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de Vide; a herdade de Camões na freguesia do Maranhão, concelho de Avis, e a povoação de Camões, perto de Sarzedas.

O Mestre havia sido condescendente, porquanto Vasco Pires de Camões usara de resistência para com êle, na qualidade de Alcaide de Alenquer. Fez pronunciar a vila por Castela, ao que acudiu D. João cercando-lhe os muros; a situação insustentável para o Camões, enviou fora a seu sogro, Gonçalo Tenreiro, a negociar as condições da entrega; e desesperado ficou ao ver que o Mestre nem ao menos lhe adocicava a derrota com algumas moedas num trapito !...

Vasco Pires de Camões também foi poeta; e assim deveria ser, já êle como ascendente de Luís de Camões, já Luís de Camões como seu descendente. Pertenceu aos poetas trovadores, o último reduto da Escola Provençal, contra a onda italiana. En su tiempo no se halló hombre tan fundado en todas ciencias, como el.

Morreu em Aljubarrota combatendo nas fileiras do rei de Castela; ai pereceu também Aires Pires de Camões, parente ou irmão, que já em 1384 aparece numa Armada de Portugal a devastar as costas da Galiza.

Estes foram os descendentes de Vasco Pires pelo seu primogénito Gonçalo Vasques

Vou entrar num catálogo numeroso de nomes e que, portanto, é árido e pesado; mas tudo servirá de pedra de salto onde outros pularão para novos voos; cada minúcia genealógica é um favor à sciência antropológica; dai nascerá o sentido oculto que achará como o filho descende do pai; pelo exame dos frutos do Presente se saberá o sabor dos do Passado; e pelo Presente e pelo Passado se adivinhará o Vindoiro !

Não é um trabalho perdulário e vão, o que se encaminha à busca de descendentes, onde se possa olhar de rosto a rosto, fisionomia e temperamento duma tribu da qual fôra nascido Luís de Camões. Estude-se um homem para conhecimento das leis da Hereditariedade e fenómenos que regem a descendència dos outros homens.

Minuciosamente me quero outro-sim aproximar do deciframento da Lenda do Maranhão do rigoroso Alentejo do termo de Avis.

Neste povoado de tradições rumorosas, de velhas torres, algaras e horizontes, viveu Gon

çalo Vasques de Camões; é Vasques o patronimico de Vasco, e Vaz a abreviação de Vasques. Foi casado com D. Constança da Fonseca, filha de António Vasques da Fonseca, alcaide-mor de Moreira e Marialva. Em tempos, bons fidalgos viveram em Avis; aí estava aquartelada a nobreza do Reino, no convento ou pardieiros da velha povoação debruçados em varandas sobre a planície por onde ainda hoje parecem perpassar estrépitos de cavalos, caçadas reais, labutas agrárias de morgadios. Pois na era anterior a Vasco da Gama, no tempo da ternura pela horta, pelo olivedo e pelo cerrado, antes da dispersão na concha do Mundo ao desabrigo do Mar e do frio dos salpicos, nos tempos do coração agrícola e carinhoso em que se acendiam as lâmpadas nos nichos e era assim a iluminação das vilas por toda a imensidade dos campos tristes, era a vila dos freires a sábia cabeça, uma estante de biblioteca, uma espada de ferro e uma mansão, por essas estepes sem fim e èsses montados que corriam Antre o Tejo e o Diana! No tempo em que Camões foi desterrado, lá viveria também, visitaria os terreiros e a botica em familiar e suave cavaqueira com algum licenciado do tempo de Coimbra, ou fidalgo literato do convento.

Gonçalo Vasques de Camões nasceu em Évora; herdeiro do pai e do sogro, instituiu nessa cidade um morgadio, tão poderoso tornado e conhecido pelo nome de Camoeira. Houve em Évora uma filha Beatriz legitimada em 1427; e do matrimónio nasceram depois, o herdeiro Lopo Vaz de Camões e D. Aldonsa Anes de Camões e talvez António Vaz de Camões, a quem os genealogistas, sem excepção, atribuem a herança e progenitura; contudo, dizem não saber com quem casou, salvo D. Tomás Caetano do Bem que o dá com uma filha de João de Brito. Não é verdade; o primogénito e herdeiro foi Lopo Vaz (tal o demonstra um documento da Torre do Tombo, que se buscará nos indices da chancelaria de Afonso V, no que diz respeito a Câmara de Évora; é de 1459).

Morreu Gonçalo Vasques em Avis e foi sepultado na igreja do convento. O palácio em que algumas vezes residiu, em Évora, fica ao fundo da rua do Espirito Santo e foi conhecido por Casas du Camoeira. As duas herdades da Càmoeira, é uma na freguesia de São Bento do Mato e outra na de São Marcos da Abóbada.

A filha, D. Aldonsa Anes de Camões, foi mulher do alcaide-mor de Avis, o eborense Rui Casco, e houve os filhos seguintes: André Casco,

Henrique Casco e Martim Casco; e houve a Manuel Casco e a D. Leonor de Camões, resi-. dente em Moura, mulher de D. Pedro de Eça, alcaide-mor daquela vila; e houve houve mais a D. Mécia da Fonseca e a D. Maria Casco. Foi André Casco casado com D. Violante Mesurado, e moradores que foram em Avis lá tiveram a D. Guiomar Casco. Foi Guiomar Casco mulher de Gonçalo Sueiro de Andrade, fidalgo do Infante D. Henrique; e moradores que foram em Avis lá tiveram a Francisco de Azevedo, Antónia Casco e Luísa Casco de Azevedo. Esta Luísa casou em Avis em 1587 com Álvaro Anes de Castelo Branco e falecia em 1616, na casa grande da rua dos Calados (esquina, à esquerda, para a rua de Frei Filipe). Foi herdeiro Francisco de Azevedo, que casou com Isabel de Lemos e houve Afonso Sueiro de Albergaria. Jazem pessoas da familia Casco na Igreja do convento de Avis, em campas com inscrições lapidares.

Lopo Vaz de Camões herdou o morgado e herdades em Extremoz e Avis. Foi fidalgo e cavaleiro da Casa de El-Rei; casou com D. Inês Gomes da Câmara, neta de João Gonçalves Zarco, o descobridor da ilha da Madeira. Em 1459 foi

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