Pagina-afbeeldingen
PDF
ePub

LIVRO DECIMO

1633

No dia 1o de Janeiro, o commandeur Schuppe regressou da expedição, com os navios e tropas: estiveram ainda em Camaragibe, onde atearam fogo a um engenho e donde trouxeram 33 caixas de assucar.

No dia 4, foi encarregado o navio Swol de ir cruzar em Camaragibe, o barco Oast-Cappel foi mandado em seu logar ao cabo de Santo Agostinho e a barca Itamaracá foi no dia seguinte para o norte.

ou Pedro Alvares, o qual

No dia 5, chegou um tal Pieter Albertsz., trouxe alguns presentes de papagaios e de outras coisas mais para o governador, ao mesmo tempo que uma carta cortez do conde de Bagnuolo, e foi reenviado no dia seguinte.

No dia 6, foi mandado o yacht Muyden para desembarcar em Barra Grande um indio chamado Fernandes, que entretinha esperança de attrahir aos nossos os habitantes da sua nação; e tambem saiu uma chalupa, afim de ir chamar a barca Oost - Cappel e o pequeno Tyger, dos quaes se precisava para uma certa expedição.

No dia 11, á tarde, o yacht Eenhoorn levou aos nossos uma caravela carregada com 350 caixas de assucar, capturada em frente á Parahyba, e que saira do cabo dous dias antes.

No dia 17, chegou ao Recife Jehan Gijsselinghs, com os navios Middelborgh e Lecuwe.

No dia 21, voltou o yacht Ouder-kerk, o qual, tendo sido mandado á ilha de Fernando, passou além da mesma, distrahido, como pareceu, pela caça que deu a um navio de Angola, carregado de negros. Capturando-o, deixou-o seguir pouco depois, de sorte que mal se poude desculpar.

A' tarde, com o director da equipagem, Jan Cornelisz. Licht - hart, embarcaram as companhias de Cloppenburgh, le Grand, du Buffon e Padburgh nos.

navios Overijssel, de Leeuw, de Brack, no barco Sandijck e em cinco botes e chalupas, para fazerem uma expedição ao sul, sob o commando do major Schuppe e do mesmo Licht - hart.

No dia 24, avistaram uma caravela no mar, para a qual se dirigiu o yacht Vos; mas teria ella escapado, si o yacht Naerden, cruzando perto dalli, não tivesse chegado e a não capturasse. Essa caravela estava carregada de vinho e azeite.

No dia 25, chegou o navio Blaeuw Leeuw, do cruzeiro em frente á ilha de Santo Aleixo, e foi mandado em seu logar o navio Graef Ernest. O major Schuppe tendo partido do Recife no dia 23, com cerca de 500 homens, tomou o rumo do Rio Formoso, onde entrou no dia seguinte, pelas tres horas da tarde, com os botes, e desembarcou em um braço do rio, a cuja margem sul se achava o forte; marchou immediatamente dalli para o monte, que dominava o forte, e investiu bravamente contra elle, escalando-o, apezar dos seus fossos regulares e das suas muralhas escarpadas. Toda a guarnição que ahi se achava foi passada a fio de espada, exceptuando-se dous soldados que fugiram a nado, e o capitão do forte, de nome Pedro de Albuquerque, ao qual aprisionaram e que, segundo disse, era parente afastado do governador Mathias de Albuquerque. Esse official e o capitão Philibert du Busson, que, ao assaltar o forte, foi ferido á bala perto do pescoço, atravessando-lhe esta o ouvido, foram mandados para o Recife, assim como quatro canhões de ferro, que alli encontraram. Esse valente e bom capitão morreu pouco depois de tetano ou convulsões (um mal que no paiz sobrevem subitamente aos feridos). Sua morte foi muito sentida pelos nossos, devido às suas boas qualidades e experiencia do commando.

No dia 27, voltou o barco Spieringh, que se desviara da sua estação, devido a ter dado caça a uma caravela, que se escapou. E, no dia 30, regressou o commmandeur Smient, sem nada haver conquistado.

No dia 6, o Haringh chegou da Hollanda. No dia 2 de Fevereiro, o navio Middelburgh fez-se á vela, para cruzar na Bahia com os outros navios, eo Phoenix e Spieringh voltaram para defronte da Parahyba.

No dia 4, partiu o sr. Gijsselingh, com Walbeeck, para Itamaracá, afim de restabelecer a ordem alli, voltando ambos no dia 7. No mesmo dia regressaram ao Recife os navios que estiveram em expedição no sul, de cujos feitos já demos antes a descripção, á qual agora juntamos o que se passou depois: O inimigo, logo que viu entrar no rio os nossos botes, poz a pique uma barca carregada de assucar, e que estava surta mesmo em frente ao forte. Depois, suspeitando que os nossos subissem mais o rio, puzeram a pique outras tres; e, como parecia que não afundavam, atearam-lhes fogo, assim como a um armazem cheio de assucar, que havia alli proximo; de sorte que os nossos só puderam obter seis caixas de assucar, as quaes mandaram embarcar juntamente com quatro canhões de ferro (que estavam em uma bateria junto ao fortim) e, depois de arrasarem o fortim, sairam outra vez do rio e navegaram mais para o sul. Desembarcaram a gente um pouco ao norte do rio, ao qual chamam Santo Antonio Grande, com a intenção de marchar directamente

