Pois digo-vos, que só se a minha Aldonsa De que prenhes trazeis essas cabeças. De Sophocles, d'Euripedes, Terencio. (282) Aprigio. Nada de grego, nada: fóra, fóra: Gil. Aprigio. Gil. Aprigio. Gil. Sempre te ouvi dizer, que elles não tinham Queres a Castro Deus me livre! Tragedia do Ferreira ? Amigo Gil Leinel, eu desejava Bello nome! Aldonsa. É extenso o papel? Gil. Não; é pequeno. Arthur. Espere; tenha mão, senhor Poeta; Gil. Arthur. Eu Barbas! Eu que empresto o meu dinheiro? E que tem o dinheiro co'a figura ? Gil. Um velho nunca póde ser mancebo. Arthur. Senhor Poeta Gil, faça-me graça, Aprigio. (Levantam-se todos.) Arthur....amigo.. Onde está a prudencia desses annos? Arthur. Quaes annos. Antes que todo es mi Dama: Jofre. Escuta, Jofre. Branca. Senhor Arthur Bigodes, não se engrile; Será o que quizer: quer ser Achilles? Arnaldo amigo, vamo-nos çafando, Braz. Que isto não pára aqui. Arnaldo. É gente douda. (Vão-se os dous.) Scena VII Aprigio. Oh! paz, serena paz! Que nos deixaste, O velho socegar encarniçado. Amigo Arthur Bigodes, que me perdes! Arthur. Queria o Doutor Gil, esse barbicas, Poeta bordalengo, defraudar-me D'ametade de mim: Fóra c'o talho! Inigo. Jofre amigo, despede-te de Aldonsa. Amigo Aprigio Fafes, eu attendo Gil. Ao respeito devido á tua casa; Por isso não respondo a taes injurias. Gil. (Vae-se.) Scena VIII Arthur. Amigo Aprigio Fafes, de Theatro Aprigio. Inda o Fado não quer, inda não chega De lançar do Theatro alheias Musas, Obras Poeticas de Pedro Antonio Correia Garção. Lis- A ASSEMBLÉA OU PARTIDA (283) Braz Carril e Gil Fustote Gil. Braz. Entendes, Gil Fustote, o que te digo? Com que tua mulher sagaz te enloixa, Gil. Sem esses bons prazeres e delicias Braz. Ora já que traziam retorcidos Os grizalhos bigodes; estirada A esqualida guedelha; no pescoço Crespas golilhas; gorra na cabeça; As calças retalhadas e pantufos; (284) Não tragas tu casaca e cabelleira, Nem ates com fivelas os sapatos. Mudam-se os tempos, mudam-se os costumes. Não vés no frio inverno ao tronco annoso Cair-lhe as murchas cans, e quando torna A fresca primavera verdejarem, Cubertos de mil folhas, novos ramos? Assim as modas são, assim os usos; Gil. Amigo, amigo, estás perdido... doudo... Braz. Com os olhos abertos. Gil. Não t'o invejo, Espera, escuta... Gil. Meu Gil Fustote. Dize, que mais queres? Braz. Eu queria pedir-te algum dinheiro, Porque estou sem real: olha em que dia! Gil. Pois a perpetua lei da Natureza, Que murcha as folhas, e que traz partidas, Não dá tambem dinheiro para o gasto? Braz. Amigo Gil Fustote, eu pouco peço; Gil. Dá-me, sequer, seis mil e quatrocentos: Braz. Oito mil réis porás. Gil. Braz. Qual perder-me. Gil. Isso é perder-te. Amigo, eu não podia ; Mas vejo o grande aperto... Toma... escuta: De tão forçosa vexação remir-te ; E que o pouco que mandas que accrescente (Vae-se.) |