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tissimos encomios do nosso angustissimo protector e da sempre heroica e felicissima creação da nova Academia, em cujo nome se ordenou ao secretario chamasse e convidasse a muitos, particularmente a pessoas de distincção, o que elle observou por cartas; escrevendo tambem um papel, que os curiosos podiam tomar como cartel de desafio para certames litterarios.

Na primeira sessão o secretario fez a apologia do vice-rei.

Rocha Pitta presidio a 2. conferencia e o seu discurso é um dos melhores no dizer do conego Fernandes Pinheiro que leu os trabalhos, pois, como cile disse na sessão do Instituto Historico Brasileiro de 3 de Maio de 1867, não se perderam no incendio da náu Santa Rosa os escriptos da Academia Brasilica dos Esquecidos.

As conferencias foram 18, finalizando em 4 de Fevereiro de 1725 o primeiro anno.

A 3. conferencia foi feita por João de Britto Lima, capitão do terço auxiliar de ordenanças.

A setima conferencia foi feita pelo padre Raphael Machado, reitor do Collegio dos Jesuitas-teve por thema o pensamento de Salomão-Nihil sub sole novum.

Na Academia dos Esquecidos recitou Sebastião da Rocha Pitta o SCguinte soneto:

"Pondero a emudecida formosura

de Filis sem temer que impertinente
possa no meu soneto metter dente
pois carece de toda a dentadura.

Só por cobrir a falta esta esculptura
tão muda está que não parece gente
estatua de jardim será somente
se de panno de raz não fez figura.

O senhor secretario quer que a crea
bella sem dentes eu lh'o não concedo
desdentada é peor do que ser fêa;

e em silencio só pode causar medo
ser relogio de sol para uma aldea
para um povo esta fermo do segredo.

Tem relação intima com a creação da Academia Brasilica dos Esquecidosa necessidade que havia sentido o governo portuguez de organisar uma historia geral do paz.

Parece que reconhecendo-se a importancia da collaboração dos homens dados a estudos na colonia, nesta grande obra, foi constituida a Academia, afim de servir de centro para o trabalho litterario a realisar.

Foi, afinal de contas, o que até hoje sempre se faz com a Bahia, embora a metropole seja agora aqui mesmo, no Brasil.

Quando precisam de trabalho e sacrificio recorrem a Bahia e então se falla em patriotismo, generosidade, alma nobre dos bahianos, etc., esquecendo tudo logo que cessa o aperto da guerra, ou crise analoga, para se transformar o carinho fraternal das phrases em surda hostilidade, que se percebe pelos meios empregados para entorpecer a prosperidade da Bahia, matar o desenvolvimento de seus portos e tratal-a, emfim, de todos os modos como filha espuria da federação.

Senhor. Disem os Homens de Letras da cidade da Bahia que elles supplicantes propondo-se ser uteis a Nação, a Patria e ao Estado tem concebido erigir naquella cidade (que se tem por feliz porque V. A. R. fôr o Primeiro Monarcha que a honrara) hum novo corpo social, intitulado-Real Sociedade Bahiense dos Homens de Letras-a imitação da Real Academia das Sciencias de Lisboa para cujo fim tem ordenado os seus preliminares para os Estatutos que incluzos apresentão, os quaes forão vistos, examinados e approvados pela

-mesma Real Academia das Sciencias de Lisboa que naquella cidade tem Socios que solicitando hão de bem ordenar, estabelecer, e firmar este interessante projecco; porem de nenhum modo podem os supplicantes promover este novo estabelecimento para o que tem elegido a V. R. A. por seo Augusto e Dignissimo Protector e Fundador sem que V. R. A. lhes conceda o necessario Pacito Regio, lhes aprove scos Estatutos, e lhes permitta as especialissimas Graças referidas no § 58 delles que offerecem como como parte desta supplica; porque daquelle modo, sem gravar o Estado dota V. R. A. generosamente aquella nascente Sociedade, assim como em algum tempo já dotara a Real Academia das Sciencis de Lisboa, com parceria na Loteria da Misehicordia, suplicando por ultimo que quando este arbitrio não seja do Real Agrado de V. R. A. entre humilhaçoens rogão a V. R. A. que a haja de dotar como melhor convenha e seja da Real Intenção de seo Magnanimo Protec.or e Fundador. E. R. Mercê.

Por todos os socios.-Luiz Antonio de Oliveira Mendes.

(Arch. Publ. da Bahia, livro 105 a, ord. Reg.—1811).

Vasco Fernandes de Menezes Vice-Rey Governador e Capitam General do Estado do Brasil.

