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vos do Occidente ha muito seguem a primeira, quasi geralmente. A Bustrofedona foi usada dos Gregos, e Etruscos, e della existe huma inscripção de mais de tres mil annos de antiguidade (Novos Diplomat. Tom. 1. Est. 5.). Os Gregos a abandonárão insensivelmente. Alguns exemplos, que se achão em medalhas, e mocdas dos Gaulezes, se podem attribuir antes á impericia dos abridores.

Uso da Escritura.

Todos os Povos policiados estimárão, e praticárão a Arte de escrever. Consta-nos de alguns Imperadores Romanos, e tambem dos nossos Principes, que escrevião algumas cartas de proprio punho. A incursão dos Barbaros no 5. seculo obrigou na Europa a cuidar mais na guerra que na Arte de escrever. Ainda se disputa se Justiniano e Carlos Magno souberão escrever. Esta ignorancia chegou ao seu cumulo no 10. 11. e 12. seculo. Nem se reputava defeito a mesma ignorancia, que as maiores Personagens, ainda Ecclesiasticas, confessavão sem rebuço nos Documentos. He certo que até o Senhor D. Diniz de nenhum dos Nossos Soberanos nos resta assignatura; posto que não nos consta a razão. Pedro Bispo de Nagara, em hum Documento da Era 1131, do Cartorio do Cabido de Coimbra, diz que manda subscrever o seu nome. Em outro Documento da Era 1133, tambem do mesmo Cartorio, Fernando Presbytero diz que na sua presença mandára subscrever o seu nome. Em hum prazo do seculo 15. do Mosteiro de Villa-bôa do Bispo assigna só o Prior, declarando o não fazem os mais Conegos por não saberem. (1) No anno de 1449 assigna por seu marido, e com o o nome delle, hum Documento a mulher de João Alvez

(1) Elucid. Tom. 1. p. 208. Col. 1.

Pereira da illustre casa da Feira, declarando que tal era o seu costume; pois elle não assignava (1). Alguns Clerigos, e principalmente Monges, he que tinhão o uso e pericia de escrever: erão elles os Notarios de todos os Documentos, e ainda daquelles em que tinhão interesse; e as assignaturas das partes se supprião por cruzes, e outros modos, de que já fallámos em lugar competente.

Divisão dos Caracteres (2) Assentados e Correntes. (Calligrafia Tachygrafia)

A pezar do paradoxo, que alguns tem sustentado, que os Romanos não conhecerão outro caracter que o assentado, e magestoso, que vemos nas suas Inscripções, Medalhas, e Msser. mais sumptuosos, não só he bem de pre-, sumir que além desse tinhão o cursivo, só opportuno para Minutas, Documentos, e composição de Tratados; mas até restão provas as mais decisivas do seu uso.

Propagação da Escritura Romana para as mais
Nações (3)

Tres opiniões ha a este respeito. Primeira, que cada huma Nação dos Barbaros, que inundárão o Imperio Romano, introduzio o seu caracter naquelle territorio, e o substituio ao Romano; e por isso na Italia, França, Hespanha, etc. se descobre variedade nos caracteres, e a este chamão Nacional para distinção do Romano.

Segunda, Maffei admitte antes da irrupção dos Godos tres generos de caracteres Romanos, majusculos, mi

(1) Cartor. da Cam. do Porto Liv. das Vereações do anno de 1448, e seguintes fol. 73. c 74.

(2) Nassarre, Prol. p. 22. v. da Paleographia de Rodriguez.

(3) Nass. Ibid. fol. 21.

nusculos, e cursivos, sustenta que estes mesmos passárão para as outras Nações, que os depravárão, e fizerão mudar de aspecto; e por tanto não admitte caracter, ou escritura Nacional.

A terceira reconhece entre os Romanos aquella diversidade de caracteres; mas que a estes accrescentárão algumas letras, ou elementos as Nações Barbaras: e que o seu cursivo usado nos Diplomas, e mais Documentos passára para os Codices no scculo 7.

A opinião dos Novos Diplomat. e de Vaynes concilia estas tres, admittindo a mesma unidade de origem, e reconhecendo uma variação de caracter accidental, nascida do gosto particular de cada Nação, que mesmo varía em diversas epocas. De baixo desta intelligencia he que chamamos caracter Italico-Gothico, Lombardico, Wisigothico, Romano-Gallico, Saxonico, Alemanico. E subdividimos mesmo o Gallico, ou Francez, em Merovingico, Carlovingico, e Capetiano pelas diversas epocas das Estirpes Reinantes.

Quanto a Hespanha (1).

Os Wisigodos, que inundárão o nosso Paiz, ou tivessem já, ou não, uso da escritura, he certo que adoptárão o caracter dos Romanos, como se vê das Moedas e Inscripções, que nos restão desses tempos. Quando digo Romana, a entendo na sua essencia; depravada porém com o resabio nacional.