dalli para a bateria; mas, chegando ao rio, viram que ella se achava do outro lado, de modo que tiveram de atravessal-o e tomaram o reducto. Havia seis navios inimigos, que deixaram tremular as bandeiras e se mostravam como que desejosos por combater, havendo entre elles um provido de 10 canhões e outro de quatro. Eram navios inglezes, que atiravam valentemente contra os nossos, de forma que um navio francez, que estava proximo destes, foi tão baleado, que teria de submergir-se, si os nossos não houvessem tapado as brechas em tempo; mas voltando do interior os nossos e atacando-os valentemente, os tripulantes fugiram e os navios foram queimados, tanto pelo inimigo, como pelos nossos, exceptuando-se o navio francez, donde tiraram 40 pipas de vinho, tendo-se conseguido dos navios e de terra apenas 104 caixas de assucar. Não distante dalli havia um engenho de assucar, cujo proprietario mandou o filho pedir humildemente aos nossos que poupassem a sua propriedade, promettendo negociar no futuro com os nossos o seu assucar, porém que agora não tinha nenhum; o que lhe sendo concedido, mandon no dia seguinte muitos refrescos. Dahi foram visitando Camaragibe e outros pequenos portos onde destruiram ainda dous navios; de modo que causaram ao inimigo nessa expedição a perda de 13 navios, na maior parte carregados.

Voltaram ao porto do Recife no dia 7 de Fevereiro e ter-se-iam demorado por mais tempo, si não fôra faltar-lhes no fim o pequeno barco que levava as provisões. No mesmo dia partiu o yacht Eenhoorn, para cruzar nas proximidades do Cabo, e o Bonte - koe chegou da Republica; assim como no dia 10 entraram o navio Goude Leeuw, de Groninga, trazendo uma barca hespanhola, capturada, carregada de vinho e azeite, e o Witte Duyf. O navio Overyssel e o barco Sandyck e Oost - Cappel fizeram-se á vela á tarde, para cruzarem em Rio Formoso e mais ao sul. E, no dia 12, sairam o yacht Naerden, para cruzar no sul, e o novo Tijger, ao norte.

No dia 13, voltou o Swol, havendo cruzado perto de Camaragibe, em cuja vizinhança dera combate a um navio hespanhol de grande porte, com 28 canhões e numerosa tripulação. Descarregaram-lhe os nossos por cinco vezes todos os canhões de um bordo e tel-os-iam capturado, se não fôra perderem, por um tiro desastrado, todo o cordame e mastro de mesena.

No dia 19, chegou o yacht Itamaracá, com um navio capturado, carregado com 223 caixas de assucar e alguns quintaes de pau - brasil.

No dia 22, embarcaram-se as companhias do capitão Bijma, Everwijn e Rinkingh, nos navios Swol, de Brack e de Vos, navegando depois para o norte. Descreveremos mais tarde os seus feitos. No mesmo dia, chegou da Republica o Vyge - Boom.

No dia 23, entrou no porto o barco Spieringh, com uma caravela capturada, carregada com cerca de 200 pipas de vinho e generos seccos, a qual foi apresada junto á Parahyba.

No dia 25, partiram novamente o Phoenix e o Spieringh para os seus postos antigos.

No dia 28, chegaram, a chamado, o Fama e o Muyden, de cuja expedição ainda falaremos. O commandeur Jan Mast fòra mandado, desde o dia 9 de

Janeiro, com o Oost-Cappel, o pequeno Tijger, o Boyer e alguns botes grandes, para cortar lenha perto do canal norte da ilha de Itamaracá, afim de prover tanto os do Recife como os do forte de Itamaracá, que já começavam a sentir necessidade della. Havendo-o notado, o inimigo foi para a extremidade norte da ilha, onde se entrincheirou e montou um canhão; mas, vendo que não podia embaraçar os nossos com os seus tiros, abandonou a posição. O inimigo tambem assentara em certo monte, situado a alguma distancia do nosso forte, tres canhões de bronze, atirando 16 e 20 libras de ferro, e abriu fogo com elles no dia 25 de Dezembro do anno passado. Mas, vendo que nenhum mal nos causavam com isso, elles mesmos desmancharam a bateria, depois de haver atirado 420 tiros sobre os nossos, dos quaes apenas 45 balas acertaram no forte sem fazer damno; pois os nossos altearam daquelle lado quatro pés e meio e fizeram algumas travessas, não sabendo o que o inimigɔ faria depois.

O governador Albuquerque mandou espalhar uma circular em francez e inglez pelas circumvizinhanças dos nossos fortes, induzindo os nossos soldados a desertar, offerecendo grandes soldos aos que ficassem servindo com elle, e promettendo mandar nos primeiros navios os que se quizessem repatriar.

Os nossos pagaram-lhe na mesma moéda e mandaram egualmente espalhar cartas, tanto nas cercanias do Recife, como nas de Itamaracá.