Eu El-Rey vos envio muito saudar. Pella memoria impressa que com esta se vos remette tereis entendido quaes são as noticias de que se necessita para a composição da historia Portugueza que encarreguei a Academia Real que institui nesta Corte ao mesmo fim; e porque esta historia comprehende não só o que pertence ao Reyno mas tambem as suas conquistas, vos recommendo que logo que receber esta minha carta encomendeis da minha parte ao Arcebispo, a seu cabido e aos mais cabidos das sédes vacantes desse Estado e aos Prelados das Religiões examinem, inquirão com toda a diligencia, individuação e clareza todas as noticias que se apontam na dita memoria e podem ccomodarse a essa conquista e que tudo o que acharem o fação escrever com toda a boa ordem, e volo remettão para vós enviares todos estes papeis e clarezas na forma que se aponta na mesma memoria; certificando a todos que me será muito agradavel todo o trabalho que pozerem nesta averiguação, alem de ser muito proprio do seu estado contribuirem com sua applicação se huma obra que pode servir muito á gloria de Deos nosso Senhor credito da Igreja desse Estado. E tambem passareis as ordens necessarias aos officiaes das Camaras na conformidade que se aponta na memoria impressa e podem ter accomodação a esse Estado. Estas diligencias vos hei por muito encarregadas esperando do vosso zello poreis nellas tal cuidado e efficacia que se consiga com a brevidade possivel o fim pretendido. Escrita em Lisboa Occidental em 31 de Março de 1722.--Rey.

Senhor

e

Tenho procurado que V. Magestade he servido ordenarme e porque para esta obra tanto do serviço de V. Magestade como gloria da nação Portugueza, não posso concorrer mais que com a minha dilligencia protesto a V. Magestade empenhalla de maneyra que possa interessarme na vaydade de concorrer para a historia portugueza todas as memorias que se acharem nos Archivos deste Estado.

A Real Pessoa de V. Magestade guarde Deus.

Bahia e Agosto 26 de 1722.

Foi El-Rey Meu Senhor servido erigir por decreto de 8 de Dezembro de 1720 a Academia Real da Historia Portugueza que instituio debaixo da sua real protecção afim de escrever com a exacção e brevidade possivel a Historia Eclesiastica e secular deste Reyno e suas conquistas; e como da carta que S. Magestade foi servido escrever a V. S. lhe poderia constar quanto hé do seu agrado que de toda a parte dos seus Dominios se remetão à esta Secretaria todas as noticias conducentes ao fim pertendido e instituto desta Real Academia acentarão os Srs. director e, cursares della que eu remetesse a V.

S. memoria impressa, das noticias que de todos os archivos devem extrahir e enviar a Academia na forma em que se dispoem para que V. S. satisfasendo ao Real preceito de S. Magestade com a eficacia e zelo que costuma, queira escrever aquellas pessoas por cuja direcção se possão adquirir os do cumentos que de algu modo forem uteis para esta obra tanto do serviço de S. Magestade e que pode contribuir muito para se exaltar a gloria da Nação Portugueza. Deus guarde a V. S.

Lisboa em 31 de Março de 1722.

Para Vasco Fernandes Cesar de Menczes.

NOTA-60

Conde de Villa Maior.

Varias são as reflexões que acodem ao espirito lendo a descripção da sedição militar do Terço Velho e o modo pelo qual o Conde de Sabugosa dominou aquelle tumulto militar e o castigou. Accioli nada diz, mas nós entendemos conveniente um ligeiro comentario.

Mereccu, de certo, severo castigo a indisciplina dos soldados, mas não se pode admittir, perante a moral, duplicidade e perfidia do vice-rei, enganando os sediciosos para os prender a traição e os suppliciar cruelmente.

Com particularidade, não fica bem este proceder em figura tão digna como a do Conde de Sabugosa, homem notavel, pela sua intelligencia, anor ás letras e talentos administrativos.

Pela carta que se vae ler o governo portuguez sentiu o que havia de

desairoso no caso e resolveu silenciar sobre elle.

O Conde mesmo sentiu depois remorsos do que tinha feito naquella occasião.

A colera e principalmente o despeito do desacato soffrido da parte de inferiores, o orgulho ferido levaram-o, como tantas vezes acontece, a não escolher meios para a vingança que premeditou.

Mais tarde se inclinou a piedade e parece que a triste lembrança dos artificios de que se serviu para enganar as victimas do seu desapiedado rancôr, o perseguiu por muito tempo.

Copia da resolução que S. Magestade foi servido tomar na consulta do seu sonselho ultramarino

Sobre a conta que dão o V. Rey do Brasil e o Chanceller da Relação da Bahia, ouvidor geral daquella comarca, ouvidor do crime, desta Relação a respeito da sublevação dos soldados do Terço daquela praça fizerão vista e vão as cartas, devaça e mais papeis que nella se accusão.

