Poesias, Volume 1A.J.F. Lopes, 1853 |
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Pagina 214 - À cova escura Meu estro vai parar desfeito em vento... Eu aos céus ultrajei! O meu tormento Leve me torne sempre a terra dura. Conheço agora já quão vã figura Em prosa e verso fez meu louco intento. Musa! tivera algum merecimento Se um raio da Razão seguisse pura! Eu me arrependo; a língua quase fria Brade em alto pregão à mocidade, Que atrás do som fantástico corria: Outro Aretino fui...
Pagina 269 - Liberdade, onde estás? Quem te demora? Quem faz que o teu influxo em nós não caia? Porque (triste de mim!) porque não raia Já na esfera de Lísia a tua aurora? Da santa redenção é vinda a hora A esta parte do mundo, que desmaia. Oh! Venha... Oh! Venha, e trémulo descaia Despotismo feroz, que nos devora!
Pagina 349 - Bocca, que á parte esquerda se accommoda, (Uns affirmam que fede, outros que cheira ;) Japona, que da Ladra andou na Feira ; Ferrugento faim, que já foi moda, No tempo em que Albuquerque fez a poda Ao soberbo Hidalcão com mão guerreira ; Kuço calção que espipa no joelho, Meia e sapato, com que ao lado avança, Vindo a encontrar.se co...
Pagina 213 - Meu ser evaporei na lida insana Do tropel de paixões, que me arrastava; Ah! cego eu cria, ah! mísero eu sonhava Em mim quase imortal a essencia humana : De que inumeros sóis a mente ufana Existencia falaz me não dourava!
Pagina 330 - Magro, de olhos azuis, carão moreno, Bem servido de pés, meão na altura, Triste de facha, o mesmo de figura, Nariz alto no meio, e não pequeno...
Pagina 49 - Camões, grande Camões, quão semelhante Acho teu fado ao meu, quando os cotejo! Igual causa nos fez, perdendo o Tejo, Arrostar c'o sacrílego Gigante: Como tu, junto ao Ganges sussurrante, Da Penúria cruel no horror me vejo, Como tu, gostos vãos, que em vão desejo, Também carpindo estou, saudoso Amante: Ludíbrio, como tu, da Sorte dura, Meu fim demando ao Céu, pela certeza, De que só terei paz na Sepultura! Modelo meu tu és, mas... ó tristeza! Se te imito nos transes da Ventura, Não te...
Pagina 130 - Tu és doce attractivo, oh formosura, Que encanta, que seduz, que persuade : Enleia-se por gosto a liberdade : E depois que a paixão n'alma se apura, Alguns então lhe chamam desventura, Chamam-lhe alguns então felicidade : Qual se...
Pagina 159 - A linda (como tu) melhor das flores, Que em torno á campa se abotoe, e cresça; Passêa entre os meninos voadores, Une a mãe aos filhinhos, e pareça Da morte a solidão jardim de amores.
Pagina 102 - Em sonhos na escaldada phantasia Vi, que torvo dragão de olhos fogosos Com afiados dentes sanguinosos As tépidas entranhas me rompia: Alva nympha louçã, que parecia A mãe dos Amorinhos melindrosos, Kaivosa contra mim, c'os pés mimosos Mais o drago faminto embravecia: De marmore a meu pranto, a meu queixume,.
Pagina 163 - Os membros quase nus, o aspecto honrado Por vil boca, e vil mão roto, e cuspido, Sem ver um só mortal compadecido De seu funesto, rigoroso estado: O penetrante, o bárbaro instrumento De atroz, violenta, inevitável...