Todos os Hespanhoes convem em chamar Gothico

(1) Dos caracteres desconhecidos, e até agora indecifraveis, da Hcspanha já dissemos quanto basta na Paleologia. Póde ver-se Velasquez, Alfabeto de las letras Desconocidas: Meriño Est. 1.; e Novos Diplomat. Tom. 1. Est. 13. n. 2. e p. 705.: Masdeu Hist. Crit. Tom. 3. p. 159. Tom. 17. p. 1. e 275: Mohedanos Hist. Lit. Tom. 1. p. 161. in fine e seguintes: Erro e Azpiroz Alfabeto de la lengua primitiva, etc.

ou Ulfilano (1) a este caracter dos mais antigos Documentos e Monumentos da Hespanha desde o periodo Gothico: tambem concordão em que no fim do seculo 11. se mandou usar nos Documentos Ecclesiasticos o caracter chamado Francez, qual então se usava na França e que depois no seculo 14. se lhe substituio a Alemam, a que outros chamão Neo-gothica ou Gothica moderna, ou Monachal. Varião porém na classificação que fazem dos mesmos caracteres. Terreros distingue tres especies de Gothico, cursivo, quadrado, e redondo (na sua Palcografia p. 109).

Nassarre no Prologo á Bibliotheca de Rodrigues chama á letra Wisigothica, promiscuamente, Ulfilana, ou Toledana, e reconhece a introducção da Franceza no seculo 11.; mas pensa que a Gothica moderna, ou Alemam, e Monachal era a mesma Gothica antiga, que de todo se não extinguio pela Franceza (pag. xxIII. e xxiv.). Tambem reconhece que aquella antiga Wisigothica era huma depravação da Romana, e não especie diversa de caracter.

Meriño Escuela reconhece o mesmo (Prologo) e chama Gothica á que se usou até o fim do seculo 11., em que tambem confessa a introducção da Franceza, e chana Monachal á que Terreros intitula Alemam (desde p. 24.). O Gothico antigo o divide sómente em cursivo, e redondo; refutando Terreros (p. 39.) por admittir como especie distincta o quadrado, que reputa cursivo (Vej. p. 127. e 157).

D. Vaynes (Dicc. Tom. 1. p. 431. 459. e 504.) divide o caracter, que se usou em Hespanha 1. em Wisigothico, ou Hispano-Gothico, ou Gothico antigo: 2. em Toletano-Gothico, ou Muzarabe: e 3. em Gothico moder

(1) Do Alfabeto porém, Ulfilano e Runo, nunca se fez uso na Hespanha ao menos nella não restão Documentos. Vej. Meriño Est. 1.: Novos Diplom. Tom. 1. Est. 13. n. 3. e Est. 14, e Tom. 3. p. 321.

no, que suppõe succederem huns aos outros; querendo tambem que o Gothico moderno pegára com o antigo, com Nassarre.

Tendo nós de tratar principalmente dos Documentos, que se encontrão nos nossos Cartorios desde o seculo 9., dividiremos o seu caracter 1. em Gothico, que os nossos antigos chamavão letra Rabuda, ou Goda: 2. em Semigothico: e 3. em Francez. Chamamos Gothico aquelle a que Terreros, Nassarre e Meriño dão o mesmo nome, e que D. Vaynes, e os Novos Diplomaticos chamão Wisigothico, ou Hispano-Gothico, ou Gothico antigo. Chamamos Semigothico ao que chama D. Vaynes Toletano-Gothico, ou Muzarabe; Terreros e Meriño Gothico redondo, que mediou entre o uso da letra Gothica e Franceza pura, e que não he outra cousa que o caracter Francez com o resabio do Gothico (1), como não deixa de reconhecer o mesmo Meriño (p. 135), Terreros (p. 107), e Nassarre (p. XXIV.), posto que todos o supponhão contemporaneo do outro Gothico que Meriño chama cursivo, e Terreros distingue em cursivo e quadrado. (Vej. Memor. de Literat. Portug. Tom. 7. p. 212. e 213. not. 272.)

Chamamos Francez ao caracter, a que todos dão esse nome, e qual se usava na França no seculo 12. Esta letra Franceza, nos Diplomas e Documentos principiando no seculo 13. a fazer-se mais miuda, e a encher-se de abbreviaturas, toma no seculo 14. e 15., e muito mais no 16., e parte do 17., hum aspecto estranho, e mesmo algum resabio de Alemam, mais claro nos Codices, e menos nos Documentos por serem em cursivo; mas não he quanto baste para a considerarmos diversa especie. Com tudo, a depravação a que a levárão os Notarios e Escri

(1) Os mesmos Novos Diplomat., produzindo-o de Nassarre no Tom. 3. Pl. 71. Especie 2., não deixão de reconhecer-lhe o gosto Francez (p. 697.).

Tom. IV. Part. I.

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