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DA ASSOCIAÇÃO DOS ARQUEÓLOGOS PORTUGUÊSES

Depois do Terremoto

SUBSIDIOS PARA A HISTÓRIA

DOS BAIRROS OCIDENTAIS DE LISBOA

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ACADEMIA DAS SCIÊNCIAS DE LISBOA

113-Rua do Arco a Jesus.

LISBOA

Coimbra - Imprensa da Universidade - 1916

PARECER DA SECÇÃO DE HISTÓRIA

E ARQUEOLOGIA

Redigido pelo Sr. Victor Ribeiro

àcêrca da publicação do manuscrito apresentado à Academia
pelo Sr. Gustavo de Matos Sequeira

Quando, ainda há bem poucos dias, o entusiasmo pela arqueologia da cidade se evidenciou tão significativamente pela concorrência numerosa que acudiu a visitar a Exposição Olissiponense, benemérita iniciativa da Associação dos Arqueólogos, o relator do presente parecer escrevera, com destino ao Boletim da Segunda Classe, uma pequena tése, em que se propunha demonstrar, relembrando factos, nunca por demais repetidos, que à iniciativa e esforços daquela ilustre Sociedade scientífica e da Academia, quer na sua acção colectiva, quer nos trabalhos dos seus sócios, se devem os melhores e mais importantes fundamentos dos estudos arqueológicos da capital portuguesa.

O manuscrito que ora temos presente, enviado à Academia, e sôbre o qual nos foi dada a missão honrosa de emitir voto, veiu a talho de fouce corroborar aquêles assertos e corresponder em parte a um dos votos com que se concluia aquela singela dissertação.

Vem corroborar, e de uma maneira positiva, a afirmação, ali exarada, de que ao venerando patriarca da arqueologia olissiponense, ao ilustre académico e arqueólogo Júlio de Castilho, cuja obra patriótica foi a base dos estudos da vida retrospectiva da velha Lisboa, não deve a cidade, não devemos nós todos tão sómente o benefício dos seus livros, dos seus estudos, da sua ousada e generosa iniciativa. ¡Não! A dívida que a cidade, que lhe foi

ditosa pátria, contraiu para com seu honrado e dilecto filho é muito maior. Aquela iniciativa e aquêles trabalhos, infelizmente por culpa não do autor, mas da indiferença do meio, incompletos e inacabados, correspondeu desde logo a criação de uma escola, o aparecimento de um grupo, senão numeroso, pelo menos selecto, de estudiosos e investigadores, que tomando por tema a cidade antiga e seus vários aspectos, começaram publicando memórias, monografias, notícias e estudos, que no seu conjunto, representam já um pecúlio vasto e rico de informações históricas e documentais sôbre as ruas, monumentos, e costumes e tradições da velha capital e dos seus pitorescos arrabaldes.

Á forma, encantadora de poesia, da Lisboa Antiga e da Ribeira de Lisboa, contrapõe-se o rigor geométrico e topográfico das memórias de Vieira da Silva, em que o compasso e o tiralinhas dão o braço ao documento escrito, na resolução dos curiosos problemas da velha cidade, que o terremoto e os barbarismos confundiram.

Freire de Oliveira dá à estampa a longa série dos documentos do arquivo municipal; Gabriel Pereira divaga pelos arredores da cidade, em interessantes monografias; Gomes de Brito dá-nos curiosos relances na Lisboa do passado; Tinóp (Pinto de Carvalho) pinta-nos em estilo original e pitoresco os costumes e traços anedóticos dos séculos xvi, xvm e xix; Ribeiro Cristino deu-nos as suas notas de Estética citadina, etc. A êstes estudiosos, o Sr. Matos Sequeira, de há muito sócio e secretário da Associação dos Arqueólogos, onde os seus bons serviços e louvável dedicação tantas vezes se tem evidenciado, como na organização da exposição Olissiponense, sai à estacada, com a refundição larga e completa dos estudos que desde 1903 iniciara, sob o título A Velha Lisboa, história de um bairro - cujos primeiros capítulos estampou no Ocidente, em esbôço, e que, remodelados, ampliados e continuados sob mais vasto plano, agora expõe à consideração da Academia, intitulando-os - Depois do Terremoto.- Subsídios para a história dos bairros ocidentais de Lisboa.

Confirmando a asserção de que a iniciativa do Sr. Júlio de Castilho produzira discipulos, o Sr. Matos Sequeira, apresenta-senos, por todos os respeitos, quer pela veneração ao Mestre, quer pela orientação geral do trabalho, a um tempo leve, despreten

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