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D. Domingos, Bispo de Evora, e outros a D. Pedro, Conego de Coimbra, e que recorrendo-se a Roma para a decisão, o Papa Nicolau IV dera a cadeira de Lisboa a D. Domingos Jardo, e a de Evora ao seu concorrente (1).

Em 1293, a 10 de Novembro, he datada huma Provisão de D. Domingos Jardo, Bispo de Lisboa, como se vê das Dissertações Chronologicas e Criticas, tom. 1.o, pag. 130, aonde vem descripto o sêllo, de que usava.

O auctor do Anno Historico, diz que elle fallecêra a 16 de Dezembro de 1293, e que fôra sepultado no hospital de S. Eloy que hoje (diz) he mosteiro do Evangelista, e que fora fundação sua. Outros dizem que elle fundára o hospital de S. Paulo, em Lisboa. Alguns lhe attribuem a fundação e dotação de hum collegio de estudos na freguezia de S. Bartolomeu em Lisboa, ao qual dera estatutos, que depois forão confirmados por D. João Martins de Solhães, Bispo de Lisboa.

O sabio e virtuoso Bispo Cenaculo refere que D. Domingos Jardo fundára o collegio de Santo Eloy, para 10 capellães, 20 merceeiros, e 6 escolares de Latim, Grego, Theologia e Canones. A esta unica fundação se deverão acaso reduzir as outras designadas com diversos nomes pelos escriptores.

Taes são as noticias, que temos podido colligir deste digno Prelado. O que se diz do seu reconhecimento com sua mãi já velha e pobre, e das honras com que a fez sepultar, nada tem de inverosimil ou extraordinario que difficulte a nossa crença.

(1) Comparando esta noticia, que aqui nos dão alguns escriptores, com o Catalogo (ou apontamentos para elle) dos Bispos de Evora e Lisboa, que vem no tom. 3. das Dissertações Chronologicas e Criticas, pag. 169 e 176, parece que ha equivocação nos nomes de D. Estevão Annes, Bispo de Lisboa, e de D. Pedro, Conego de Coimbra, e logo Bispo de Evora. Em quanto não tivermos Catalogos exactos dos Prelados das nossas Igrejas, será difficil resolver estas e outras semelhantes difficuldades.

SUCCESSÃO DOS BISPOS DE COIMBRA

DESDE O ANNO DE 1080 ATÉ O FIM
DO SECULO XII

SUCCESSÃO DOS BISPOS DE COLMBRA

DESDE O ANNO DE 1080 ATÉ O FIM
DO SECULO XII

D. Paterno, desde 1080 até 1087

A cidade de Coimbra foi conquistada aos Mouros por el-Rei de Leão e Castella, D. Fernando I, no anno de 1064, segundo a melhor chronologia, que seguimos, fundados na commum opinião dos nossos escriptores, e nas incontrastaveis razões, que expendeo o sabio auctor das Dissertações Chronologicas e Criticas, no tom. 1.o

Era de esperar, que se não differisse por muito tempo a restauração do estado religioso e ecclesiastico daquella cidade, e que el-Rei de Leão cuidasse logo em dar-lhe Bispo, que regesse a sua antiga Cathedral, como ordinariamente se costumava fazer nas cidades episcopaes, recobradas do poder dos inimigos, maiormente quando havia bem fundada esperança de conservar a conquista.

Com effeito el-Rei D. Fernando tratou logo deste importante objecto; e vindo à sua presença de mandado do Rei Mouro de Cesaraugusta o Bispo de Tortosa, D. Paterno, o qual, por causa da sujeição em que estava o territorio da sua Diocese mal podia exercitar nelle os officios pastoraes; el-Rei D. Fernando, juntamente com o nobre Conde Sesnando, que governava Coimbra, o convidárão

a vir restaurar a Cathedral desta cidade, e estabelecer nella a regularidade e solemnidade do culto religioso.

Não duvidou D. Paterno de annuir ao convite; mas como logo depois (em 1065) se seguisse o fallecimento de el-Rei D. Fernando, e apoz isso as discordias dos Principes seus filhos, a quem elle repartira os seus vastos estados; somente veio a realisar-se o episcopado de D. Paterno em Coimbra, pelas novas diligencias e instancias do Conde Sesnando, já no reinado de el-Rei D. Affonso VI, como tudo consta do documento datado dos idos de Abril da era 1124 (anno de 1086), de que mais adiante fallare

mos.

O tempo preciso do começo do episcopado de D. Paterno, em Coimbra, não he exactamente conhecido pelos documentos até agora publicados; mas he indubitavel, que já em 1080 havia naquella cidade pessoas da sua familia, e que em 1081 já elle mesmo ali residia.

Em huma doação que o Conde Sesnando fez da igreja de S. Martinho ao abbade Pedro, em data de 7 das calendas de Maio da era 1118 (25 de Abril de 1080) vem entre os confirmantes « Lupus, frater episcopi D. Paterni confirmat». Dissertações Chronologicas e Criticas, tom. 4.0, part. 1., pag. 126 e 147, num. 742.

Outra doação de Tructezindo Tructezendis ao mosteiro de Pedroso de 2 das calendas de Novembro da era 1119 (31 de Outubro de 1081), tem na data esta clausula «in diebus regis Domni Adefonsi, regente Domno Sesnando Alvazir urbem Colimbrie, habitante episcopo Domno Paterno in Colimbria» (Ibidem, tom. 1.o, pag. 49.)

Destes dous documentos se collige que nos annos de 1080 e 1081 já, pelo menos, estava decidida a translação de D. Paterno de Tortosa para Coimbra, e que se ainda então não tinha a effectiva posse da Cathedral, seria por falta de alguma formalidade canonica, que demandasse mais dilação.

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