S. Magestade he servido se ponha perpetuo silencio a respeito do motim, indulto, devaça, sentenças e execuções feitas e que tudo o que se alterou por causa do ditto indulto seja reposto no estado em que de antes se achava, restituindo-se à prisão todos os prezos que forão soltos, os quaes serão sentenceados conforme merecerem como tambem o capitão Antonio da Cunha e o ajudante que com elle foi pronunciado pelo caso socedido a porta da cadea e aos ditos capitão e ajudante se darão logo baixa, e egualmente aos cabos de guarda que se achavão nos corpos della da Praya, Carmo e São Bento na noute de dez de Mayo passado e que a todos os officiaes de ambos os Terços que no ditto tempo se achavão sem impedimento na cidade se lhes tire meyo soldo por tempo de hum anno dentro do qual não poderão requerer acrescentamento, exceptuando o capitão Bento Correa que nomeio no posto que vagar e que estiver a acabar, ordenando-se ao V. Rey o louve pello que obrou no corpo da guarda e o mesmo louvor dará aos mais que assistião na ditta guarda e ao soldado que estava de sentinella no pelourinho nome o no posto de Alferes que occupava João de Figueiredo Adorno. Lisboa Occidental de Mayo de 1729.

NOTA-61

Uma das seccas periodicas a que é sujeita a Bahia se fez intensamente sentir aqui no lustro de 1730 a 1735, como aconteceu um seculo depois, em 1819 a 1822, e como se reproduziu mais tarle de 1895 a 1900.

No principio do seculo 18° uma grande inundação, produzida por chuvas abundantes, com a cheia consequente dos rios, precedeu a secca.

E' facil comprehender como os dois flagellos, succedendo um ao outro, atormentaram a população da Bahia.

Da gravidade dos acontecimentos vão ter clara idéa os leitores pela vista dos documentos abaixo, pertencentes a correspondencia do Conde de Sabugosa, alguns dos quaes são cartas delle ao governo portuguez e outras são provisões, cartas regias, etc.

Senhor.

Foy irregular o verão passado a que levou vantagens o inverno e ouve huma chea tão formidave! que não só passou os limites do possivel mas ainda os mais antigos se não lembram de outra semelhante; e esta inundação produziu huns taes effeitos que empedio totalmente as moagens, arruinou as fabricas, morrendo escravos, boys e cavallos e ultimamente empede as conducções e transportes do limitado assucar que se tem feito, e se antes de entrar o Inverno não fizerem alguns dias de Sol com que fiquem tratadas as estradas experimentarseha hua inevitavel ruina; presentemente se achão nos trapiches desta cidade 1192 caixas de assucar, 508 fabricadas no reconcavo, 684 vindas do certão pertencentes a mayor parte dellas á capitania de Pernambuco que por não poderem as sumacas montar o cabo de Santo Agostinho por causa dos Nordestes arribarão a esta Bahia e entendo que conduzido todo quanto assucar se tem feito no reconcavo e se fizer athé pejarem de todo os engenhos não chegará a 6 mil caixas.

A safra de tabaco não será tão inferior como a do assucar mas de muyto má qualidade a respeito da continuação da chuva e a pouca sahida deste genero e o exhorbitante preço dos carretos difficulta a sua conducção das partes distantes dos portos do mar.

Da farinha e dos mais fructos comestiveis da terra se não tem experimentado athe agora falta nem augmento no preço porque tudo ha em abundancia.

A Real Pessoa de V. Magestade guarde Deus como seus vassallos havemos mister. Bahia Março 19 de 1728.-Vasco F. Cesar de Menezes.

Dom João etc. Faço saber a vós Fernandes Cesar de Menezes, V. Rey e Capitão General de Mar e terra do Estado do Brasil que se vio o que me respondestes em carta de honze de Mayo deste prezente anno que a duração da invernada que foi e he qual se não experimentou nunca nessa capitania faz com que as fortificações não estivessem mais adiantadas, mas ainda assim vencereis o acabarem-se as obras exteriores do forte de São Pedro e ficando já com principio as interiores e julgaveis que no fim do verão que vinha ficará o dito forte posto na ultima perfeição e defença e no forte do mar se trabalhava com o mesmo cuidado e que o Mestre de Campo Engenheyro com a sua assistencia e aplicação o fazia luzir de maneira que se trabalhava já nos quarteis e praça alta, Me pareceo agradecervos o cuidado e zelo e com que procuraes se adiantem as obras das fortificações dessa praça, esperando de vós e da actividade e promptidão com que vos tendes portado em toda a occazião e em tudo o que pertence ao meu real serviço, continueis com o mesmo fervor e empenho em que as ditas fortificações se ponhão na ultima perfeição para que essa cidade se ache mais defensavel.

