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Ordem de Christo do Brazil, commendador da mesma Ordem de Portugal e official da Imperial Ordem da Rosa.

Fôra socio da Sociedade Real de Medicina de Gand, membro correspondente de 1a classe do Instituto de França, socio da Sociedade Geographica de Paris e do Cercle Médical de Montpellier.

A proposito do monumento que diz a noticia supracitada vai erguer-se na campa de José Bonifacio, direi de passagem que em Abril do corrente anno o săr. conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira, então presidente da provincia de S. Paulo, encarregou de architectar tumulo condigno do immortal patriarcha ao laureado cinzelador do Christo e a Magdalena, o sir. Rodolpho Bernardelli. Como se sabe, José Bonifacio jaz na igreja de Nossa Senhora do Carmo, na cidade de Santos, onde não ha ainda muitos dias lhe visitou a campa singela o Imperador, ajoelhando-se, segundo referem os noticiaristas da excursão imperial, deante do que resta do seu venerando tutor.

Voltando ao dr. Joaquim Caetano, lembrarei que o nosso infatigavel consocio, o sir. dr. Moreira de Azevedo, se refere aos primeiros e promissores trabalhos do nosso philologo na sua erudita memoria Sociedades fundadas no Brazil desde os tempos coloniaes até o começo do actual reinado, impressa na Revista do Instituto do anno passado, parte II, pg. 287.

Devo ainda relembrar o serviço importante que o dr. Joaquim Caetano prestou não só ao Instituto como á Historia Patria, copiando no Archivo Publico de Haya, entre os annos de 1850 e 1853, documentos preciosos ali existentes, relativos ao periodo historico do dominio. batavo; serviço de mór valia que o snr. dr. José Hygino Duarte Pereira, nosso consocio hoje, acaba de completar com zelo e patriotismo superiores a todo o encomio.

Por diploma datado de 29 de Dezembro de 1838 teve o dr. Joaquim Caetano assento no nosso Instituto como

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P. II-VOL. XLIX

seu membro correspondente; a 15 de Abril de 1839 passou á effectividade do titulo e a 8 de Julho de 1859 foi elevado á alta categoria de membro honorario, predicamento que a nossa associação nunca barateia.

Da relação inedita das suas obras, que me foi cavalheiramente franqueada pelo nosso digno consocio o shr. dr. Sacramento Blacke, transcrevo o seguinte, que servirá como que de recapitulação dos productos da sua actividade intellectual e do seu patriotismo.

Escreveu o dr. Joaquim Caetano da Silva:

Supplemento ao diccionario de Antonio de Moraes e Silva apresentado á Sociedade Litteraria Luso-brasiliense, creada em Montpellier para a instrucção mutua da lingua portugueza, relação de 490 nomes que haviam escapado a Moraes. Neste supplemento acham-se mencionados esses nomes, e mais quatrocentos tirados de outros auctores, como Garção, Diniz, Francisco Manuel do Nascimento, etc.

O manuscripto d'esta obra acha-se em poder do sur. João Antonio de Oliveira, genro do auctor.

Fragment d'une mémoire sur la chute des corps, présentée au Cercle médicale de Montpellier le 11 fecrier 1836.

Quelques idées de philosophie médicale, presentées et publiquement soutenues á la faculté de Médecine de Montpellier le 29 aoust 1837, pour obtenir le grade de docteur en médecine.

Memoria sobre os limites do Brasil com a Guyana franceza conforme o sentido exacto do artigo 8° do Tractado de Utrecht.

-Foi publicada na Revista do Instituto Historico, tomo XIV, de pp. 421 a 512, depois de lida em sessões de 26 de Setembro e 10 e 24 de Outubro de 1851.

Esta memoria foi laureada pelo Instituto. Reproduziu-a o dr. Mello Moraes na sua Corographia historica do Imperio do Brazil, como já ficou dito.

L'Oyapok et l'Amasone: Question brésilienne et francaise. Paris, 1861, 2 vols. in-8° gr.

Questões americanas.

«Com este titulo, diz o auctor, emprehendo apurar

varios pontos que Alexandre d'Humboldt deixou indecisos no seu Exame critice da historia da geographia do novo Continente. »

A molestia de olhos, que lhe sobre veio por esse tempo e lhe arrebatou a vista, não lhe consentiu que passasse de duas memorias: Antilia, publicada na Revista do Instituto, tomo XXVI, 1863, de pp. 269 a 300; e Brasil, lida en sessão perante o Instituto: revellam ambas, como pondera o dr. J. M. de Macedo, estudo descommunal; «na ultima, porém, na que trata da origem do nome Brazil, que ficou ao Imperio americano, maravilhão o criterio, e abysmo de averiguações, e a profunda sciencia. que o elevou á orientalista applaudido pelos orientalistas mais celebres da França.»

