A triste canção do sul: subsidios para a historia do fadoGomes de Carvalho, 1904 - 302 pagina's |
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Populaire passages
Pagina 159 - Chorae, fadistas, chorae «Que a Severa se finou «O gosto que tinha o fado «Tudo com ella acabou.
Pagina 213 - Beín te podem chamar corte, Que tens a Rainha-Santa Da banda de alem da ponte. Estudantes de Coimbra Têm dois peccados mortaes: Não fazem caso dos livros E gastam dinheiro aos paes. Se houver de tomar amores Hade ser com um estudante; Ainda que não tenha dinheiro, Tem o passear galante.
Pagina 217 - Foge, lua, envergonhada, Retira-te lá do céu, Que o olhar da minha amada Tem mais brilho do que o teu. Os teus olhos são escuros Como a noite mais cerrada; Apesar de tanto escuros Sem eles não vejo nada.
Pagina 277 - Não precisa Meu seio dos beijos teus; Não te adoro ... és inconstante . . . Outro amante, Outro amante aos sonhos meus! Tu passas de noite e dia Sem poesia A repetir-me os teus ais; Não te adoro . . . quero o norte Que é mais forte, Que é mais forte e eu amo mais!
Pagina 34 - molde primitivo" é este: "um período de 8 compassos em 3/4, dividido em 2 membros iguais e simétricos, de 2 desenhos cada um; preferência do modo menor, embora muitas vezes passe para o maior, com a mesma melodia ou com outra: acompanhamento de arpejo em semicolcheias, feito únicam. com os acordes da tónica e da dominante, alternados de 2 em 2 compassos.
Pagina 48 - ... fadista. O fadista não trabalha nem possui capitais que representem uma acumulação de trabalho anterior. Vive dos expedientes da exploração do seu próximo. Faz-se sustentar de ordinário por uma mulher pública, que ele espanca sistematicamente. Não tem domicílio certo. Habita sucessivamente na taberna, na batota, no chinquilho, no bordel ou na esquadra da polícia. Está inteiramente atrofiado pela ociosidade, pelas noitadas, pelo abuso do tabaco e do álcool. É um anêmico, um cobarde...
Pagina 48 - É um anêmico, um cobarde e um estúpido. Tem tosse e tem febre; o seu peito é côncavo, os braços são frágeis, as pernas cambadas; as mãos, finas e pálidas como as das mulheres, suadas, com as unhas crescidas, de vadio; os dedos queimados e enegrecidos pelo cigarro; a cabeleira fétida, enfarinhada de poeira e de caspa, reluzente de banha. A ferramenta do seu ofício consta...
Pagina 49 - O fadista imita esses senhores na escolha que eles fazem dos seus trajos de pândega. Usa como eles a bota fina de tacão apiorrado ou o salto de prateleira, a calça estrangulada no joelho e apolainada até o bico do pé, a cinta, a jaleca de astracã eo chapéu arremessado para a nuca pelo dedo polegar, com o gesto clássico do grande estilo canalha.
Pagina 49 - A guitarra, seu instrumento de indústria e de amor, dedilha-a ele com um desfastio impávido, deixando pender o cigarro do canto do beiço pegajoso, gretado e descaído; com um olho fechado ao fumo do tabaco eo outro aberto mas apagado, dormente, perdido no vago em uma contemplação imbecil; o tronco do corpo caído molemente para cima do quadril; a perna encurvada com o bico do pé para fora; o cachucho da amante reluzindo na mão pálida e suja. Também canta, algumas vezes, apoiando a mão na...
Pagina 104 - Andar à chuva e aos ventos, Quer de verão quer de inverno; Parecem o próprio inferno As tempestades! As tempestades ! Don, don. As nossas necessidades Nos obriga a navegar, A passar tempos no mar, E aguaceiros. Passam-se dias inteiros Sem se poder cozinhar; Nem tão pouco mal assar Nossa comida!