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DO

INSTITUTO ARCHEOLOGICO E GEOGRAPHICO

PERNAMBUCANO

COMMISSÃO DE REDACÇÃO

Drs. Pereira da Costa, Alfredo de Carvalho e Arthur Muniz

ARCHEOLOGICO

11

Os heroicos feitos dos antigos,
Tende vivos e impressos na memoria,
Alli vereis esforço nos perigos,
Alli ordem na paz digna de gloria.
Prosopopéa.-Bento Teixeira Pinto

VOLUME XIII

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PERNAMBUCANO

JANEIRO

RECIFE

TYPOGRAPHIA DO « JORNAL DO RECIFE >
47 Rua 15 de Novembro - 47

1908

328771

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Sem poder imaginar interesse algum para o publico, nem para a minha familia a publicação destas recordações, com tudo para não levar á sepultura o sobrenome de emperrado, cedi á minha familia e á meus amigos. Estas recordações mal alinhavadas, provam não obstante o espirito e o objecto, que houve naquelle movimento imaginado por meu amigo Manoel Clemente Cavalcanti de Albuquerque e por mim. Hoje e então ninguem duvida que o Brasil queria dever sómente a si seus melhoramentos.

Eis aqui neste movimento a consequencia natural dos desejos do Brasil. Embora não queiram confessar, os factos o attestam.

Isto que dizemos não foi commemorado por escriptor algum, e assim nós na obrigação de não deixarmos esta

parte da historia do Brasil (parte principal) em esquecimento.

Estas recordações são incompletas, entretanto de alguma cousa servirão, não obstante a idade de 82 annos, além dos. males physicos e moraes da idade.

axalá que não me increpem de phantastico. E' uma condescendencia com minha familia e meus amigos.-- l'ale.

OBD

O rarissimo opusculo reproduzido nas paginas seguintes foi primitivamente impresso, com o titulo de MOVIMENTO REVOLUCIONARIO DE GOIANNA EM 1817 (sic), em Pernambuco, Typographia Mercantil 1873. in-8° de 68 pp. Desgostoso o Autor com as numerosas incorrecções que, a começar do frontispicio, o inçavam, mandou queimar toda a edição, tendo escapado ás chammas poucos exemplares, quatro ou cinco, o que explica assás a sua extrema raridade.

Appareceu anonymamente; mas, do prologo e do conteúdo se infere ter sido escripto por Felippe Mena Calado da Fonseca.

A. DE C.

RECORDAÇÕES

Desde pouca idade, ligado a todos os interesses do Brasil sentia-me dedicado a sua prosperidade: d'ahi proveio singir-me ao movimento tresloucado, mas nobre, de 1817, nesta provincia, onde espero terminar a vida, a consequencia foi ser arrebatado pelo redemuinho que envolveu os impensados republicanos dessa era; sendo levado com numero grande de compromettidos para a cadeia da Bahia, onde entramos tresentos e tantos.

Com o tempo decorrido em outras prisões, alli quasi completámos quatro annos. Entre os que foram soltos, fui eu comprehendido e o meu companheiro e Amigo Manoel Clemente Cavalcanti de Albuquerque. Então communicados por homens liberaes daquella cidade, pertencemos a uma reunião, onde se debatião idéas de melhoramentos territoriaes. Em uma das sessões (e isto em principios de 1821) soube-se ali dos sustos de El-Rei D. João VI por effeito do abalo causado pelo acto de 1817 nesta provin

cia; no Mexico e nas outras collonias Espanholas; factos sobre-vindos no Rio da Prata etc.; e que pretendendo o Rei conservar o Brasil ligado a Portugal devera resguardar este da sorte das collonias Espanholas, guarnecendo-o de tropas de Portugal; que suppunha capazes de embaraçar qualquer movimento politico.

Além de 12000 homens que tinha mandado para Montividéo commandados pelo general Lecor, (Barão de Laguna) mandou para Maranhão o coronel Fidié commandando um batalhão portuguez. Em Pernambuco achava-se o general Luiz do Rego com um batalhão do Algarve, do Reino de Portugal; na Bahia o brigadeiro Madeira, com outro batalhão de Almeida; no Rio de Janeiro, o general Garcez com bastante tropa-medida que denominaram cordão Sanitario alludindo ao fim a que se propunham succedeu quasi ao mesmo tempo a noticia de que o general Luiz do Rego offerecêra a El-Rei 12:000 homens desciplinados como tropa de linha, fardados e armados-estes todos pernambucanos excepto a officialidade que era toda de Portugal.

Todas estas aterradoras noticias, dispertando os brios. brasileiros, fizeram que neste atropelo se discutisse um meio de quebrar este-cordão Sanitario-voltando-se todas as vistas para Pernambuco. Nesta deligencia occorreu a necessidade de promover-se uma revolução que lançasse fóra da provincia o general Luiz do Rego, a enxorrada de officiaes e a tropa de Portugal. Era indispensavel achar um homem para chefe deste movimento, recahio a escolha (não minha nem de meu Amigo Manoel Clemente) no morgado, depois marquez do Recife, que tinha estado preso na cadeia da Bahia com os mais, e então já solto, tendo este sido denunciado pelos muitos espiões de Luiz do Rego, este o embarcou com todos aquelles que suppoz seus colloboradores remettendo-os para Portugal. Sabida a noticia tornou a congregar-se a reunião dos liberaes, e fez-se nova escolha - foi esta a do coronel José de Barros Falcão tambem já sôlto da cadeia da Bahia. Essa segunda expedição teve a mesma sorte da primeira; sabendo-se logo depois que o referido coronel e os seus asseclas tinham sido mandados pelo mesmo Luiz do Rego para Fernando. Todos esses successos decorreram até depois da revolução

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