veneraveis (4), acha-se revestida de circumstancias tão particulares, tão positivas e tão altamente gravadas em monumentos publicos, e no espirito dos povos nacionaes e estrangeiros, que sómente a poderá rejeitar, quem, levado de sobeja e reprehensivel critica, tiver em desprezo as probabilidades historicas, que são todavia as unicas, que nos podem guiar na indagação de factos tão antigos, e suprir de algum modo a falta, que experimentamos, de documentos e memorias escriptas daquelles remotos tempos.

Esta prégação dos dous Apostolos nas Hespanhas, e o cuidado, que a todos os outros, e principalmente ao primeiro delles S. Pedro, devia merecer a propagação do Evangelho por todo o mundo, recommendada e ordenada pelo divino Mestre (5), dá grande apoio e força á pia tradição e crença particular de algumas Igrejas, e geral de toda a Hespanha, sobre a missão de alguns discipulos dos Apostolos, e em especial dos sete Varões Apostolicos, enviados por S. Pedro e S. Paulo em tempo de

(3) Baron., Annal. Eccl. ad an. Chr. 61, cap. 1-5; Natal. Alex., Hist. Eccl., sec. 1, dissert. xv. Vej. tambem Gotti, de Veritat. Relig. Christ., trat. vi, § 22 e seg., &c.

(4) Vej. S. Jeronymo, sobre os cap. 34 e 42 de Isaias ; Santo Isidoro de Sevilha, S. Julião de Toledo, o Ven. Beda, o Martyrolog. Bluman. do seculo vin, &c., e antes de todos Didimo Alexandr., de Trinitat., liv. 2, cap. 4.

(5) Marc. Evang., cap. xv, v. 15-20; Matth. xxvi, 19; Act, Apostol. 1, 8.

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