El-Rey nosso Senhor o mandou por João Telles da Sylva e Antonio Roiz da Costa, conselheiros do seu conselho ultramarino e se passou por duas vias. Antonio de Cobellos Pereyra a fez em Lisboa occidental a dous de Setembro de mil settecentos e vinte e oito.-André Lopes de Lavre a fez

escrever.

Joam Telles da Silva-Antonio Roiz da Costa.

VOL. II

05

D. João etc.--Faço saber a vós Vasco Fernandes que se vio o que me representastes em carta de quinze de junho deste presente anno de que havia dois mezes que principiarão as chuvas e supposto que não tem sido as que bastão para sc restituirem as fontes ao estado em que se achavão antes da seca, comtudo segurão os naturaes que se continuar thé o mez de Outubro poderá haver hua boa safra de assucar e tabaco e que se experimentara hua grande disformidade na America Portugueza porque em o mesmo tempo que a seca continuava de 13 gráos para o norte era tanta a chuva desta latitude para o sul que para aquella parte fez grande danno o excesso de agoas; e para a outra consideravel prejuizo a falta della e que de toda esta irregularidade procedera a falta de fructos e especialmente a farinha da terra porque nas capitanias do sul e norte está valendo a outo, des e doze patacas o alqueire mas não excede a tres em toda a jurisdicção da Bahia pella antecipada cautella e prevenção que tivestes; e que a Pernambuco e Parahiba que são as capitanias mais necessitadas tinheis soccorrido com bastante porção dellas e da mesma maneyra Sergipe del-Rey Mepareceo dizervos que se vos louva muito o zello com que vos houvestes e a boa providencia que destes para que os povos da Bahia não tivessem a farinha por tão excessivo preço e do cuidado com que acudisies as tres capitanias mais necessitadas. El-Rey nosso Senhor o mandou por Antonio Roiz da Costa e D. Jseph de Carvalho Abreu, conselheiros do seu conselho ultramarino.

Antonio de Cobellos Pereira a fez em Lisboa Occidental a 7 de Outubro de 1721. () secretario, Antonio Lopes de Lavre a fes escrever.

A carta abaixo, de 29 de Março de 1728 demonstra a diminuição da safra do assucar.

Parte de uma carta do Conde de Sabugosa a Diogo de Mendonça Côrte Real de 20 de Abril de 1735

"Ha dous annos que se experimenta nesta capitania e em todo o Estado hua total falta de agoa, por cuja causa se destruirão as plantas e não produ zirão as safras, de sorte que a do tabaco he tão diminuta que não chegará para consumo do estanco, e por essa rezão mandey que se não despachasse para a Costa da Mina e que fosse bom e mau para o Reyno e a a futura será ainda peior, por se não fazer a planta em tempo conveniente, e o mesmo succederá com o assucar, porque aos senhores de engenho foi perciso valerem-se das cannas para sustento das fabricas por estarem extinctos os pastos; ha grande falta de carne e farinha porem esta não tem subido da taixa que The arbitrey e, a não ser assim, estaria ja á tres e a quatro mil reis o alqueire, como succedeu em tempo do Marquez de Angeja e esta mesma falta se padeceu em Angolla, ainda com mayor excesso.

Os generos comestiveis que vierão do Reyno forão tam porcos que forão precisos para o provimento da frota e ficarão estes moradores padecendo a mesma falta que antes da sua vinda experimentavão ".

(Arch. Publ. da Bahia, liv. 32. Ord. reg.-1716).

***

Houve uma epidemia de variola aqui, segundo se deprehende de um dos topicos de uma carta do vice-rei de 28 de Janeiro de 1732.

Parece, porem, que ella foi benigna e pouco se alastrou, ficando limitada a classe mais pobre da população.

As bexigas tem feito estrago nos naturacs e pretos mas fica por ora livre a terra desta oppressão e he quanto se me offerece dizer a V. S. que Deus guarde muytos annos. Bahya e Janeyro 28 de 1732.--Sr. Diogo de Mendonça Corte Real.

Conde de Sabugosa”.

"Cessou a epidemia das bexigas, e fica a terra sem doenças com os mantimentos do Paiz em bom preço e pelo contrario os de Portugal de que ha grande falta. A Real Pessoa de V. Magestade Guarde Deus como seus vassallos havemos mister. Bahya e Fevereiro 29 de 1733.-O Conde de Sabugosa.

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