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lho do Duque de Gandia) que veiu a desposal-a, acham-se estas linhas que a retratam vivamente: «D. Francisca de Aragon es hija de Nuno Rodrigues Barreto y de D. Leonor de Milan. Hase criado desde muy pequeña en casa de la Reyna de Portugal. Es la mas valida dama que S. A. ha tenido, y mas estimada assi por su entendimiento y valor como por su bien parecer. Es la persona de que mas gusto muestra tener la Reyna. Sirve la copa y viste y toca S. A. y en todo el tiempo en que la camarera mayor y las damas van a comer y a cenar, queda ella sola con la Reyna, assi por ser su oficio como por lo mucho que S. A. gusta de su entretenimiento y conversacion por tenerla muy buena y facil. Es tenida por la muger que mejor ha sabido hacer el officio de dama que ha havido en nuestro tiempo en Portugal y cierto entiendo que poderia poner escuela desta faculdad, segun lo bien que sabe servir a su Reyna y ha sabido ser servida como dama.» Por este bello retrato de D. Francisca de Aragão comprehende-se o alcance da homenagem que prestava a Camões entre os outros poetas. Era permit. tido uma certa liberdade nos versos inspirados ou dedicados ás damas do paço ; D. Francisco de Portugal explica esse costume aconselhando as damas à lêrem todos os versos que lhes fizerem: «Lea versos que le hizierae, que las licencias poeticas han assegurado este genero de razones, pues le quitaron el

1 Ap. Infanta D. Maria, nota 229. Por D. Carolina Michaëlis de Vasconcellos.

credito; y cosa fué assás festejada de un galan, que no queriendo acetal-os la Dama, le embió el parecer de un Monge muy conocido por escrupuloso letrado, que en conciencia estava obligada a leerlos, considerando que se los hizo le custó el pensarlos, y se no los hizo le custó el pedilos. Visaria o aulico os escrupulos da Rainha?

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Caminha em varias poesias louva D. Francisca de Aragão, e «no fim de um livro dos

meus versos» escreve:

S'a estes versos louvados e nacidos
De tua nunca vista formosura,
E a teu nome real offerecidos
Com a fé que te devem, clara e pura,
Acontecer chegar a teus ouvidos;
Nem podem desejar maior ventura,
Francisca formosissima, nem querem

Mais nada, nem mais nada ha por que esperem.

(Obras, p. 381.)

Caminha tornou a offerecer-lhe outro livro de versos, que em 1898 foi publicado pelo illustre romanologo Dr. Priesbch; n'esta collecção vem muitos Vilancetes dirigidos por outros poetas a D. Francisca de Aragão. Emquanto ella acceitava com complacencia tantas Redondilhas, Sonetos e Odes, com esse gosto intuitivo que têm as mulheres, pedia directamente versos a Camões, como se vê por esta rubrica: «A D. Francisca de Aragão, que lhe mandou glosar este verso: Mas porém a que cuidados ?>

Camões glosou-o promptamente, enviando

1 Arte de Galanteria, p. 42. Ed. 1683.

lhe as coplas acompanhadas de uma Carta, fórma peculiar da galanteria do paço, como observa D. Francisco de Portugal: « Será la Carta breve y llana y ligera, un logar entre lo mismo enamorado que libre, todo el caudal en lo discreto; las razones medidas y la letra sin borrones.» (Arte, p. 144.) Camões na Carta a D. Francisca de Aragão, Dama do paço, seguiu o preceito a rigor:

« Senhora..

Deixei-me enterrar no esquecimento de V. M., crendo me seria mais seguro; mas agora que he servida de me tornar a resuscitar, por mostrar seus poderes, lembro-lhe que uma vida trabalhosa he menos de agradecer que uma morte descansada. Mas se esta vida, que agora de novo me dá, foi para me tornar a tomar, servindo-se d'ella, não me fica mais que desejar que poder acertar com este Mote de V. M., ao qual dei tres entendimentos, segundo as palavras d'elle poderão soffrer; se forem bons he o Mote de V. M., se máos, são as glosas minhas.» 1

Importa saber os tramites que se exigiam na côrte para chegar qualquer Glosa a uma dama: era preciso dispensa da Camareiramór para que o Mordomo lh'a fosse entregar por sua mão. Allude a estes tramites D. Francisco de Portugal: «Aunque dizia un discreto, (Villa Mediana) que no se podian sufrir Cabezas de Motes por las manos que corren y por el desasseo con que llegan a las de las

1 Juromenha separou esta Carta das Redondilhas collocando-a sem sentido entre as outras Cartas de Camões. (Obr., t. v, p. 235.)

Damas, con aquella obligacion, de que no se puede ninguno sin la dispensacion de la Camarera-Mayor, aquel dallas a un Mordomo que las dê a la Dama a que van encaminadas, y ella levallos á la Reyna, que los abra, y luego mandar que les respondan, mas cerimonias solian tener, que lo tiempo fue qui tando como impertinencias.» (Art. de Galant. p. 124.) «Los que se trazen en la antecamara, y manda luego sobre alguna particularidad á question, no siendo tan solemnes, son mas solemnisados.» (Ib., 139.) Sufrense estas burlas cortezes, embian-se con licencia del Mayordomo semanero, y a vezes sin ella... » (Ib., 140.)

Por estas etiquetas palacianas se vê que difficuldades encontraria Camões quando satisfazia a estes pedidos de versos. Aquellas coplas: A huma Dama que lhe mandou pedir algumas obras suas, mostram o embaraço em que está para dizer quanto sente, e quanto mais eloquente seria se ella o visse:

Senhora, se eu alcançasse
No tempo que lêr quereis,
Que a dita dos meus papeis
Pela minha se trocasse;
E por vêr

Tudo o que posso escrever
Em mais breve relação,

Indo eu onde elles vão

Por mim só quizesseis lêr.

(Obr., t. iv, p. 37.)

Uma outra dama brindava Camões com uma penna, na certeza que lhe inspiraria uma deliciosa poesia; Caminha não encontrava d'estes favores. A huma dama que lhe deu

uma penna, agradeceu Camões, com uma Decima. D'esta fórma poetica diz o auctor da Arte de Galanteria: «Las Decimas no se cerrará las puertas de Palacio, pues tanto se entran por las del pecho; los otros modos de versar hizieranse para leídos, y estos para sentirlos...» (p. 111.)

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Apesar de todo o esplendor da eschola italiana inaugurada por Sá de Miranda, os versos de redondilha ou da Medida velha dominavam no paço por imposição da galanteria das Damas. A cada passo encontra-se Camões lisongeando este gosto nas mais delicadas Redondilhas, glosando Motes velhos, ou versos proverbiaes de antigos poetas castelhanos. Muitas vezes se encontram os mesmos Motes glosados tambem por Caminha, por certo por exigencia das Damas; citaremos os que simultaneamente trataram:

Para que me dão tormento (Camões, t. IV, p. 65; Caminha, Poes. ined., p. 227.) - Ay de mi (Id., p. 173; e p. 235.)

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370.)

348.)

Justa fué mi perdicion (p. 111; 245.)
-Na fonte está Lianor (p. 81; 297.)
De pequena tomei amor (p. 61; 298.)
Vida da minha alma (p. 127; 341.)
Catherina bem promette (p. 94; 345.)
- Coifa de beirame (p. 128; 345.)
- Tende-me mão n'elle (p. 134; 350-2.)
Saudade minha (p. 126; 368.)

Sem vós e com meu cuidado (p. 115;

Pariome mi madre, (Camões; Caminha,

- A fuera, consejos vanos (p. 161; 458.) Sobre as praxes exigidas para glosar es

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