Grammatica Portugueza.-Inedita.
Mechanismo da lingua grega.— Idem.

<< Nesta obra, accrescenta o sñr. dr. Blacke, se revela o auctor um perfeito hellenista, segundo me informa pessoa competente, que a viu. »

Existem outros escriptos seus de menor tomo esparsos em revistas nacionaes e outras e alguns ineditos. No tomo xv, 1852, da Revista trimensal do Instituto

vem o seu

Appendice ao parecer do Sr. Diogo Soares da Silva de Bivar sobre o Indice chronologico do Sr. Agostinho Marques Perdigão Malheiro.

Neste escripto apresenta o auctor quarenta e oito duvidas ás asserções de Diogo de Bivar.

Sobre a gravidade. Publicado no tomo 1, pp. 66 a 68 da Minerva Brasiliense.

O Oyapok: memoria apresentada á Sociedade de Geographia de Paris. Vem reproduzida na Revista Popular (Rio de Janeiro, B. L. Garnier), tomo 1, pp. 37 a 42, 163 a 167, 224 a 232 e 39 bis a 45.

Eis o que me occorre dizer sobre este venerando morto. Fica assim resgatada a divida que o Instituto

tinha em aberto para com a memoria do seu tão illustrado quão virtuoso consocio, que soube, como Thomaz Gomesdos Santos, honrar na mocidade o nome brasileiro na terra estrangeira e glorifical-o na idade provecta no seu proprio paiz, pelo cultivo assiduo e serio das boas lettras, até lhe bater a hora do somno derradeiro.

DR. J. A. TEIXEIRA DE MELLO.

O Barão de Villa Franca

(Lida na noite de 9 de Dezembro de 1886)

Discursar da vida de um heroe de cem batalhas. cujos feitos foram repetidos por todos os echos e apregoados pelas tubas da fama, graças á prodigiosa prodigalidade da imprensa, é por certo cousa facil. O assumpto por si mesmo se impõe. E', porém, seguramente mais difficil fallar de quem, recolhido da scena movediça da politica, consagrou o resto dos seus dias ás placidas fruições do lar domestico, sem comtudo se descuidar do que podia trazer proveito aos seus concidadãos, dando-lhes ás mãos cheias o fructo de suas locubrações e experiencia, sem atordoar o mundo com o ruido de seus passos. Venho tratar de um homem d'estes, que, depois de ter subido muito alto na escala da publica administração. fez como Cincinato: voltou aos campos e á charrua. A Historia lhe não tomará talvez o nome (si as multidões

não acclamaram!) e elle, preenchida a sua missão, deslisou-se silenciosamente da penumbra da vida para a incommensuravel escuridão do sepulchro.

Intentei traçar-lhe a biographia quando vivia ainda, mas retrahiu-me a penna a presumpção de que a sua elevada posição social pudesse guial-a movida pelo interesse proprio poderia parecer que se deixava ella levar por considerações humanas e cegar-se a suggestões pessoaes, que cerceiam a imparcialidade e obliteram o juizo, pois não raro costuma este descahir para o optimismo, si a sympathia pessoal está de permeio, ou pender para o pessimismo, si o odio lhe tempéra as tintas e ministra as idéias. Deante, porém, do sepulchro aberto de fresco esse receio desapparece.

Tomo, pois, desassombradamente a penna para esboçar a vida do barão de Villa-Franca.

I

O dr. Ignacio Francisco Silveira da Motta, barão de Villa-Franca, filho legitimo do conselheiro Joaquim Ignacio Silveira da Motta e de d. Anna Luiza da Gama, nasceu a 26 de Julho de 1815 na cidade de Goyaz, a antiga VillaBôa, onde seu pae estava exercendo o cargo de ouvidor.

Fez os estudos preliminares na cidade do Rio de Janeiro e formou-se em sciencias sociaes e juridicas na Faculdade de S. Paulo, recebendo o grau de bacharel no anno de 1838. Na Lista geral dos bachareis e doutores que têem obtido o diploma naquelle curso, publicada por ordem do Governo, em 1884, pelo snr. Artidóro Augusto Xavier Pinheiro, figura o seu nome naquella data.

Serviu diversos lugares de magistratura desde o anno de 1841 até ao de 1852, sendo um d'elles o de juiz municipal em Maricá, interrompendo a sua carreira em commissões do Governo, onde quer que fossem precisos os seus serios conhecimentos do direito e o seu zelo pelo publico serviço. No anno de 1848 exerceu o cargo de secretario do governo da provincia de Pernambuco sob a

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