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ma da Lusitania, que nos mesmos Attestados se diz existia na Livraria de Alcobaça, escripto em letra de mão, e em Lingua Portugueza mui antiga: Foi offerecido a el Rei D. Afonso III., segundo Manoel de Faria e Souza (a), ou a D. Affonso V., conforme Barboza (b), citando a Francisco Soares de Brito (c), e conforme Antonio Ribeiro dos Santos, que seguio a Barboza (d). O segundo dos tres, conhecido pelo nome de Diogo Rodrigues Zacuto é commemorado pelo Jesuita Francisco da Fonseca na sua Evora Gloriosa, impressa em 1728, como natural d'aquella cidade, o qual este escriptor, e Barboza que rem fosse autor de umas Taboas Astronomicas, pretendendo Antonio Ribeiro dos Santos que é este, de quem escreve Damião de Goes (e) as palavras seguintes: Cacutus Judæus Lusita nus, magnus Astrologus; e para vindicar a existencia do qual, differente dos outros dous, grandemente se esforça o mesmo Ribeiro dos Santos (f); mas sem que das Taboas Astronomicas, que lhe são attribuidas, houvesse já

(a) Europa Portuguesa Tom, III. Part. IV. cap. 8. num. 11: o mesmo Faria e Souza no Epitome de las Historias Portug. Part. IV. cap. 18, dá este Zacuto como contemporaneo d'elRei D. Afonso II.!!!

(b) Bibliot. Lusit.

(c) Theatr. Lusit. Litter.

(d) Memorias de Litteratura Portugueza da Academia Real das Sciencias de Lisboa em 4. Tom. VIII, pag. 222, (e) De Fertilit. Hispan. na Hispan. Illustrata. (f) Em a Nota (e) á Memoria já citada.

mais conhecimento algum entre os eruditos, e mathematicos; acrescendo o dizer dellas Fonseca, que haviam sido impressas, e Barboza que existiam manuscriptas (49.2). O terceiro finalmente, cuja existencia é incontestavel, teve o nome de Abrahão Zacuto, Astronomo d'el Rei D. Manoel, o qual escreveo, e tinha composto desde o anno de 1473 o livro rarissimo, intitulado. Almanack perpetuum Celestium motuum astronomi Zacuti, cujus radix est 1473, impresso em Leiria em 1496, e por elle dedicado ao Bispo de Salamanca, em cuja Universidade foi Professor de Astronomia, e da qual cidade alguns o fazem natural, posto que outros querem que fosse Por¬ tuguêz: o bem conhecido Francisco de Borja Garção Stockler no seu Ensaio Historico sôbre a origem e progressos das Mathematicas em Portugal escreve ácerca deste livro as palavras seguintes: «Obra hoje extremamente rara, da qual até o presente não vi mais, do que um só exemplar, que existe na real bibliotheca da Côrte, impresso em Leiria no anno de 1436 », (N. B. Ha na obra de Stockler êrro quanto á data da impressão, devendo ler-se 1496.) Fernão Lopes, Chronista-mór destes Reinos, o qual emprego mereceo pela celebridade, que havia adquirido assim da autoridade da pessoa, como da sua grande sciencia na Historia profana : desempenhou elle o seu dever de Chronista, escrevendo todas as Chronicas dos Soberanos Por¬ tuguezes, desde o Conde D. Henrique, até

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elRei D, Duarte, as quaes lhe são com gra ves fundamentos attribuidas por Damião de Goes (a), por Gaspar Estaço (b), e por Ma noel de Faria e Souza (c) : no seu estilo reina uma nobre simplicidade, e na opinião de Mr. Ferdinand Denis, um dos sabios extrangeiros mais conhecedores, e exactos apreciadores da Litteratura Portugueza, é Fernão Lopes um historiador verdadeiramente superior ao seu Seculo; acrescentando em Nota, que teve razão o critico Portuguêz, Francisco Dias Go mes em dizer, que foi elle o primeiro, que mais dignamente escrevèo a Historia na Europa (d). — Gômes Eanes, ou Anes de Azu¬ rara, como o antecedente, Chronista-mór de Portugal, Guarda-mór da Torre do Tombo, foi herdeiro em partes do seu talento: alentado com os favores e mercês d'elRei D. Afonso V,, chegou a ser proveitoso escriptor de historias, deixando alguas de sua composição, que bem dão a conhecer a sua vasta erudição e gosto; quaes, por exemplo, a que foi pela primeira vez impressa em Paris no anno de 1841 debaixo do titulo de Chronica do Desco brimento e Conquista de Guiné, alem de outras ha muito já conhecidas e publicadas (50.a). Duarte Galvão, Chronista-mór de

(a) Chronica d'elRei D. Manocl. Part. IV. cap. 38, (b) Antiguidades Portug. cap. 21.

(c) Prologo da Part. I. da Asia Portugneza.

(d) Résumé de l'Histoire Littéraire de Portugal, chap. V.

xes,

Portugal, emprego que lhe dêo elRei D. Afonso V. por sua grande prudencia, talentos e erudição (51.a), qualidades eminentes, que ́se deixam ver na Chronica d'elRei D. Afonso Henriques, por elle composta, ou antes reduzida a melhor estilo. D. João de Menechamado por outro nome Amadeo, o qual sendo irmão do primeiro Conde de Portalegre, D. Diogo da Silva, trocou o mundo pelo Claustro, onde se mostrou um vivo exemplar de todas as virtudes christãas, e alli compôz algumas obras de notavel recommendação, que lhe grangeáram nome distincto entre os escriptores ecclesiasticos (52.a). Fr. João Sobrino, ou como outros escrevem Consobrino Demencio, escriptor Theologo, e Lente de Theologia na Universidade de Oxford, ou de Athen, como quer o autor da Biblioteca Lusitana, as quaes duas opiniões concilia o, erudito autor das Memorias Historicas do Ministerio do Pulpito, dizendo, que elle se graduára em Theologia na Universidade de Oxford, e fôra Lente de Prima da mesma Faculdade na de Athen. El Rei D. João II. em fim é digno de ser mencionado entre os sabios Portuguezes deste Periodo; por quanto, sem falar de outros seus estudos, e conhecimentos, foi insigne cultor da lingua Latina, como se vê de uma Carta, que escrevêo a Angelo Policiano em 23 de Outubro de 1491, persuadindo-o a que escreva no idioma Latino ou Toscano a Historia de Portugal esta Carta e a resposta de Angelo Poli

ciano andam no Tomo II. das Provas da Historia Genealogica por D. Antonio Caetano de Souza. &c.

PERIODO VI.

Desde o anno 1495, até o de 1580,

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Desde o começo do Reinado do Senhor D. Manoel, até a principio da usurpação Castelhana.

O fim do Seculo XV, começo glorioso do Reinado do Senhor D. Manoel no anno de 1495, abre a porta ao mais bello Periodo da Litteratura Portugueza. Foi no afortunado governo deste Principe tão justamente célebre, e nos dous que immediatos se lhe seguiram, que as Letras chegaram em Portugal a tocar o seu Zenith; por quanto este Periodo reune em si os nomes illustres da maior parte dos grandes homens, que por seu fecundo ingenho, talentos e sabedoria immortalizaram os fastos litterarios da Nação Portugueza. Na verdade Erudição Sagrada e profana, Historia, Eloquencia, Poesia, estudo de Linguas, Jurisprudencia Canonica e Civil, Medicina, Mathematica, em uma palavra, todos os ramos do saber humano, por aquelle tempo co

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