Pagina-afbeeldingen
PDF
ePub

XCIII

«Imposto do consumo! querem mais?
Do céo aos trambolhões isto nos desce.»>
«Pois lavra lá dois tentos, já não cais,
Disse o Casal, e a patria te agradece.»>
Ter-se não poude aqui João Fôrma mais
De ledo em ver que a chelpa reapparece;
As mãos no chão e o rabo para o céo,
Ferra dois couces, qual defuncto ilhéo.

XCIV

Contente espinoteava, e já na pinha
Um projecto tambem lhe rebentava,
Em que o tempo do arroxo se adivinha,
Que melhor de tal besta se não esperava.
Os direitos, que ha muito o povo tinha,
Com despoticas leis lhe cerceava,
Crendo por obra pôr burrical sonho
Entre os livres o transfuga bisonho.

XCV

Assim, fugindo aos asperos castigos
Que as leis dão aos ladrões e malfeitores,
Cada uns por sua vez estes amigos
Nos vão roubando com diversas côres.
Não aferrados sempre nos antigos
Gastos meios de seus antecessores,
Mas mostrando-se artistas peregrinos,
Pregando logros cada vez mais finos.

XCVI

Uns abafando aos miseros os gritos
A quem roubam com unhas de gulosos,
Ou promettendo lucros infinitos

E offerecendo empregos bem rendosos;
Outros com bandeirolas nos districtos,
Outros por meios mais industriosos,
Fazendo que a artimanha pegue e grude,
E ainda em cima com fama de virtude.

XCVII

Por este modo entrada tem no paço
Muitos maraus que andavam pelas ruas;
E os que pregão mereciam e baraço
Por seus crimes e grandes falcatruas
Andam de trem, fazendo estardalhaço,
Mil familias de bem deixando nuas;
Engulindo o alheio mantimento
Sem o menor remorso ou sentimento.

XCVIII

Se for preciso mesmo, a ponta enfia
Da naifa pelo ventre do parceiro
Aquelle que receia a companhia
De quem se lhe afigura mais matreiro.
D'esta arte o povo o mau costume cria
De só estimar as honras e dinheiro;
As honras e dinheiro que a ventura
Forjou e não virtude justa e dura.

XCIX

D'esta arte se escurece o entendimento
Que os torpes vicios tornam embotado;
E deixa-se pisar por um jumento
Quem sobre elle devia andar montado.
Quem pretender subir a alto assento
E ficar no porvir remediado,
Não se esteja com estudos fatigando,
Mas faça-se ladrão e una-se ao bando.

ARGUMENTO DO CANTO SETIMO

Por occasião da entrada d'estes maraus, dá-se uma tunda rija no Zé povinho, que os atura; descripção da travessa do centro e do centro da travessa; entrada triumphal dos japonezes; visita ao lagarto da Penha ; tosa nos tripeiros; D. Bernarda em janeiro; lei das rolhas; penicheiros em scena; varias arengas patrioticas dos devotos de S. Lazaro; apparição phantastica de um casacão; assalto á Ajuda; ultima façanha do Miles gloriosus; epilogo; varias considerações banaes e completamente perdidas.

OUTRO ARGUMENTO

Severa exhortação mal empregada;
Muito discurso inutil e demente
No centro da travessa da Queimada ;
Mensagem dos tripeiros imponente;
A janeirinha cai e fica em nada;

é

Té que o Peniche alguma vez gente.
Por mais que bata o malho na bigorna
Ficará sempre tudo em agua morna.

1

« VorigeDoorgaan »