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tenda, parte da pitança diurna perdeu-se, e o tempo esperdiçou-se às tontas.

O economista diz com razão: nenhum país é bastante forte para proteger-se, proìbindo aos outros que o mesmo façam. Quando a Inglaterra tentou roubar em proveito dos fabricantes de Manchester e de seus obreiros a indústria da Índia, protegendo o algodão de casa, as outras nações quiseram imitá-la. A França que não produzia senão uma parte do algodão, do ferro e de outras cousas necessárias ao seu comércio, seguiu-lhe o exemplo. A Rússia e a Alemanha fizeram o mesmo; outras pequenas nações acompanharam as tendências dos grandes Estados.

O que perderam umas, ganharam outras na liquidação final; e como tinham de levar em linha de conta o preço do trabalho e o tempo perdido, houve diminuição geral na massa da produção e consequente míngua mais tarde na produção de cada país. Forçar uma indústria qualquer é desequilibrar as forças produtoras, é tirar de umas e dar a outras, é por consequência produzir mal e mais caramente uma cousa, quando se pode produzir com mais perfeição e por preço mais barato outras.

A palavra de homem de Estado é valiosa, e pela sua generalidade abrange o valor do sistema protector em seus fundamentos. O nobre deputado pela Baía citou-nos Thiers, que eu peço licença para não considerar autoridade na matéria; eu cito-lhe lord Palmerston.

São palavras eloquentes estas com que fechou êle um dos seus famosos discursos sôbre as leis dos cereais. Poucas vezes a tribuna parlamentar as escutou tão belas, e nenhumas por certo mais verdadeiras.

¿Porque se dividiu o globo em zonas e climas? ¿Porque os diversos países produzem frutos diferentes, quando as necessidades do homem são as mesmas? ¿Porque as terras mais afastadas do mundo põem-se em contacto por meio dêstes oceanos imensos que pareciam destinados para desuni-las? ¿Porque tudo isto, senão para que o homem dependa do homem, senão para que a partilha das necessidades da vida acompanhasse a extensão e difusão das luzes; senão para que a permuta dos bens e das cousas fôsse a troca dos sentimentos benévolos e das ideas elevadas; senão para que o comércio, levando em uma das mãos a civilização e na

outra a paz, fizesse o género humano mais feliz, mais sábio e melhor? Tais foram os decretos d'Aquele que criou e ordenou o mundo; mas os legisladores da terra intervieram com a sua arrogância e vaidade insensata, e, encadeando o desenvolvimento instintivo da natureza substituíram leis desgraçadas às leis eternas da Providência. (Discurso de 7 de junho de 1865 na Câmara dos Deputados).

Exortação ao Ministério 5 de janeiro

Quero dirigir um apêlo aos nobres ministros. É a invocação do patriotismo aos depositários do poder público.

Se podem êles dar corpo a tôdas as suas reminiscências; se é possível ressuscitar o que lá se foi, erguendo-se aos olhos do govêrno; se cada um dos ministros pode ainda ouvir uma voz misteriosa, que lhe recorde o cumprimento de sagrados deveres; imagino que desfila pela frente da bancada ministerial mais de um vulto fantástico, a reavivar-lhes honrosas lembrancas de outro tempo, que lhes fala ao ouvido, cada um por sua vez.

Ao nobre Presidente do Conselho (1) dirige-se o primeiro:— Aqui estou eu; sou o passado com toda a sua herança, carrego sessenta e oito anos de serviços feitos à Pátria; defendi e amei a liberdade do meu

(1) Conselheiro João Luís Vieira Cansansão de Sinimbú.

país, amei-o loucamente na mocidade, subi pelos degraus da Constituição, quero respeitá-la; pois bem, não me arranqueis a memória, para que eu possa ao menos ter ainda saudades.

Ao nobre Ministro da Guerra (2):— Eu sou a glória, venho do Paraguái; pousei um instante no campo de batalha de 24 de maio; atravessei os banhados; dormi na barraca em que primeiro cravastes a vossa gloriosa lança; sentei-me sonhando ao vosso lado sôbre os muros de Humaitá; inda hoje julguei descobrir-vos por entre os nevoeiros que desciam do cabeço dos montes, e ouvir a vossa voz nas ventanias que atravessavam o rio; já não achei flores na solidão da morte para tecer-vos uma coroa; trago-vos um rosário de lágrimas; guardai-o para enfeitar a vossa espada; porêm olhai: banda que vos cinge não é cadeia de escravos, é flâmula de homens livres.

a

Ao nobre Ministro da Fazenda (3):-Eu sou a tribuna, ou antes o povo. Foi nos meus braços, pelos vossos próprios esfor

(2) Marechal Manuel Luís Osório, Marquês do Herval. (3) Conselheiro Gaspar da Silveira Martins.

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