O governador, coronel Wardenburgh (obtendo, a seus instantes pedidos, licença da Assembléa dos XIX), apromptou-se para partir, junto com o tenente-coronel Engelbert Schut, os majores Redinchoven e Berster, o conselheiro politico Walbeck e outros officiaes de menor patente. Os soldados, que terminaram o praso de tres annos, tambem mostravam muito pouca disposição de ficar, e os srs. delegados viram-se embaraçados, mas sempre descobriram um meio de fazel-os demorar. Partiram, entretanto, com o governador e officiaes, uns 500 soldados, numero maior de que podiam dispensar na occasião; foram-lhes dados para transporte os navios Blauwe Leeuw, Eendracht de l'eer, Haringh, a presa S. Pedro e a barca Itamaracá.

No dia 1o de Março, voltaram os navios sob o commando do capitão Bijma, dos quaes falamos atrás, tendo corrido a expedição da fórma seguinte: A nossa gente desembarcou no mesmo rio e marchou por terra até junto do Porto Francez, destruindo e incendiando todas as casas e construcções; e seguindo um tanto para o interior, incendiaram e arrasaram em caminho tres engenhos, assim como outros bellos edificios. Ao regressarem, passaram por Catuamba, onde surprehenderam uma caravela com 120 caixas de assucar, atacando aos tripulantes ainda mal despertos, e levaram-na até ao mar c dahi ao Recife.

No dia 2, partiu o yacht T'os, para cruzar em frente a Santo Aleixo. No dia 4, partiu o Fama novamente para a Bahia, e o Zutphen voltou novamente ao porto.

No dia 8, partiu para a Republica o coronel Wardenburgh, juntamente com outros officiaes, e lá ficaram ainda 2.900 soldados; tendo sido embarcados

250 na esquadra, que foi mandada para as Indias Occidentaes e de cujos feitos falaremos mais tarde.

Os srs. directores delegados, havendo pesado bem as qualidades e meritos de todos os officiaes superiores, nomearam: coronel, ao major Laurens van Rembach; tenente - coronel, Sigismundo van Shuppen; sargentos - móres Balthasar Byma, Daniel Padburgh e Pierre le Grand. Todas as companhias ficavam sob o commando desses officiaes.

No dia 13, o navio Witte Leeuw fez-se á vela, para ir vigiar perto da ilha de Santo Aleixo, e o yacht Vos foi encarregado de ir para o sul.

No dia 14, a companhia do capitão Maulpas, nomeado commandante do forte de Itamaracá, embarcou-se no Oost - Cappel, Sandijck e Jongen Tijger, afim de ser transportada para lá, levando, além disso, ordem de tirar vantagens sobre o inimigo, em Catuwamba e na sua vizinhança, e prover o Recife de lenha. Por esse tempo chegou novamente um enviado dos tapuyas, o qual já estivera aqui no anno passado e fora transportado ao Ceará pelo navio Nieuw Nederlandt. Veiu ainda da parte dos tapuias esforçar-se por fazer alliança com os nossos, offerecendo, além disso, todo auxilio e assistencia contra os portuguezes e, no caso em que os nossos desembarcassem com força sufficiente a uma legua ou duas ao sul do Rio Grande e os esperassem, viriam com toda a sua gente e marchariam com os nossos para expulsar do paiz os portuguezes. Mas, estando passada toda a estação do verão, não convinha mandar os navios para a costa norte do Brasil, e não se podia, portanto, tirar proveito algum desta proposta.

Os srs. delegados, tendo posto tudo em bôa ordem e provido as tropas dos chefes necessarios, deliberaram particularmente sobre O melhor modo de prejudicar ao inimigo e abrir caminho para a segurança da conquista, e unanimemente resolveram primeiro atacar o acampamento dos Afogados, onde o inimigo estava entrincheirado, sendo aquelle ponto a chave da Varzea, que é a melhor terra da capitania de Pernambuco, pois só ella tem quasi tantos engenhos quantos os outros districtos reunidos, e acreditando ficmemente que o governador Mathias de Albuquerque collocara o Arraial alli, para a conservação daquella região.

O entrincheiramento em Afogados estava mesmo no caminho entre ว Arraial e o cabo de Santo Agostinho, de maneira que, apoderando-se delle e mantendo-o, difficultariam muito ao inimigo as communicações entre os seus principaes logares. E por elle poderiam dar batidas á vontade neste bello e rico districto, assim como por elle conseguiram uma grande entrada, para penetrar sem impedimento no interior do paiz. Acharam assim o projecto muito praticavel, por estar aquelle sitio tão perto dos nossos.

Ficando resolvida a empreza e havendo-se apromptado o mais depressa possivel todo o necessario, os srs. delegados partiram no dia 17, ás 11 horas da noite, de Antonio Vaz, no Recife, com o tenente - coronel Schuppe e as companhias de ss. cex., a do tenente-coronel e do major le Grand, e mais adeante, encontraram as outras companhias em armas. Depois de descansar até ás duas horas da madrugada, o coronel marchou com as companhias dos

A.

1. B. 38

38

« VorigeDoorgaan »