DE COIMBRA em que se contêm poefias portuguesas, nossos tempos, com uma Jorge de Um antigo poeta português houve Montemór que em moço se mudou para Castela e lá viveu e compos, em castelhano, a sua tam célebre « Diana ». Mas quando por fim nos fala de Coimbra e relembra a « fermosa ribeyra», subito escreve em língua portuguesa e, com sentimento e linguagem nossa, lindas palavras encontra: «Ο dia que te meus olhos não viam, jamais se alevantavam a cousa que lhes desse gosto... Ausentes de Coimbra, todos que a amâmos somos um pouco como Jorge de Montemor, porque basta que ela se nos levante na memoria para que na alma acorde a ternura que ela apenas sabe despertar. Para consolo das nossas saudades, e em honra e louvor de Coimbra, se ordenou este livrinho de orações lusas, em que sua beleza é celebrada. Beleza composta de sortilégios, de incantação envolvedora e vaga, desde sempre os poetas a sentiram, e ela foi a Bem-Amada que nos húmidos longes da Paisagem lhes ofertou o Filtro das saudades portuguesas. No surdo e fluido esplendor do seu Ar de perolas desfeitas em aladas neblinas, a alma dos poetas afinou-se e cantou, casando-se ao adagio das cousas; porque só ai podem os sonhos abrir à luz seus olhos místicos, sem que as melindrosas pupilas se magõem. Musa de Portugal, meiga Dona dos choupos finos e das claras águas, este livro pertence-lhe, e na 600838 |