OU TRADUCÇÃO POETICA DA EPOPÉA DE PUBLIO VIRGILIO MARO, Por MANUEL ODORICO MENDES, da cidade de S. Luiz do Maranhão. PARÍS. NA TYPOGRAPHIA DE RIGNOUX, rua Monsieur - le - Prince, 31. 1854 Sumite materiam vestris, qui scribitis, æquam Viribus. . . (HORAT.) Não possuindo o ingenho indispensavel para emprehender uma obra original ao menos de segunda ordem, persuadido porêm de que o estudo da lingua e a frequente lição da poesía me habilitavam para verter em portuguez a epopea mais do meu gôsto; annos ha, com a Eneida me tenho occupado. Por contente me dou se obtenho um lugar ao pé de Annibal Caro, Pope, Monti, Francisco Manuel, e de outros bons traductores poetas; e, a ser-me isto vedado, consólo-me com o prazer bebido nas ficções de Vir gilio; cujos versos, á medida que os ia passando, me transportavam ao tempo em que, aprendendo o latim sob o meu saudoso amigo Fr. Ignacio Caetano de Vilhena Ribeiro, vivi na patria com os condiscipulos, sem cuidados nem dissabores. Este prazer, em verdade, foi o que me sustentou em tam ardua e longa tarefa, ainda mais que o desejo de louvores; os quaes todavia agradam ao nosso amor proprio, e folgarei de os merecer. M. O. M. C ADVERTENCIA. Em as notas, que ajunto no fim de cada livro, ha dous numeros: um indica o verso do original; o segundo, o da traducção. Quando cito um só número, entenda-se que he do original. Sigo o texto de Carlos de La Rue. Começo a contar desde Ille ego qui quondam, etc., em razão do que declaro na primeira nota do livro primeiro. Adoptei algumas palavras do latim e compuz não poucas por me parecerem necessarias na occasião. De algumas faço menção nas notas; de outras não tratei, por ser obvio o sentido em que as tómo. |