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DE

VARIO SABOR

POR

FRANCISCO GOMES DE AMORIM

LISBOA

IMPRENSA NACIONAL

1876

8628

Pertence a propriedade d'este livro, no imperio do Brazil, ao sr. Agostinho José de Almeida, cidadão brazileiro, residente no Pará.

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Ás

As pessoas amaveis e benevolas, que ainda lêem prefacios, são offerecidos estes fructos de vario sabor. Não os tomem, antes de provados, por ostentação de vaidoso pomareiro, que pretendesse inculcar-se como possuidor de preciosas e raras especies. É pequeno o pomar, o cultivador despretencioso e modestissimos os productos da sua colheita. Não se dão aqui d'essas maravilhas, que, por sua belleza, encantam quem as contempla e enchem de justificado orgulho o genio que as tornou perfeitas.

Nos terrenos pobres cria-se apenas o murtinho agreste, as rusticas amoras e os silves

tres medronhos. Póde ser, comtudo, que uma ou outra d'essas pequeninas amostras, apesar do seu gosto acerbo ou agridoce, não desagrade de todo a certos paladares, que gostam da variedade. Para esses appello. Quando os ardores do estio os obriguem a trocar temporariamente os deliciosos acepipes da mesa cidadã pelos simples manjares campezinos, dignem-se pôr então à prova de frugalidade os seus delicados estomagos, acceitando estes fructos mesquinhos. É possivel que o ar vivo e salubre das montanhas, o cheiro dos matos floridos e a excellencia das aguas permittam que elles sejam digeridos sem incommodo notavel. Ha optimos logares para esta experiencia nas abas da serra de Cintra, onde estou escrevendo. Tentem, com paciencia e generosidade. Mas se, por infelicidade minha, sentirem absoluta repugnancia para os alimentos que de cá lhes envio, por não lhes acharem o sabor que imaginavam, creiam que de todo o coração lh'os

mandaria muito melhores, se os tivesse. A falta não é minha: é culpa do pomar, que ha muitos annos está com pêco.

Aos bons e fieis amigos, a quem fiz as dedicatorias, peço que me desculpem por ter, sem sua licença, associado os seus nomes a tão pequenas cousas. Os pobres não podem dar valiosos mimos... Mas ai da amisade se só The fosse permittido manifestar-se com ricas dadivas! Felizmente é com bagatelas que mais vezes se prova a memoria do coração.

Villa Estephania, 8 de abril

de 1876.

F. Gomes de Amorim.

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