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dos pés, constitue a metrificação das linguas flexionaes, como no sanskirito, no grego, no latim, e no allemão.

5. Quando se perde o sentido ideologico das flexões, e as palavras são derivadas de outras mais antigas por abreviação, dá-se a revolução phonetica da decadencia das vogaes mudas e consoantes mediaes, permanecendo sempre inalteravel a vogal accentuada. Ex.: Quadragésima, Quarésma, Carème, em que desappareceram as consoantes mediaes d, g, s, e as vogaes mudas u, a, i e a, conservando-se inalteravel a vogal accentuada é.

6. A acção da vogal accentuada nos dialectos romanicos, explica-nos o modo como a metrificação moderna, produzida pelo povo, estabeleceu a accentuação como base da metrificação litteraria.

7. As alterações phoneticas provocadas pelas proprias necessidades poeticas, como o augmento ou diminuição de syllaba, a mudança de letra, são um meio artificial para harmonisar a accentuação dentro do metro. O uso d'estas licenças repugna á espontaneidade da concepção poetica.

8. Conforme o numero de syllabas accentuadas que se incluem no metro, assim se caracterisa o verso, em Redondilha, Endecasyllabo ou Alexandrino. Chama-se pausa metrica o ultimo accento que cabe no metro. A syllaba grammatical não se conta.

II-Do Verso

9. Ao grupo de accentos distribuidos dentro de qualquer metro chama-se Verso. (Do latim versus, de verto, voltar para traz.) Pode caracterisar-se: a) segundo o numero de syllabas que contém; b) segundo a disposição dos accentos, ou syllabas metricas.

10. O verso é susceptivel de dividir-se em partes, chamadas hemistychios, que se ligam á cadencia da ac

centuação total; esta propriedade tira ao verso a monotonia e facilita a variedade das estrophes.

a) Segundo o numero de Syllabas

11. Em geral os versos de uma syllaba, de duas, trez ou mesmo quatro, por isso que difficilmente servem para exprimir o pensamento, são empregados como hemistychios, e como estribilhos da estrophe.

12. O verso de cinco syllabas, com accento na primeira e quinta, ou tambem na segunda e quinta, de origem popular e nacional, chama-se Redondilha menor; ou segundo a designação historica provençal Arte menor, como lhe chamava Santillana. (Vid. n.os 59, 91 etc.) (1) Este verso é hemistychio do verso tambem nacional composto de dez syllabas (em decas) Endexa.

13. A' mesma designação de Redondilha menor pertence o verso de seis syllabas, tambem empregado como hemistychio de Endecasyllabo. (Vid. n.o 7.)

14. O verso mais natural e espontaneo tanto no hespanhol como no portuguez é o de sete syllabas, que se falla e cadenceia inconscientemente tanto nos improvisos como na prosa dos escriptores. Chama-se Redondilha maior, mas pertence ainda á categoria provençal da Arte menor. (Vid. n.os 9, 95, etc.) O uso quasi exclusivo d'este verso, provocou no principio do seculo XVI, tanto em Portugal como em Hespanha, a imitação dos Endecasyllabos italianos; por este motivo chamou-se-lhe medida velha, e nunca foi abandonado na poesia palaciana.

15. O verso de outo syllabas não é do genio prosodico da lingua portugueza; ha comtudo exemplos produzidos por um esforço não louvavel. Tanto nos versos de Redondilha menor como maior, a disposição dos accentos

(1) Os numeros citados entre parenthesis referem-se á sigla marginal de cada composição da Antologia.

é arbitraria, comtanto que se sinta uma certa regularidade.

16. O verso de nove syllabas, com accentos rigorosamente na terceira, sexta e nona, é de uso moderno; pode-se caracterisar com o epitheto de Marcial, posto que seja tambem elegiaco. (N.o 243.)

17. O verso de dez syllabas apparece na antiga poesia portugueza, proveniente da imitação provençal da Eschola de Limoges; chamou-se no seculo xv limosino; quando era formado por hemistychios de Redondilha menor chamava-se-lhe Endexa. Proveiu da imitação da metrificação por quantidade. Tambem se lhe chama Endecasyllabo heroico, e é o unico metro que dispensa completamente a rima. A disposição das syllabas é sempre variavel, e é n'isto que está a sua aproximação da harmonia da quantidade latina. (Vid. n.o 26, 42, 48. Forma moderna, n.o 149.)

18. Existe outro verso heroico, com accentos na segunda, quinta, outava e undecima syllabas; bastante usado na antiga poesia nacional, e renovado na eschola ramantica portugueza. (Vid. n.o 12, 28, 112.)

