SEXTA EPOCA
ESCHOLA ROMANTICA
I GENERO EPICO: Litterario: 241. Episodio do Poema Camões.
II GENERO LYRICO: Litterario: 242. As minhas azas
Litterario: 244. Scena da tragedia
LEITURA DO EPISODIO DA ILHA DOS AMORES
Agora os sons do canto embravecidos Co' as delicias de Paphos e Amathunta, Por namorados bosques, aguas limpidas, Fresquidões deleitosas vão soando. -Eis vês a filha das cerúleas ondas, A bella Venus, que repoiso amigo Delicioso lhes traz; ilha divina Onde quanto espalhou a natureza Por mares, céos e terra em formosura Tudo ajuntou ali: copados bosques, Cantos d'amena sombra; vecejantes Relvas em que o primor de seus matizes Esmerou Flora, e lh'as bordou mais lindas Que o proprio leito onde com doces beijos Zephyro lhe mitiga o ardor da sésta; Murmurantes arroios, mansamente Em seu correr d'amores conversando Co' as dryadas do bosque; os rubicundos E dourados thesouros de Pomona.
Oh que scena de languidos prazeres. Que paraiso de deleite, ó Venus! Pelo travesso filho asseteadas As esquivas Nereidas suspirando, Seguem a bella deusa que promette A suspirar tão doce um doce premio.
Mas em mar leite navegando alegres Os esforçados nautas já descobrem Entre a alva espuma das ambientes aguas Viçar a Ilha formosa: qual no seio Lacteo-termente da modesta noiva Puro verdeja o sponsalicio ramo.
proa e rumo para ali apontam; Eis chegam, eis do encanto e maravilha
pela sombra amena Se embrenham, caça agreste procurando. Mas ferida lh'a tinhas, Erycina, Menos aspera já, mais doce e linda. Correndo vão após as nymphas bellas, Que fogem, que se escondem, mas fugindo Nem tudo escondem; fogem, mas tão leve Não corre o lindo pé que não tropece.. E cáem.... Certa amor canta a victoria, Se lhe cae sobre a relva o fugitivo. Oh! que famintos beijos na floresta! E que mimoso chôro que soava!
Que afagos tão macios!... Breve e rapido No seio do prazer se esvae o dia.
Garrett, Camões, cant. VIII, st. XII-XIII.
Eu tinha umas azas brancas Azas que um anjo me deu, Que em me eu cansando da terra Batia-as, voava ao céo.
Eram brancas, brancas, brancas, Como as do anjo que m'as deu; Eu innocente como ellas
Por isso voava ao céo.
Vem a cobiça da terra, Vinha para me tentar;
Por seus montes de thezouros
Minhas azas não quiz dar.
Veiu a ambição, co' as grandezas,
Vinham para m'as cortar,
Davam-me poder e gloria; Por nenhum preço as quiz dar.
Porque as minhas azas brancas, Azas que um anjo me deu, Em me eu cansando da terra Batia-as, voavas ao céo.
Mas uma noute sem lua, Que eu contemplava as estrellas, E já suspenso da terra
Ia voar para ellas,
-Deixei descair os olhos
Do céo alto e das estrellas.... Vi entre a nevoa da terra Outra luz mais bella que
E as minhas azas brancas, Azas que um anjo me deu, Para a terra me pesavam, Já não se erguiam ao céo.
Cegou-me essa luz funesta De infeitiçados amores. Fatal amor, negra hora Foi aquella hora de dores! -Tudo perdi n'essa hora Que provei nos seus amores O doce fel do deleite, O acre prazer das dores.
E as minhas azas brancas, Azas que um anjo me deu, Penna a penna me cahiram... Nunca mais voei ao céo.
Garrett, Flores sem fructo n. XIX.
Ai, adeus! acabaram-se os dias Que ditoso vivi a teu lado; Sôa a hora, o momento fadado, E' forçoso deixar-te e partir. Quão formosos, quam breves que foram Esses dias d'amor e ventura!
E quão cheios de longa amargura Os da ausencia vão ser no porvir!
Olha em roda estas margens virentes: Já o outono lhe despe os encantos; Cêdo o inverno com gélidos mantos Baixará das montanhas d'alem. Tudo triste sombrio e gelado, Ficará sem verdura nem flores; Tal meu seio privado d'amores Ficará de ti longe tambem.
Não sei mesmo, não sei se o destino Me dará que eu te abrace na volta... Ai quem sabe onde a vaga revolta Levará meu perdido baixel? Talvez longe de ti na tormenta, Açoitado por ventos funestos, Sumirá para sempre meus restos Nas voragens d'ignoto parcel.
Mas, oh! longe esta ideia sombria! Longe, longe o cruel desalento! Após dias d'amargo tormento Virão dias mais bellos talvez.
Dá-me ainda um sorriso em teus labios
Uma esp❜rança que esta alma alimente,
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