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ptores Hespanhoes, vinte e cinco Portugue zes (19.), cujos nomes, patria, e qualidade de seus Escriptos se podem ver no citado Casiri, Tomo primeiro (a).

Apontaremos aqui apenas os nomes de tres escriptores, que deram tal ou qual lustre á Litteratura Portugueza no espaço de tempo, por que vamos discorrendo; e não obstante sabermos, que destes mesmos os dous ultimos são havidos por incertos na opinião de muitos criticos, sem intrometter-nos em suas eruditas controversias, fazemos delles memoria com esta previa correcção, por andarem os nomes dos ditos Autores em alguns livros nossos, não dignos de desprezo: E são os tres nomes os, seguintes, Isidoro Pacense, que escreveo His torias (20.a), Angelo Pacense, autor das vi-. das de muitos Santos Portuguezes (21,a), e Laymundo Ortaga, narrador de antiguidades, (22,a),

(a) Vid. Memoria IV. Para a Historia da Legislação e Costumes de Portugal por Antonio Caetano do Amaral no Tom. 7.o das Memorias de Litteratura Portugueza da, Academia Real das Sciencias de Lisboa, pag. 102, (86).

Nota

PERIODO IV.

Desde o anno de 1139, até o de 1290,

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Desde a gloriosa Acclamação d'Ourique, até a fundação da Universidade Portugueza.

Vai offerecer-se á nossa consideração um dos mais bellos Periodos, que os Annaes da Nação Portugueza nos apresentam, Periodo a que dá principio a gloriosa Acclamação do Fundador da Monarchia no anno de 1139, e donde podemos começar a datar com maior abundancia e certeza as illustres memorias para a nossa Historia Litteraria. Verdade é, que Manoel de Faria e Souza, falando do governo do Senhor D. Afonso Henriques, diz assim : « Las Letras no andavan aora tan validas" (a); mas como podia ser de outra sorte, achando-se ainda grande parte de Portugal em poder dos Mouros, tenazes em disputarnos a posse de um tão delicioso paiz, consolidada por mais de quatro Seculos de dominação, e que por isso mesmo obrigavam os Portuguezes a nunca interrompidas pelejas? O

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(a) Epitom. Part. III. cap. 2.

nosso grande Monarcha, o Senhor D, Afon so primeiro, e seus gloriosos Successores até o Senhor D. Diniz, antes de entrarem no em→ penho de promover o adiantamento das Letras nos paizes do seu legitimo Senhorio, tiveram de alimpal-os da dominação extrangeira, que nelles se havia introduzido, e com a qual penetrára ao mesmo tempo entre os christãos destes reinos o desprezo e a aniquilação quasi to→ tal de tudo quanto eram Sciencias e BoasArtes (23.),

Alem de que, é uma verdade, confirmada por grande numero de factos, que as Letras só começam a domiciliar-se em um paiz, quando este, no remanso de duradoura paz goza das dôces commodidades da vida. Foi somente depois que Cimon com suas brilhantes victorias, ganhadas sobre os Persas, restituio a paz a Athenas, que Periclês poude dar á sua patria aquelle esplendor litterario, que esmaltou o seu Seculo, gloria da Litteratura da Grecia. Foi só depois que Augusto cerrou as portas do templo de Jâno, pacificando o Imperio, que Roma vio dentro dos seus muros os thesouros todos das Sciencias e das Artes, e offerecêo ao Mundo o segundo lumino so periodo, que adorna os fastos da Litteratura. Athenas, antes de poder gloriar-se dos seus Sóphocles, Thucidides, Xenophontes, Socrates e Platões, já contava entre o numero dos seus primeiros heroes os nomes de Milciades, de Arístides, de Themistocles, de Çimon: e Roma, primeiro que subisse á glo

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ria litteraria, levantada nas pennias de Cice ro, de Tito Livio, de Tacito, de Virgilio e de Horacio, já se havia immortalizado no templo da Fama com os feitos d'armas dos seus Scipiões, Marios, Lucullos, Pompeos e Cesares.

Igual sorte teve o nosso Portugal: o Seculo dos guerreiros famosos precedeo ao dos Mathematicos, dos Poetas e dos Historiadores foi necessario varrer primeiramente de inimigos o paiz, fortalecel-o com barreiras res peitaveis, promover a agricultura arruinada com as continuas guerras, animar o commercio, e segurar com Leis sabias a propriedade e a vida dos cidadãos; para depois á sombra da paz e de tão excellentes instituições poderem os luminosos e fecundos Ingenhos Portuguezes dar-se em descanso ao proficuo empre das Letras amenas e severas.

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Todavia não cuide alguem, que neste mesmo guerreiro Periodo deixáram as Letras de ser cultivadas de todo em um Reino, cujos bem formados espiritos eram tão dóceis para attenderem ás amenas lições de Minercomo valerosos para militarem debaixo dos estandartes de Bellona (24.a): Pois é bem constante que por aquelle tempo havia já o estudo das Sciencias adquirido estabilidade vigorosa por todo o reino de Portugal, maiormente na illustre cidade de Coimbra, primeira capital da nossa Monarchia Real. Offerecem-nos seguros, documentos desta asserção as eruditas memorias do Mestre Rezende, o qual,

escrevendo a vida do nosso distincto compa triota S. Fr. Gil, bem conhecido como medico, e como chimico (o que naquelles tempos parecia synonymo de magico), cujo nascimento foi no anno do Senhor 1155, conforme Jorge Cardoso (a), ou no anno de 1190 pouco mais ou menos, segundo refere Fr. Luiz de Sousa (b), diz assim: « Desde a sua primeira puericia entrou o Bemaventurado Gil a frequentar mestres em Coimbra, na qual cidade, como Côrte que era naquelle tempo dos Monarchas Portuguezes, se achavam então em grande vigor os estudos das Letras » : Beatus Egidius magistros cœpit frequentare a prima statim pueritia Conimbriga, in qua urbe, utpote eâ tempestate Lusitanorum Regum sedes, litterarum studia tunc vigebant (c).

Corrobora esta noticia o mesmo Fr. Luiz de Sousa (d), dizendo que : « era Coimbra o assento da Côrte, e juntamente havia nella Mestres das Boas-Artes e Sciencias. Porque elRei D. Sancho (o primeiro) como recebeo de seu pay o reino pacifico, e rico, procurou illustrallo, e acrescentallo por muitas vias: e não lhe esquecêo a das letras, que é o que mais lustre dá aos homens e ás provincias ".

De mais das Escholas em tempos proxima mente anteriores á Monarchia instituidas na

(a) Agiolog. Lusit, Tom. 3. pag. 250.

(b) Histor. de S. Domingos Part. I. Liv. 2. cap. 13. (c) Resende cap. 1.

(d) Loc. supra çit,

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