19. Chama-se verso alexandrino, o que consta de doze syllabas, com accentos rigorosamente na sexta, decima e duodecima. Este verso é formado por dois hemistychios da redondilha menor de seis syllabas, e em geral a sua rima é em parelhas. Chama-se alexandrino, por ter sido empregado pelo troveiro Alexandre de Paris, no seculo XII, no poema de Alexandre. As formas antigas são imperfeitas. (Vid. n.os 1 e 39.) Foi renovado na eschola romantica. Alem de doze syllabas a metrificação torna-se prosa rythmica.

b) Segundo a disposição da Syllaba metrica

20. A syllaba metrica é aquella que termina o metro, e chama-se assim para a distinguir das syllabas não accentuadas, que excedem o metro e são grammaticaes.

21. Se o verso termina rigorosamente na syllaba metrica, chama-se agudo; é empregado nas pausas estrophicas, e deve ser sempre evitado no verso solto endecasyllabo. Se além da syllaba metrica, existe uma outra syllaba grammatical, o verso é grave; usa-se exclusivamente no verso solto, e nos versos de redondilha é combinado com o agudo. Se a syllaba metrica coincide na antepenultima da palavra com que o metro termina, o verso chama-se exdruxulo.

22. O hemistychio de qualquer metro tambem se considera como um verso completo, e chama-se verso quebrado.

III-Da Estrophe

23. A reunião de dois ou mais versos, ligados entre si pela rima, constitue uma estancia, ou estrophe. Esta designação não tem já o sentido primitivo, derivado do seu uso religioso nos templos gregos.

a) Segundo o numero de Versos

24. Um verso só pode considerar-se como Divisa ou Mote, ou mesmo um aphorismo, como se vê nos anexins populares.

25. Dois versos, rimando conjunctamente formam a estrophe de Parelhas; usa-se de preferencia no verso alexandrino. Muitas vezes as parelhas alternam a rima, quando são separadas por um estribilho. (Vid. n.o 10.)

26. Trez versos, rimando o primeiro com o terceiro, e o segundo encadeando-se com a rima do seguinte, formam a estrophe chamada Terceto. Deriva-se da poetica italiana, e foi introduzida em Portugal no seculo XVI; era empregada esta estrophe nas Elegias ou Capitolos, nas

e Eclogas. Nas imitações provençaes era usado

como Cabo, no fim das Tenções; e na eschola italiana termina sempre os Sonetos. (Vid. n.os 184 e 185.)

27. Quatro versos formam a estrophe mais natural da poetica das linguas romanicas. Tal é a quadra popular, rimando o segundo com o quarto verso. (Vid. n.o 7, 20.) Ou a quadra litteraria, rimando o primeiro verso com o terceiro, e o segundo com o quarto. (Vid. n.o 41.) Ou rimando o primeiro com o quarto, e o segundo com o terceiro. (Vid. n.o 45.) Ou rimando o primeiro, segundo e terceiro, ficando o quarto verso rimando com todos os quartos das estrophes seguintes. (Vid. n.o 103.) A quadra em endecasyllabos ou alexandrinos já era conhecida na antiga poesia da Peninsula pelo nome de quaderna via.

28. A quintilha compõe-se de cinco versos, rimando na seguinte ordem: primeiro com o quarto e quinto, e segundo com o terceiro verso. (Vid. n.o 37.) Ou o primeiro com o terceiro e quinto, e segundo com o quarto. (Vid. n.o 38.) Ou o primeiro com segundo e quarto, e terceiro com o quinto. (Vid. n.o 60.) Ou o primeiro com o terceiro e quarto, e segundo com o quinto. (Vid. n.° 115.) Esta ultima forma da quintilha é a mais usual, renovada de Sá de Miranda no seculo XVIII por Tolentino. Ha outras variedades. (Vid. n.o 30.)

29. A sextilha ou sextina, é uma estrophe composta de seis versos; rimando o segundo, quarto e sexto. (Vid. n.o 3.) Ha muitas combinações de rima, a mais notavel é a da maneira italiana; na primeira estrophe não ha rima, porém na seguinte estrophe cada verso irá repetindo na primeira a palavra do ultimo, no seguinte a palavra do primeiro. (Vid. n.o 136.) Sá de Miranda e Camões usaram este artificio. (Vid. n.o 49 e 64.)

30. A septilha, compõe-se de sete versos, rimando o primeiro com o quarto e septimo, e o segundo com o terceiro, quinto e sexto. (Vid. n.o 26.) Ou o primeiro com o terceiro e septimo, o segundo com o quarto, e o quinto

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