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1.° ANNO

DO PORTO

REDACTOR-CAMILLO CASTELLO-BRANCO.

PROEMIO

JANEIRO 6-1868

Se boa vontade e esforços vingassem naturalisar nesta. illustrada terra um periodico litterario, seria isso, quando não util, pelo menos airoso e até louvavel.

NUMERO 4

ceavam as mais mansas e pacientes: os litteratos novéis e os litteratos caducos. Uns frechavam-os por ignorantes; os outros por derrancados de sciencia velha.

Ora, despresada a maledicencia como esteril, que importa ao leitor do periodico saber quantos gallicismos escrevi nos meus livros, quantas offensas á grammatica fez o meu Deve ser coisa reparada, la onde se moteja a penuria visinho? Quem lê no intento de espairccer de graves occuda instrucção no Porto, que tantos escriptores abalisados pações ou aprender alguma coisa util decerto me não atura nas lides politicas e palestras litterarias dos « cafés não bas-a pedagogica philaucia com que eu venho delatar aos contem a defender os seus concidadãos accusados de inimigos temporaneos e á posteridade que um tal poeta ou novelleiro das boas lettras! mancou una estrophe ou fez um personagem aleijado. Esse

E' injustissima e quase injuriosa a accusação. Quem leitor sisudo, que ja leu periodicos francezes, admira-se de estas linhas escreve falsearia sua consciencia, consentindo que não possamos em linguagem portugueza entretêl-o com na immerecida nota com que irreflectidamento se desdoura publicações analogas. Será mingua de instrucção variada uma terra em que eu não somente contribui para despertar em quem redige? Será tendencia de apoucar o que é já de em espiritos ja cultivados o gosto da leitura de livros, embora si pequeno, impurrando-se uns a outros, para fora do panfrivolos, senão que dei alento a editores que, fiados e seguros theon, sujeitos a quem a eternidade do nome ainda se no consumo das obras, se arrojassem a dispendiosas empre-afigura duvidosa? Será insufficiencia para tamanho officio como é deleitar ensinando? Seja o que for: em quanto o chorar sobre periodicos extinctos não tiver gratificação no orçamento do estado, eu não sei que sinceramente alguem possa carpir o trespasse dos periodicos litterarios que viram, no Porto, a luz, sem que a luz os visse, no decurso destes ultimos dose annos.

zas.

Argumentar contra o gosto litterario do Porto fundando a queixa em que não passam de quinhentos os compradores do livro recreativo, é auctorisar-nos a perguntar se Lisboa os terá. E, se alguem pasmar da confrontação, ser-mo-ha facil, com o exemplo de minhas obras propriamente, testificar que mais de metade das edições publicadas em Lisboa são aqui vendidas.

Em mais antigo tempo, nasceram o medraram nesta boa terra-boa para todos os trabalhadores proveitososAinda pelo que respeita a livros de sciencia, dado que algumas publicações periodicas de elevado quilate e beneo consumo seja menor, é elle superior ao que deve suppor- meritas de coadjuvação. Nomciam-se com honra para os se n'uma terra em que faltam congressos e estabelecimentos seus redactores, muitos dos quaes ainda primam na phalanlitterarios sob nomes pomposos e indicativos de grande faige da geração que não foi por emquanto substituida: primeiro na intellectual. Parece pois que ha muito quem leia e pou-a REVISTA LITTERARIA, e depois a PENINSULA. E d'ahi? Acabaquissimo quem, alardeie. A sciencia vive aqui mais vida de gabinete que de praça. Muitos dos homens que mais lêem e intendem são conhecidos unicamente pela sua importancia commercial; e ha d'elles que vos podem maravilhar com a riqueza de suas bibliothecas manuseadas, e não ja de mera ostentação.

ram. Pois por que não? Os viçosos engenhos que derramaram seiva e aromas por essas paginas, tão depressa lhes soou a hora de fructearem, levaram mão d'esse lavor util para os outros, e cuidaram seriamente de suas pessoas, com um esmero que devêra chamar-se «egoismo», se esta palavra, que sôa mal em ouvidos portuguezes, não estivesse tão germaDonde procede por tanto a incoherente incompatibili- nada com a essencia homana, que é tudo uma e mesma padade dos periodicos litterarios com o Porto? De muitas cau- lavra. De mais disso, querer afidalgar de profissão indets. Algumas se hão do esquivar ao desagrado dos mesmos pendente de outra o viver das amenidades d'um semanario que as deram: seria desproposito vir eu aqui menoscabar de lettras é subtilisar a compleição organica do escriptor á à vida infesada e ruim que viveram ephemeramente alguns extremada economia da abelha que fabrica os favos de suc«semanarios já mortos e esquecidos. Chamaram-se litte- cos tão despreciados que para fruil-os ainda não ha lei de rarios. Não podia salval-os o desvanecimento do descabido concurso, que cu saiba. epitheto; que nem tudo que se concerta de lettras é litterario. Iniquidade grande é querer que o Porto, por amor e gloria de seus foros de instruido, aviventasso publicações de tal porte que lhe redundava em maior lustre e proveito deixal-as acabar. ' melhor estar as escuras que n'um quarto allumiado por sail: quer-me parecer isto.

Por que não teve nono volume a 1.a serie do PANORAMA, aquelle primoroso e ainda não imitado exemplar de periodico litterario? Foi por que, ao cabo de oito annos, cada collaborador se alou para outras regiões mais lucrativas, queixando-se acremente de que as lettras em Portugal não grangeam o bastante para subtrahirem o escriptor da deAlém de que, os meus collegas n'esto genero de publi-pendencia dos cofres da republica. O pequeno coração dos cações intenderam quase sempre que a alma d'um periodi-que escrevem está em não se convencerem de que o sacrifico litterario era a crytica abastardada om satyra, e a saty- cio glorioso de alqueivar os maninhos para as cearas dos ra desbragada em insolencia. Na escôlha de victimas, recen-vindouros é superior, é incomparavel ás delicias de sentir o

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