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lhe a vida, e assim se concluio este caso, e o Soldado veio para Portugal nas Tropas.

zas,

No dia 8 de Março chegárão as Tropas ao Lugar de Dom Bonito, aonde esperava a D. Pedro de Almeida hum Tenente-General Hespanhol da parte do Marquez de Bay, para lhe dar as boas vindas de ter entrado na sua Provincia, e prevenilo, de que, com grande sentimento seu, recebera ordem da sua Côrte para reconhecer as Tropas Portuguee tirar-lhes todos os cavallos, que se tivesse reclutado na marcha, e que bem sabia o que obrigavão os preceitos dos Soberanos: pelo que não estranharia que elle, ainda que contra vontade, os pusesse em execução. Não deo este recado abalo algum ao General, porque ainda no caso de se deixar fazer o reconheci mento, se averiguaria melhor a falsidade daquella noticia, e como estava seguro no que tinha obrado, tratou ao Tenente-Coronel com grande civilidade, e agrado, convidando

o a jantar, e depois que acabou, deo a resposta ao recado do Marquez de Bay, cheia de muita civilidade, e agradecimento, dizendo: que reconhecia a obrigação, que sua Excellencia tinha de executar as ordens da sua Côrte, e que isto mesmo o persuadiria a que elle se não deixaria reconhecer senão com todo o decóro, para o que esperava a sua Excellencia na testa das suas Tropas, para o receber na mesma forma que Sua Excellencia sabia se deixara reconhecer na batalha de Garagoça (que havia perdido) e que todas as vezes que Sua Excellencia quizesse, o acharia prompto e para dar maior impressão ao Tenente-Coronel, em quanto se dilatava naquelle Lugar, chamou logo todos os Coroneis a Conselho, e lhes disse: que elle os convocara para lhes participar a resolução, em que estava de se não deixar reconhecer pelo Marquez de Bay; e que no caso que elle o intentasse por violencia, estava na firme resolução de se defender com as

armas na mão: o que supposto, fos sem logo prevenir os seus corpos, e distribuir polvora, e bala aos Soldados, e ao mesmo tempo ordenou que a bagagem se puzesse em mar cha com hum destacamento de Cavallaria pelo caminho mais breve para Portugal, donde já estava pouco distante.

O Tenente-Coronel, que se dilatou dois dias naquelle Lugar, exa minou cuidadosamente a verdade sobre o caso, que o Commissario tinha escrito á Côrte de Madrid, e achando tudo falso, o representou ao Marquez de Bay, o qual com esta informação mandou ao Marechal de Campo o Marquez de S. Vicente esperar a D. Pedro de Almeida no Lugar de Almendralejo a dar-lhe huma pública satisfação da injusta conta, que dera o Commissario á Côrte de Madrid, e na presença de todos os Officiaes chamou o dito Commissario, e lhe lêo a mesma carta original, que elle escrevera á Côrte, e The perguntou a razão porque a es

crevera sendo tudo falso, o que ella continha; ao que elle convencido, e envergonhado nada pode responder; e depois de reprehendido públi camente com termos asperos, e injuriosos, pedio ao General D. Pedro, que lhe perdoasse, dizendo-lhe, que o tal Commissario estava muito malquisto antecedentemente em Madrid, e que entendendo que por aquelle caminho fazia serviço de se mostrar zeloso, e vigilante, cahio naquelle absurdo, entendendo, que se não poderia averiguar. O General D. Pedro de Almeida pedio ao Marquez de S. Vicente, com vivas expressões, que por aquelle caso não succedesse nenhum mal ao Commissario; porque elle não pertendia mais satisfação do que a que tinha recebido; e pouco depois escreveo ao Marquez Gri maldi, Secretario do Despacho Universal da Côrte de Madrid, e ao Secretario d' Estado Diogo de Mendonça Côrte-Real, dando-lhe conta da averiguação, que tinha feito, louvando muito a prudencia de D. Pedro

de Almeida, e aande disciplina, com que conduzira as Tropas por toda a Hespanha.

O Marquez de Bay, para fazer mais plauzivel aquella satisfação, tinha mandado com o Marquez de S. Vicente os seus Conselheiros, e a sua baixella de prata, para que naquelle Lugar se preparasse hum magnifico jantar para o nosso General, e mais Officiaes maiores, a quem convidou o Marquez, significandolhes o sentimento, que o Marquez de Bay tinha de não poder assistir, por The não ser possivel sahir de Badajoz, D. Pedro de Almeida se deteve naquelle lugar mais hum dia com as Tropas para poder corresponder com o mesmo convite ao Marquez de S. Vicente, e aos Officiaes, que com elle vierão, e ao mesmo Commissario; e por estar já mui vizinho de Portugal, despachou pela posta ao Capitão Damião Borges, dando conta de tudo o que tinha succedido e representando a EIRei, que, sem embargo daquelle caso, lhe parecia

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