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CXLI

«E pois se os peitos fortes enfraquece
Extravagante amor desrazoado,

Bem n'esse Pavão grande se parece,
Quando em bajojo andava transformado.
Do Torrão gebo a fama se escurece
Com ser tanto á gallega affeiçoado.
Tu tambem, Mello cynico, o sentiste,
Depois que uma lombriga algures viste.
CXLII

«Mas quem póde livrar-se por ventura
De esparrelas que tece Amor á gente
Entre as rozas e a neve se mistura,
N'uma femea carinha transparente?
Quem de uma peregrina formosura,
De um vulto de Soneca propriamente,
Que o coração converte que tem prezo,
Em calhau não; mas em desejo acceso?

CXLIII

<«Quem vio a linda Cruz de gesto brando,
Uma que em pés não soffre concorrencia,
Que n'alma formigueiros nos vão dando,
Que tivesse contra ellas resistencia?
Desculpado por certo está Fernando
Para quem tem do mundo experiencia;
Mas antes, tendo livre a phantasia,
Mais culpas no cartorio lhe acharia.

ARGUMENTO DO CANTO QUARTO

Continua o Lobo a pratica com o chefe dos Furta-Cores, e refere as guerras dos Cabraes com os Pés Frescos, por causa de consumelancias de interesse particular: façanhas militares e entrujaticas de um certo Barbarico antypathico: batalha e victoria da invicta: diligencias que se fizeram para atirar com a Lusitania para casa de seis centos diabos, em tempo do Mello Panão: como o grande Zé conseguiu esse fim, determinando a viagem pelos mares da Truculencia: prevenções para ella: entrada triumphal dos Tanas na Tasca do Repouso.

OUTRO ARGUMENTO

Acclamado Cabral, de um bufo herdeiro,
Quer acabar co'o reino Lusitano:
Ajuda-o um Barbarico parceiro;

Dá-se batalha; vence o Cabralano:

Quem a aurora buscar tentou primeiro

De truão e legitimo tyranno;

E como ao gram Zé coube esta alta empreza
Por afinar a gloria Portugueza.

CANTO QUARTO

I

<<Depois de estrepitosa tempestade,
Medonha sombra, chuva e muito vento,
Traz a aurora serena claridade,
Esperança de porto e salvamento:
Espanca Phebo a negra escuridade,
Enxotando o receio ao pensamento:
Assi na terra Tanas succedeu
Depois que um ronha do poder desceu.

II

«Porque se muito os nossos desejaram,
Quem as poucas vergonhas vá vingando
N'aquelles, que tão bem se aproveitaram
Da cegueira de um povo tolo e brando;
Depois de pouco tempo o alcançaram,
O Cabral sempre sauro alevantando
Por Pai, como maior trampolineiro,
Que pôz pé n'este reino; oh que brejeiro!

III

«Ser isto ordenação da furia indina,
Por signaes bem patentes se mostrou,
Quando esse demagogo serrasina,
No club de André Valente regougou;
E como cousa que Satan destina,.
Em trabalhos a voz alevantou:
Portugal, Portugal, alçando a mão,
Disse, p❜lo chefe teu Cabral saião.

IV

«Alteradas então do reino as gentes
Por este alentadissimo foinha,
Absolutas cruezas e evidentes
Começam de fazer n'esta terrinha.
Matando vão amigos e parentes
De tudo que era nobre, e da rainha,
De quem o demagogo mal dissera,
E de quem o exterminio até quizera.

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«Mas o Scinis, com causa deshonrado,
Tem tal felicidade que não morre,
Bem como os de que está acompanhado:
Como tudo aos tracistas tão bem corre!
Quem como este grandissimo damnado?
Quem de tão forte monstro se desforre?
Quem com tão deshumano e duro peito?
Quem maiores tratadas terá feito?

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